“Gentrificação” no Vidigal pressiona preços dos imóveis

Antes controlada pelo tráfico, favela carioca se torna lugar de festas e de casas luxuosas. Moradores antigos reclamam da alta dos preços

No Vidigal, as moradias simples da favela agora convivem com mansões luxuosas

A passagem escura e estreita leva à casa de Glenda Melo. Ela vive com os pais e o irmão em 35 metros quadrados. Sala, cozinha, banheiro, dois quartos e uma pequena área de entrada. Em nenhum dos cômodos é possível dar mais que dois passos. A geladeira fica rente à porta, dificultando a passagem. O banheiro mal dá para uma pessoa tomar banho em pé. Da janela, só é possível ver um varal com a roupa dos vizinhos.

Mas Glenda tem orgulho do seu lar e se sente bem nele. Só os pratos sujos a fazem ter um pouco de vergonha. “Eu não tive tempo de arrumar a casa”, se desculpa a moça, rindo, enquanto oferece um lugar no sofá.

Há três meses, outro convidado esteve sentado nesse mesmo sofá na apertada sala de estar, onde não entra luz natural direta, pois a janela gradeada dá para um pátio interno.

O homem de São Paulo percorreu os corredores da favela, bateu de porta em porta. Ele olhou através das barras diretamente para a sala de Glenda, depois ofereceu 140 mil reais à mãe dela pela compra da casa. Continuar lendo

Rio, cidade para pobres?

Os cariocas continuam sofrendo os efeitos do que claramente é uma bolha de preços insustentável no longo prazo

Banhistas tomam coco no calçadão da praia de Ipanema.

O Rio de Janeiro, impulsionado por anos de bonança econômica e por sua escolha como sede da próxima Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, se encontra imerso em uma espiral inflacionária que fez saltar todos os sinais de alerta. Embora há cerca de dois anos o Rio já ocupasse uma posição de liderança nas listas das cidades mais caras do planeta para estrangeiros, a progressiva desvalorização do real supôs uma balão de oxigênio para turistas e expatriados. No entanto, a população local continua sofrendo os efeitos do que claramente é uma bolha de preços insustentável no longo prazo. Continuar lendo

Sem Copa Verde

Vendida como a capital da floresta, Manaus acumula decepções com as obras, que já mataram três operários e não trazem retorno para os moradores; além disso, pode decepcionar os visitantes com as marcas da degradação urbana e da desigualdade social

Por Elaíze Farias

Palafitas do Igarapé de Educandos

A arena de futebol custou aos cofres públicos mais de R$ 600 milhões e ninguém sabe o que será dela depois; a reforma do porto consumiu R$ 71 milhões de recursos federais  (via DNIT) e teve o processo de licitação contestado – as obras foram há pouco retomadas mas ainda não se sabe o porto estará pronto antes da Copa. As obras do aeroporto internacional Eduardo Gomes soterraram um curso d’água e desmataram um área protegida da capital amazonense. Os centros de treinamento – dois – não têm data para abertura.

Quando Manaus foi escolhida para sediar quatro jogos da Copa, a decisão foi saudada pela imprensa local e por políticos e um clima de euforia reinou na cidade. Uma lista de projetos que fariam parte “do legado da Copa” entrou nas agendas de discussão dos gestores públicos e passou a pautar reportagens e debates: obras de mobilidade urbana, incremento da rede hoteleira, revitalização de áreas degradadas, melhorias no transporte público. Até mesmo um projeto de geração de energia solar, que seria instalado no entorno da Arena da Amazônia, foi previsto no pacote. Continuar lendo

Revolução Iraniana: 35 anos de resistência e avanços

O Irã vai surpreendendo o mundo, graças aos seus elevados indicadores sociais, educacionais, pelo seu desenvolvimento cultural e científico

Beto Almeida

Imediatamente após a eclosão da Revolução Islâmica no Irã – um poderoso movimento de massas liderado pelo aiatolá Khomeini – o imperialismo congelou todas as reservas iranianas no sistema bancário internacional, estimadas em 100 bilhões de dólares. Isso foi em 11 de fevereiro de 1979, quando, ao preço de grande quantidade de vidas, esta rebelião popular se levantou corajosamente contra a ditadura monárquica do Xá Reza Pahlevi, que governava a nação persa mediante um brutal opressão praticada pela sanguinária polícia Savak, sem a menor sombra de eleições durante décadas, e com o total apoio das chamadas “democracias ocidentais”, especialmente os EUA e a Inglaterra.

Aliás, no momento em que foi derrubada, a monarquia do Xá estava justamente implementando, com o apoio de tecnologia inglesa, o seu programa nuclear. Era o cálculo cego do imperialismo sobre os movimentos da história, que, naquele ano de 1979, também daria ao mundo a Revolução Sandinista, na Nicarágua, em 19 de julho, inaugurando outra via histórica para a pátria de Sandino, que a faz hoje um país membro da Celac, tendo eliminado uma vez o analfabetismo, preparando-se para fazê-lo pela segunda vez, sempre com o apoio indispensável de Cuba. Continuar lendo

Brasil muda de fisionomia

O País conseguiu, ao longo dos últimos 20 anos, melhorar em 11,24% sua expectativa de vida. A região Nordeste saiu dos piores indicadores, chegando à margem de 71,2 anos em 2010. Em termos gerais, houve um ganho de pouco mais de 12 anos

