Geopolítica da Copa do Mundo

Garrincha prepara-se para driblar, na Copa do Mundo da Suécia, em 1958

Brasil organiza torneio no momento exato em que mídia ocidental, ressentida, tenta demonizar BRICS. Mas países do Sul serão capazes de propor ordem global alternativa?

Por Pepe Escobar | Tradução: Vila Vudu

Numa das imagens que, até aqui, definem a Copa do Mundo, vê-se a Mannschaft alemã – a seleção alemã de futebol – confraternizando com índios pataxó, a poucas centenas de metros de distância de onde o Brasil foi “descoberto”, em 1500. Praticamente, um redescobrimento dos trópicos exóticos.

E há também a seleção inglesa, deitando e rolando à beira-mar, numa base militar, com o Pão de Açúcar como deslumbrante pano de fundo, sob uma parafernália de equipamentos e respectivo especialista científico em umidade e ventiladores industriais (afinal, haverá o “Duelo na Selva” contra a Itália, no próximo sábado, “nas profundezas da Floresta Tropical Amazônica”, como dizem tabloides britânicos.) Continuar lendo

A estratégia da Rússia e a inércia dos EUA no Egito, na Síria e na Líbia

2014 começou mal para a Casa Branca, que teve de baixar seu elmo imperial diante da Rússia, primeiro nas reuniões do Conselho de Segurança da ONU e depois nas negociações sobre a Síria; na região, o Egito voltou a se relacionar com a Rússia, enquanto na Líbia, o principal aliado dos EUA saiu do cenário político após o fracasso da intentona golpista de 13 de fevereiro

Achille Lollo

Quando o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, declarou diante das câmaras da CNN e da CBS que não seria mais candidato à sucessão de Obama, todo o mundo entendeu que algo estava acontecendo na cúpula do Partido Democrata, em função da inércia política com a qual Barack Obama e o próprio John Kerry se empenharam nas questões internacionais e em particular no Oriente Médio.

Uma inércia que por um lado tomou conta da diplomacia estadunidense, sobretudo após o escândalo da espionagem da NSA e que, por outro lado, engessou a dinâmica geoestratégica que o próprio Obama queria introduzir nas principais áreas críticas, nomeadamente: o Egito, a Síria e a Líbia. Continuar lendo

Síria: por que Assad não cai

Guerra civil recrudesce, e ONU condena tirania, mas Immanuel Wallerstein analisa: pressão internacional por sua derrubada não passa de retórica

Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Antonio Martins

O presidente sírio, Bachar al-Assad suporta o peso de ser um dos homens menos populares no mundo. É apontado como tirano – um tirano muito sangrento – por quase todos. Mesmos os governos que se recusam a denunciá-lo parecem aconselhá-lo a conter a repressão e fazer algum tipo de concessão política a seus oponentes internos. Continuar lendo