Emprego e Nível de Atividade

INTRODUÇÃO

O gráfico abaixo evidencia que períodos de elevado crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) são acompanhados de redução no nível de desemprego e vice-versa.

O objetivo deste módulo é apresentar didaticamente alguns conceitos necessários para o entendimento desta relação: crescimento econômico, mensurado principalmente pela variação do PIB, e nível de emprego.

1) PIB E EMPREGO

O PIB é o valor agregado de tudo aquilo que é produzido em território nacional – por empresas nacionais ou estrangeiras, famílias e governo – em um determinado período. A magnitude do mesmo é um importante indicador para avaliar a atividade econômica do país.

O PIB é também um fator determinante do nível de emprego da economia: há aumento do nível de emprego quando a taxa de crescimento do PIB supera o aumento da produtividade do trabalho (que significa um mesmo indivíduo produzir mais num mesmo espaço de tempo), sendo assim deve ocorrer uma queda na taxa de desemprego, de forma que o mercado de trabalho consiga absorver não somente os desempregados, mas também os novos entrantes.

A seguinte equação representa as variáveis que compõem o cálculo do PIB pela ótica do dispêndio (o PIB pode ser calculado através de três diferentes óticas, abordadas no quadro 1):

Analisemos, agora, cada uma das variáveis separadamente e seus efeitos na relação com o nível de emprego:

Consumo das Famílias:

As famílias destinam uma parte de sua renda ao consumo de bens e serviços, e a outra parte é destinada à poupança. As famílias de baixa renda, tendem a consumir proporcionalmente mais de suas rendas. Destaca-se, então, a importância de uma distribuição de renda eqüitativa no país, pois se aumentarmos a renda das famílias mais pobres, elas poderão consumir mais, e com isso as empresas terão que produzir mais para suprir as demandas por bens e serviços das pessoas. Isto gerará um maior nível de emprego, pois as empresas necessitarão de mais empregados. Enfim, o aumento do consumo, aumenta o PIB, que aumenta o nível de emprego, e por conseqüência aumentará a renda das famílias. No entanto, o ideal é que as famílias não consumam a totalidade de suas rendas, guardando uma parte para a poupança, pois é através dela que pode se efetuar o investimento (explicação no próximo tópico) que gerará todo o movimento descrito acima.

Investimento das Empresas:

O Investimento das empresas é uma das mais importantes variáveis para o crescimento de um país. Ao investirem, as firmas elevam o nível de emprego, produto e renda.

As indústrias, na maioria das vezes, não possuem recursos suficientes para realizarem seus planos de investimento e, com isso, precisam recorrer a empréstimos junto às instituições financeiras, pagando uma determinada taxa de juros pelo dinheiro que tomam emprestado. Ao fazerem seus planos de investimento as empresas calculam, aproximadamente, a rentabilidade que tal investimento vai lhes proporcionar. Caso a lucratividade do investimento seja maior que os juros que deverão ser pagos pelo financiamento, a empresa realizará seus planos; caso contrário tal investimento torna-se inviável. Portanto, para que exista um nível de investimento elevado na economia é necessária uma política de juros favorável à atividade produtiva.

Além disso, as empresas tão somente realizam investimentos quando há um ambiente onde haja expectativas de ganhos futuros. Portanto, em um ambiente recessivo, onde tal condição não existe, os empresários tendem a entesourar moeda como forma de se proteger da crise. Cabe, portanto, ao Estado proporcionar um ambiente macroeconômico propício que incentive o investimento privado.

Gasto público:

Ao fazer obras, construir, operar suas estatais, etc. o governo emprega mais pessoas, expande o nível de emprego e, ao mesmo tempo, dá condições para que as empresas produzam mais. Assim, ao comprar e produzir mais, o governo causa uma elevação da produção e do nível de emprego, aumentando o nível de renda da economia. O poder público, além de elevar seus gastos, pode diminuir a tributação (o que aumentaria além da renda disponível das famílias para o consumo, o nível de investimento da economia) ou aumentar a transferência de renda para as famílias.

Exportação líquida:

É a diferença entre as exportações e as importações do país. Quanto maior o saldo, maior a produção em território nacional e, por conseguinte, maior o nível de emprego e de crescimento econômico. Em contraposição, quanto menor o saldo, menor o nível de emprego, pois com a crescente participação das importações há um desestímulo à produção nacional. É óbvio que nenhum país se exclui totalmente do comércio internacional, mas o ideal é manter um superávit na balança comercial. Vale ressaltar que nenhuma economia mantém-se sempre superavitária havendo a necessidade de um mercado interno bem estruturado para que não ocorra uma redução na taxa de crescimento do PIB quando as exportações diminuírem.