Pedro Félix Vital Jr.*

IDOSOS: LESÕES CAUSADAS POR QUEDAS
Três idosos são internados por hora em hospitais públicos do Estado de São Paulo, em decorrência de lesões causadas por quedas, de acordo com o levantamento feito pela Secretaria Estadual da Saúde. Segundo os dados, em 2012, houve 27.817 internações de pessoas com 60 anos ou mais em serviços hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde). Do total, 60% das internações foram de mulheres com mais de 60 anos.
Fonte: Agência Brasil

“Brasil conseguiu, ao longo dos últimos 20 anos, melhorar em 11,24% sua expectativa de vida. A região Nordeste saiu dos piores indicadores (58,25 anos, em 1980), chegando à margem de 71,2 anos em 2010.”

Como acontece naturalmente, em todo processo de crescimento e desenvolvimento, o indivíduo tende a mudar seus traços, carregando consigo algumas marcas do tempo relacionadas ao amadurecimento. Entretanto, características determinantes em sua gênese podem necessitar de elementos concretos e tangíveis para justificar mudanças de estilo e comportamento.

Dados recentemente publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram, surpreendentemente, o País num sentido de desenvolvimento humano que, apesar de não acompanhar literalmente semelhanças com outras nações de iguais características, estimula em cada um de nós um espírito otimista, numa perspectiva de aproximação nas diferenças regionais, favorecendo o reconhecimento e a inclusão de um grupo populacional marginalizado ao longo da história. Continuar lendo

O turismo es la revolución

A Ilha aposta nos visitantes, principalmente brasileiros, para realizar sua transição econômica

Mercado quase livre. Os cubanos agora podem abrir pequenos negócios e comercializar automóveis

Por André Barrocal, de Havana

Gastador, o turista do Brasil é cobiçado pelo resto do mundo, seja pela porção desenvolvida e em crise no planeta, seja pelos emergentes e paraísos tropicais em busca de novos recursos. Há um bom motivo: em 2012, os brasileiros consumiram 22 bilhões de dólares no exterior. Em Cuba não é diferente. A ilha socialista sonha com o nosso viajante para levar a cabo o projeto de reforma econômica. Continuar lendo

O que acontece no Chipre e por quê?

Mais uma vez a Troika atua com falta de inteligência e imprudência imperdoáveis. Irá carregar por muitos anos o sistema bancário cipriota, ao tentar reviver um morto que não poderá levantar a cabeça. Empobrece-se por décadas uma população, enquanto o modelo de paraíso fiscal permanece lá, intacto. Por Juan Torres López, do Rebelión

A grande maioria das pessoas se espantou quando ficou conhecido que a Troika (Comissão Europeia, Banco Cental Europeu e o FMI) acabara de ceder um empréstimo ao Chipre com a condição de privatizar serviços públicos e diminuir gastos e de estabelecer um imposto de 9,9% (como se fosse oferta de um supermercado) para depósitos acima de 100 mil euros e de 6,75% para os menores. Continuar lendo

ESPECIAL OPERA MUNDI SOBRE OS 30 ANOS DA GUERRA DAS MALVINAS – 4 reportagens a respeito do conflito

Disputa pelas Malvinas ainda coloca Argentina e Reino Unido em jogo de orgulho e conveniência

Para analistas, guerra atrasou negociações, que agora estão em um beco sem saída; autodeterminação dos moradores deverá ser considerada

Um mapa da América do Sul estampa um grande cartaz na entrada de um supermercado das ilhas Malvinas. No entanto, o espaço entre o Chile e as fronteiras do Uruguai, Brasil e Paraguai é preenchido em azul, sem delimitação com o sul do Oceano Atlântico, sob a inscrição “Shit Sea”. Um bar chamado “Victory” confeccionou canecas com a imagem, mas traduziu a provocação: “Mierda Sea”.

Confeccionadas especialmente às vésperas do aniversário da guerra, as mensagens deixam clara a posição majoritária entre os habitantes da capital Porto Stanley: não querem ser as Malvinas Argentinas e sim as Falklands britânicas.

Nesta segunda-feira (02/04), o conflito entre Argentina e Reino Unido pela soberania das ilhas completa 30 anos, em meio à escalada retórica dos últimos meses, que agora opõe a presidente Cristina Kirchner e o primeiro-ministro David Cameron. Os motivos são semelhantes aos que culminaram com o confronto militar de 1982: orgulho, soberania, nacionalismo e interesses políticos. Continuar lendo

A importância do turismo para a economia

O turismo é uma atividade econômica relacionada às condições geográficas. Depende das características da paisagem natural (condições ambientais, como o clima, a vegetação e formas de relevo e hidrografia ou proximidade do oceano) e cultural (paisagem arquitetônica, museus, eventos culturais, estrutura do comércio e eventos econômicos como feiras comerciais, conferências internacionais, etc.).

          Nesse sentido, as atividades econômicas relacionadas ao turismo incorporam o espaço geográfico pelo seu valor paisagístico, para transformá-lo em um espaço de consumo. De fato, a paisagem é o primeiro contato do turista e é importante que ela produza uma sensação favorável, atraente e harmoniosa. Continuar lendo