Löwy: Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia

Por Michael Löwy

A ascensão do neonazismo na Europa e nos EUA tem sido relegada a um segundo plano pelas forças progressistas

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para o sociólogo Michael Löwy, em artigo traduzido pela jornalista Úrsula Passos, o discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.

Leia, a seguir, a íntegra do artigo: Continuar lendo

4 novos países que podem surgir em 2014

Quatro consultas populares, similares às da Crimeia, estão marcadas para esse ano – e podem resultar em novas nações

Manifestantes marcham pelas ruas de Barcelona em 11 de setembro, Dia Nacional para o povo catalão, que exige referendo para independência da Espanha: região é uma das quatro com consulta popular marcada para 2014

A população da Crimeia participou de um referendo no último dia 16 e escolheu em massa a Rússia em vez da Ucrânia: 93% optaram por voltar a fazer parte do império russo.

No mundo, quatro consultas parecidas estão marcadas para 2014.

Se o povo desses lugares votar a favor da independência, quatro novas nações poderiam surgir no mapa-múndi – o que dependeria, é claro, da “boa vontade” do governo central e de todo o processo legal necessário.

Veja a seguir onde sopram os ventos do separatismo: Continuar lendo

De nazismo a fascismo

A extrema-direita cresce em vários países, a começar pelo Aurora Dourada na Grécia. Hoje o FN de Marine Le Pen é o maior partido da França

Apoiadores do partido Aurora Dourada protestam em Atenas contra a acusação a membros do partido de crime organizado, em 2 de outubro

Nikos Michaloliakos, o líder do partido grego Aurora Dourada, aguarda julgamento atrás das grades. Se provados elos diretos do deputado extremista com a morte do músico Pavlos Fyssas a 18 de setembro em Atenas, o sombrio matemático de 56 anos e mais uma caterva de colegas passarão anos atrás das grades.

Enquanto isso, na quinta-feira 10 a capa do semanário francês Le Nouvel Observateur estampou a foto de Marine Le Pen, líder da legenda de extrema-direita Frente Nacional (FN), com outra espantosa notícia: segundo uma sondagem do Ifop para o semanário, 24% dos franceses votarão na FN nas eleições europeias, em maio de 2014. Portanto, a FN terá mais votos do que as duas maiores legendas francesas, o Partido Socialista e a conservadora União por um Movimento Popular (UMP). Marine Le Pen poderá se tornar a líder do maior partido da França. Nesse caso seria previsível uma nova eleição presidencial semelhante àquela de 21 de abril de 2002, quando o pai de Le Pen, Jean-Marie, disputou o segundo turno contra o conservador Jacques Chirac. Detalhe: Marine Le Pen terá mais chances de levar a melhor nas próximas presidenciais.

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Um ano difícil para os governos progressistas da América Latina

Chega ao fim um ano que apresentou importantes dificuldades para os governos progressistas de nossa região. O caso mais emblemático é o venezuelano.

Ariel Goldstein

Chega ao fim um ano que apresentou importantes dificuldades para os governos progressistas de nossa região. Ao final do ano, o triunfo de Michelle Bachelet no Chile foi uma das poucas notícias positivas para a esquerda regional. O caso mais emblemático no que diz respeito à debilidade que mostram certos processos políticos é o venezuelano. A polarização vivida no país, a política de trincheiras entre chavistas e antichavistas, acentuada a partir da vitória apertada de Nicolas Maduro nas eleições de 14 de abril, se soma a uma crise econômica com efeitos inflacionários, de modo que será preciso seguir observando esse processo político com atenção para avaliar as suas possibilidades de continuidade.

No Equador, no início do ano, houve uma vitória folgada de Rafael Correa nas eleições presidenciais. Correa é uma liderança que combina o manejo de qualidades tecnocráticas com as virtudes do líder carismático, duas condições difíceis de encontrar juntas. A direção do processo político equatoriano encontra-se firme. Continuar lendo

O Brasil e a África negra

Para ampliar presença africana, país enfrentará dois grandes obstáculos: concorrência de potências globais e preconceito de nossas elites brancas

Por José Luís Fiori

Ao incluir a África dentro do seu “entorno estratégico”, e ao se propor aumentar sua influência no continente africano, o Brasil precisa ter plena consciência de que está entrando num jogo de xadrez extremamente complicado. Porque já está em pleno curso – na segunda década do século XXI – uma novas “corrida imperialista”, entre as “grandes potências”, e um dos focos desta disputa é, mais uma vez, a própria África. E não é impossível que as velhas e novas potências envolvidas na disputa pelos recursos estratégicos da África voltem a cogitar da possibilidade de estabelecer novas formas maquiadas de controle colonial sobre alguns países africanos, que eles mesmo criaram, depois da II Guerra Mundial.

A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo: tem uma área de 30.221.532 km² e cerca de 1 bilhão de habitantes, 15% da população mundial. O continente inclui a ilha de Madagascar, vários arquipélagos, nove territórios e 57 estados independentes. Os europeus chegaram à costa africana e iniciaram seu comércio de escravos negros nos séculos XV e XVI, mas foi só no século XIX que as grandes potências europeias ocuparam e impuseram sua dominação em todo continente, menos a Etiópia. Continuar lendo

Mapa da desigualdade em 2013: 0,7% da população detém 41% da riqueza mundial

Nova pesquisa revela que PIB mundial atinge maior valor da história, mas divisão segue extremamente desigual

Cinco anos depois do início da crise econômica mundial, marcada pela quebra do banco norte-americano Lehamn Brothers, os indicadores financeiros seguem apontando para uma concentração da riqueza ao redor do globo. De acordo com o relatório “Credit Suisse 2013 Wealth Report, um dos mapeamentos mais completos sobre o assunto divulgados recentemente, 0,7% da população concentra 41% da riqueza mundial.

