Entenda o mundo da fé: a diferença de crenças e práticas das principais religiões

Em meio a tantos cultos e crenças, é comum confundir divisões e ramificações de cada religião. Especialistas explicam o que prega cada uma dela e os principais termos usados pelos fiéis

LEONARDO QUARTO

Ter uma religião é um fato comum aos humanos desde o princípio da espécie

Ter uma religião é um fato comum aos humanos desde o princípio da espécie

No Brasil existem aproximadamente 125 milhões de católicos, 18 milhões de pentecostais e cerca de 8,5 milhões de protestantes. Outras religiões como Islamismo, Judaísmo, Budismo, Espiritismo e mais uma série de credos e cultos somam 5,4 milhões de fiéis. Antes de fechar essa conta, é preciso dizer que aqueles que alegam não ter nenhum credo chegam a 12 milhões em todo o país.

Com tantos cultos, missas e todo tipo de encontro que reúna um grupo determinado a cultivar uma fé é comum fazer confusão. Por exemplo, poucos conhecem a diferença entre protestantes e pentecostais. Ou ainda, o que difere o Judaísmo, uma das primeiras religiões do mundo, do Cristianismo? As dúvidas não param. É possível saber de cor o nome das 16 entidades cultuadas pelos seguidores do Candomblé? E mais, quando surgiu o Espiritismo? Quais são suas características centrais?

Para responder a essas e mais algumas perguntas de quem tem curiosidade de conhecer o mundo da fé, a reportagem do portal Gazeta Online ouviu uma série de teólogos, babalorixás, espíritas, judeus, filósofos e consultou ainda a literatura da área para apresentar para o leitor um pequeno dicionário com alguns dos termos usados pelas religiões mais cultuadas no mundo. Continuar lendo

Viagem a uma terra de cidades conflagradas

Relatora da ONU para o Direito à Moradia começa a narrar o que viu numa missão de duas semanas pela Palestina e Israel – com seus assentamentos humanos tão próximos e tão contrastantes

Por Raquel Rolnik, em seu blog

Entre os dias 29 de janeiro e 12 de fevereiro, visitei algumas cidades em Israel e na Palestina, como Relatora da ONU para o Direito à Moradia Adequada. Em uma área de menos de 40 mil quilômetros quadrados, numa terra disputada milímetro a milímetro, estas cidades se debatem entre muros e fronteiras. Continuar lendo

Síria: por que Assad não cai

Guerra civil recrudesce, e ONU condena tirania, mas Immanuel Wallerstein analisa: pressão internacional por sua derrubada não passa de retórica

Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Antonio Martins

O presidente sírio, Bachar al-Assad suporta o peso de ser um dos homens menos populares no mundo. É apontado como tirano – um tirano muito sangrento – por quase todos. Mesmos os governos que se recusam a denunciá-lo parecem aconselhá-lo a conter a repressão e fazer algum tipo de concessão política a seus oponentes internos. Continuar lendo

ESPECIAL FENÔMENOS CLIMÁTICOS – textos sobre alguns conceitos e fenômenos climáticos mais comuns

ESCLARECENDO ALGUNS CONCEITOS

  • TEMPO E CLIMA

É muito comum haver confusão entre o que é tempo e o que é clima. Porém, estes são dois fenômenos diferentes, mesmo que se encontrem inter-relacionados.

No dia-a-dia, a previsão do tempo é a estimativa do que se espera que ocorra em termos de temperatura e de precipitação pluvial em um curto período. Nesse sentido o tempo está constantemente mudando: em um certo dia pode fazer sol pela manhã, mas chover pela noite ou podemos ter uma semana chuvosa e outra ensolarada. Já a sucessão dos tipos de tempo registrados por um determinado período é o clima. Assim, para definir o clima com maior exatidão, é necessário considerar a média das variáveis climáticas em um longo período.

  • AQUECIMENTO GLOBAL OU MUDANÇAS CLIMÁTICAS?

As mudanças do clima e o aquecimento global estão inter-relacionados, mas não são o mesmo fenômeno. Como vimos, é natural que a Terra passe por alterações climáticas, esfriando e esquentando em diferentes momentos. Em séculos passados, lagos ficaram anos congelados na Europa e longos períodos de clima estável foram sucedidos por glaciações. Outra confusão comum é pensar que qualquer evento atípico ou extremo é resultado da mudança do clima. Se, por exemplo, há um inverno muito rigoroso, ou um período muito quente, isso não significa que esteja ocorrendo uma mudança climática, pois na história do planeta sempre houve extremos de frio e de calor, independentemente desse tipo de fenômeno.

Já o aquecimento global, no contexto dos debates atuais, é realmente um aumento da temperatura além do natural – e da capacidade da atmosfera em reter calor. Em resumo, a questão do aquecimento da Terra está diretamente relacionada à quantidade de energia que entra (via radiação solar) e sai (via calor) da Terra.

Aí entra em cena a polêmica sobre as causas desse aquecimento: qual parcela diz respeito às causas naturais e qual resulta da contribuição das atividades humanas, com o progressivo aumento na concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera nos últimos 150 anos. Continuar lendo

A TV pode ser cidadã?