O crescimento econômico, embora seja uma variável chave, não é capaz de determinar ou mensurar o desenvolvimento do país.

Para tal fim, são utilizadas outras variáveis, como o PIB per capita, que consiste na divisão do PIB pela população do país. Esse índice é melhor elaborado que o anterior, pois considera o tamanho da população do país, mas por se tratar de uma média simples, acaba por desconsiderar uma questão crucial, que é a distribuição de renda. O Brasil, por exemplo, possuiu um produto per capita de R$ 8,564 em 2003, segundo o IBGE, no entanto, 20 % da população mais pobre do país possuía 2,5% da renda nacional e 20 % mais ricos possuía 63,8% da renda nacional. Nota-se a discrepância entre as taxas e principalmente a ineficiência do produto per capita para a análise da distribuição de renda.

A verdade é que para analisar o desenvolvimento necessitamos de indicadores ainda mais elaborados, que considerem a qualidade de vida da população, distribuição de renda, nível de escolaridade, etc.

2) A TAXA DE DESEMPREGO:

Antes de apresentarmos como é realizado o cálculo da taxa de desemprego, é necessário compreender o funcionamento do mercado de trabalho.

Podemos definir mercado como o local onde vendedores e compradores efetuam trocas de mercadorias. Dessa forma, o mercado de trabalho nada mais é que um tipo específico de mercado, onde existem, de um lado, pessoas que estão dispostos a vender sua força de trabalho (trabalhadores) e, do outro, aqueles que estão dispostos a pagar pela força de trabalho alheia (capitalistas).

O conjunto de todos os trabalhadores dispostos a vender sua força de trabalho forma a População Economicamente Ativa (PEA). Esse dado agregado é um dos componentes necessários para a realização do cálculo do índice de desemprego.

Em termos gerais, o cálculo da PEA é feito da seguinte forma: diminui-se da população total da região analisada (cidade, estado, país, etc) o montante de pessoas que estão inaptas a trabalhar devido à insuficiência ou excesso de idade. Como resultado tem-se a População em Idade Ativa (PIA). Mas nem todas as pessoas que compõem a PIA estão dispostas ou disponíveis a entrar no mercado de trabalho (dentro da PIA encontramos estudantes, encarcerados, militares, etc.). Por fim, ao retirarmos da PIA esse grupo de pessoas, tem-se a PEA.

Dentro da PEA existem ainda aquelas pessoas que se encontram ocupadas (empregadas) e aquelas que estão desempregadas, mas à procura de uma atividade para exercer. A taxa de desemprego é, portanto, a relação (divisão) entre a o número de trabalhadores desempregados dispostos e a PEA.

No ano de 2004, por exemplo, a taxa de desemprego da região metropolitana de São Paulo calculada pelo DIEESE foi de 18,82%. A leitura desse dado pode ser efetuada da seguinte forma: em cada 100 trabalhadores, aproximadamente 19 estão desempregados.

Além da taxa, é necessário compreender alguns tipos de desemprego e suas respectivas características, pois assim tem-se uma melhor visão dos diferentes efeitos que cada tipo de desemprego representa na flutuação desta taxa.

Desemprego sazonal:

É uma forma de desemprego que se limita a algumas épocas do ano, como por exemplo, nas entressafras.

Desemprego Friccional:

Esta forma de desemprego decorre da própria dinâmica do mercado de trabalho. Origina-se da saída de trabalhadores de seus empregos a procura outros melhores, das crises enfrentadas pelas empresas que acabam por demitir funcionários, ou porque os trabalhadores levam algum tempo até encontrar um emprego.

Desemprego estrutural e/ou tecnológico:

É ocasionado por mudança nos padrões tecnológicos e na demanda dos consumidores. É a automação de vários setores, em substituição à mão de obra humana, por exemplo, caixas automáticos tomam o lugar dos caixas de bancos, fábricas automatizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem datilógrafos e contadores.

Desemprego cíclico:

Surge nos períodos onde ocorre recessão econômica.

CONCLUSÃO

Percebe-se que o nível de atividade é um importante mecanismo para compreensão do funcionamento da política econômica, pois através do mesmo podemos analisar os níveis de crescimento de uma determinada economia. Nesta apostila o PIB foi a variável escolhida para a mensuração deste crescimento. E além do mais também é abordado quais são as implicações da composição da variável PIB no nível de emprego em determinada economia demonstrando que quando há uma elevação na taxa do PIB, ocorre um aumento no nível de emprego.

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