Em valor acumulado, a riqueza mundial atingiu em 2013 o recorde de todos os tempos: US$ 241 trilhões. Se este número fosse dividido proporcionalmente pela população mundial, a média da riqueza seria de US$ 51.600 por pessoa. No entanto, não é o que acontece. Veja abaixo o gráfico da projeção de cada país se o PIB fosse dividido pela população:

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“EUA são o pior inimigo da democracia nas Relações Internacionais”, diz filósofo italiano

Para Domenico Losurdo, crise provoca questionamentos nos fundamentos liberais, que poderão ser respondidos com ajuda da esquerda da América Latina

A crise econômica global iniciada em 2008 afetou não somente as economias das grandes potências ocidentais como também a crença desses países no liberalismo triunfante, que se iniciou após o fim da Guerra Fria. Essa é a opinião do filósofo, historiador e cientista político marxista Domenico Losurdo, que está no Brasil para uma série de atividades e palestras.

Nesta quarta-feira (02/10), ele concedeu entrevista a Opera Mundi em um hotel no centro de São Paulo, ocasião em que criticou as atitudes imperialistas belicistas dos EUA em contraponto à sua retórica em prol da liberdade e da democracia.

Ele também teceu severas críticas à social-democracia na Europa, a quem denominou de “esquerda imperial” e de possuir objetivos muito próximos aos partidos da direita tradicional, fazendo parte de um sistema “monopartidário competitivo”.

Para Losurdo, sistema político europeu vive atualmente em uma forma de “monopartidarismo competitivo”

Losurdo é professor da Universidade de Urbino, na Itália, e também de entidades como o Internationale Gesellschaft Hegel-Marx für Dialekttisches Denken e da Associação Marx-XXIesimo Secolo. Continuar lendo

A América Latina não podia dar certo

A América Latina não podia dar certo. Foi criada pelos colonizadores para não dar certo, para ser eternamente subalterna ao mundo “civilizado”. Para entregar-lhe suas matérias-primas e sua força de trabalho superexplorada e honrar seus senhores europeus. A América Latina foi colonizada para ser colônia e se sentir colonizada, para se subordinar às metrópoles e ao Império.

Mais ainda quando as alternativas pareciam desaparecer, só restaria à América Latina imitar, de forma mecânica, o modelo único consagrado pelo centro do capitalismo. E assim foi por um tempo. A América Latina foi o continente com mais governos neoliberais e em suas modalidades mais radicais.

Uma devastadora onda, que liquidou, entre outros, o Estado social chileno, a autossuficiência energética da Argentina, além de deixar o continente como uma região intrancendente no plano internacional, de baixo perfil, subordinada às potências do centro do sistema, intensificando ainda mais a desigualdade e a miséria entre nós. Continuar lendo

ESPECIAL DA RÁDIO AGÊNCIA NP: “Venezuela, nos passos do desenvolvimento”

Governada pelo presidente Hugo Chávez desde 1999 e país vizinho do Brasil, a Venezuela possui 28,5 milhões de habitantes.  Mesmo com a proximidade geográfica, sabemos pouco sobre o país que tem o menor índice de desigualdade social da América Latina. Nesta série especial Venezuela, nos passos do desenvolvimento”, a Radioagência NP apresenta, por meio de sete reportagens, os potenciais e desafios de uma nação que, em pouco mais de uma década, se destacou no cenário geopolítico internacional.

A fronteira com o Brasil se estende por 1,5 mil quilômetros, sendo a saída prioritária para o Caribe, a partir da região amazônica brasileira. No ano de 2011, as trocas comerciais entre Brasil e Venezuela movimentaram 5,9 bilhões de dólares, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Recentemente, a Venezuela foi certificada como detentora da maior reserva de petróleo do mundo, com aproximadamente 297 bilhões de barris. Esse potencial energético atingiu dimensões políticas, econômicas e sociais inéditas quando o Estado assumiu o controle da PDVSA, principal empresa do setor petrolífero, em 2003. Continuar lendo

Rio+20: Economia Verde ou Economia Solidária?

Ignacio Ramonet vê planeta dividido entre ultra-capitalismo predador e alternativa baseada em bens comuns, bem-viver, consumo responsável e segurança alimentar

Ignacio Ramonet vê planeta dividido entre ultra-capitalismo predador e alternativa baseada em bens comuns, bem-viver, consumo responsável e segurança alimentar

Por Ignacio Ramonet | Tradução: Antonio Martins

O Brasil acolherá no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de junho, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, chamada também “Rio+20” porque se reunirá duas décadas depois da primeira grande Cúpula da Terra, de 1992. Participarão mais de 80 chefes de Estado. As discussões estarão centradas em torno de dois temas principais: 1) uma “economia verde” no contesto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza; e 2) o marco institucional para o desenvolvimento sustentável. Em paralelo ao evento oficial, também se reunirá a Cúpula dos Povos, que congrega movimentos sociais e ambientalistas do mundo.

As questões ambientais e os desafios da mudança climática continuam constituindo grandes urgências da agenda internacional [1]. Mas esta ralidade é ocultada, na Europa e em outras partes do mundo, pela gravidade da crise econômica e financeira. É normal. Continuar lendo