Por Ricardo Santos

Criada em 1936 e massificada após 1945, a televisão é o maior veículo midiático da atualidade. Em 1950, Assis Chateaubriand trouxe o primeiro canal para o Brasil: a Rede Tupi. Hoje, muita coisa mudou. Nossa TV é, inegavelmente, de primeiro mundo e é uma das melhores do planeta. Ainda assim, tem problemas. Por aqui, as concessões estão nas mãos de uma burguesia sintonizada com o poder. É por isso que não quer mudanças na estrutura de mando, afinal, se alimenta e beneficia dele. Resultado: a mídia nos vê, apenas, como alienados e meros consumidores de seus produtos. Continuar lendo

A Planta mais velha do Mundo

Trinta mil anos atrás, um esquilo siberiano da espécie Urocitellus parryii coletou sementes e frutos de uma planta chamada Silene stenophylla e os levou para sua toca subterrânea. O que aconteceu com o esquilo depois disso, não se sabe. Mas o material vegetal que ele coletou ficou preservado no solo congelado (permafrost) da tundra siberiana. E agora, 30 mil anos depois, cientistas russos descongelaram essas sementes e frutos e trouxeram a planta de volta à vida no laboratório. Literalmente. Continuar lendo

A verdade que se desmancha no ar

Por Carlos Brickmann

A experiência se realizou no Campus Party, em São Paulo: um blogueiro, para demonstrar o poder das redes sociais, divulgou a falsa notícia da morte do Seu Barriga, personagem de TV do seriado Chaves. Muita gente acreditou, retuitou, e em poucos instantes estava entre as notícias internacionalmente mais divulgadas do Twitter (na linguagem tuiteira, segundo lugar entre os trending topics). A experiência continuou: alteraram até a página da Wikipédia sobre o ator. E ninguém pôs em dúvida a notícia. Até portais de grandes empresas se limitaram a transcrevê-la, sem qualquer tipo de verificação. Continuar lendo

Vulcões: o fogo mortal

Existem no mundo 700 vulcões ativos, mas apenas 60 deles entram em erupções todos os anos e fazem os seus estragos. Mais de 240 mil pessoas já morreram por causa de suas explosões. Vulcões são responsáveis por várias histórias trágicas da humanidade. Eles podem matar até uma cidade inteira, mas são tão venerados que a décima parte da população mora nos arredores de algum deles

por Priscila Gorzoni*

O relato a seguir é baseado em fatos reais e foi retirado do documentário Desastres Naturais, da Discovery.

“A minha casa ficava aqui, mas em 1981 ela foi arrastada pela lava. Saí aquela noite e quando voltei já não havia mais nada. Vi o policial civil e o cumprimentei e fui em frente. Quando ele me olhou e disse, não precisa ir mais à frente, lá não existe mais nada, guardei as chaves de casa. Às vezes, venho até aqui e me lembro que um dia já tive uma casa.” Esse é o relato de um sobrevivente do vulcão Etna, na Sicília. Continuar lendo

Os calendários

Os calendários possuem uma origem muito antiga que vem desde o início das atividades agrícolas humanas, onde havia a necessidade de se prever as estações do ano e os melhores períodos para o plantio

por Valter Cassalho*

Pintura de um Calendário Romano, antes da reforma juliana. Uma curiosidade é a presença dos meses Quintilis e Sextilis, e a possibilidade de inserção de um mês intercalar.

Pintura de um Calendário Romano, antes da reforma juliana. Uma curiosidade é a presença dos meses Quintilis e Sextilis, e a possibilidade de inserção de um mês intercalar.

O homem passou a observar o céu e pôde perceber a regularidade da posição e transcursos dos astros e outros corpos celestes, principalmente a lua, com uma contagem de tempo entre duas luas novas com um período de vinte e nove dias e meio, estabelecendo assim nossa primeira noção de mês. Continuar lendo

As duas faces do Estado

É possível falar em nome do bem público, do que é o bem público, e, ao mesmo tempo, apropriar-se dele. Esse é o princípio do “efeito Janus”: há pessoas que possuem acesso ao privilégio do universal, mas não é possível ter o universal sem ao mesmo tempo monopolizar o universal

por Pierre Bourdieu

Descrever a gênese do Estado é descrever a gênese de um campo social, de um microcosmo social relativamente autônomo no interior de um mundo social abarcador, onde se joga um jogo particular, o jogo político legítimo. Um exemplo é a invenção do Parlamento, lugar onde os problemas que opõem grupos de interesses conflitantes são alvo de debates públicos realizados segundo formatos e regras específicas. Marx analisou apenas os bastidores: o recurso à metáfora do teatro, à teatralização do consenso, mascara o fato de que existem pessoas que manipulam os cordéis das marionetes, e que as verdadeiras apostas, os poderes de fato, estão em outro lugar. Retomar a gênese do Estado é retomar a gênese do campo onde a política se desenrola, se simboliza, se dramatiza em suas formas características. Continuar lendo