Rumo ao estado de controle global?

Manifestantes se chocam com polícia durante protesto contra as medidas de austeridade, no centro de Bruxelas 04/04/2014

Por se recusar a abordar causas dos nossos problemas e reprimir a dissidência, Estado neoliberal desliza inexoravelmente para o autoritarismo

Por Jerome Roos, na Roarmag | Tradução Cauê Seignemartin Ameni

Quando um juiz egípcio condenou 529 simpatizantes da Irmandade Muçulmana à morte, há cerca de um mês, ele sublinhou em uma só canetada a terrível realidade em que o mundo se encontra hoje. A euforia revolucionária e o impulso constituinte que abalou a ordem mundial desde 2011, deu há algum tempo lugar ao restabelecimento de umEstado controlador. Repressão violenta dos protestos e revoltas – progressistas ou reacionários – tornou-se a nova norma. A radicalidade emancipatória e o espaço democrático que foram abertos recentemente, por um curto período de revoltas, estão sendo totalmente abatidos. O que resta são dispersos grupos de resistência sob o implacável ataque do poder constituído. Continuar lendo

Brasil gasta R$ 61 bilhões com segurança pública

Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os recursos são mal-empregados e taxas de homicídio e estupro avançam

Os gastos com segurança pública no Brasil totalizaram R$ 61,1 bilhões em 2012, um crescimento de 15,83% em relação ao ano anterior. Os dados constam na 7a edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e apresentado em novembro de 2013 em São Paulo. Continuar lendo

Sem Copa Verde

Vendida como a capital da floresta, Manaus acumula decepções com as obras, que já mataram três operários e não trazem retorno para os moradores; além disso, pode decepcionar os visitantes com as marcas da degradação urbana e da desigualdade social

Por Elaíze Farias

Palafitas do Igarapé de Educandos

A arena de futebol custou aos cofres públicos mais de R$ 600 milhões e ninguém sabe o que será dela depois; a reforma do porto consumiu R$ 71 milhões de recursos federais  (via DNIT) e teve o processo de licitação contestado – as obras foram há pouco retomadas mas ainda não se sabe o porto estará pronto antes da Copa. As obras do aeroporto internacional Eduardo Gomes soterraram um curso d’água e desmataram um área protegida da capital amazonense. Os centros de treinamento – dois – não têm data para abertura.

Quando Manaus foi escolhida para sediar quatro jogos da Copa, a decisão foi saudada pela imprensa local e por políticos e um clima de euforia reinou na cidade. Uma lista de projetos que fariam parte “do legado da Copa” entrou nas agendas de discussão dos gestores públicos e passou a pautar reportagens e debates: obras de mobilidade urbana, incremento da rede hoteleira, revitalização de áreas degradadas, melhorias no transporte público. Até mesmo um projeto de geração de energia solar, que seria instalado no entorno da Arena da Amazônia, foi previsto no pacote. Continuar lendo

A polícia, o PCC e um modelo de segurança pública falido

Camila Nunes Dias, pesquisadora e autora de livro sobre a facção criminosa, analisa a relação que se estabelece entre o poder oficial e o paralelo no estado de São Paulo

Por Igor Carvalho

No ano de 2006, o Primeiro Comando da Capital (PCC) ganhou as manchetes dos jornais ao ter sido responsabilizado por praticamente parar a cidade de São Paulo com uma série de ações violentas. Após o governo do estado sinalizar com a transferência de 700 presos ligados ao “partido”, como é chamado, para presídios de segurança máxima de Presidente Bernardes e Presidente Prudente, a facção teria sido responsável pela morte de 59 agentes do estado, entre eles bombeiros, agentes carcerários, policiais militares e civis. Na sequência, 493 pessoas foram mortas entre os dias 12 e 20 de maio nas periferias da Grande São Paulo, crimes, em sua maioria, ainda não solucionados.

Agora, em maio de 2012, após uma ação da Rota no bairro da Penha, que prendeu três supostos integrantes do PCC e teve seis suspeitos mortos, uma nova onda de violência se desencadeou nas periferias da cidade e na Grande São Paulo. Para saber mais a respeito das raízes dessa situação, Fórum conversou com Camila Nunes Dias, professora da Universidade Federal do ABC, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e autora do livro PCC – A hegemonia nas prisões e o monopólio da violência, que será lançado neste ano, pela Editora Saraiva. Em entrevista, Camila analisa a atuação do “partido” dentro e fora das prisões e ajuda a observar melhor a relação estabelecida entre o poder oficial e o poder paralelo na cidade e no estado. Continuar lendo

Violência e controle social

Você liga a televisão e nos principais noticiários o que se vê é crime, caça a bandidos, violência. Há mesmo programas especialmente dedicados à cobertura de crimes e perseguições pela polícia. A cena flagrada pelas câmaras de segurança mais próximas repete à exaustão o momento em que o assaltante atira e mata sua vítima, que está indefesa. Continuar lendo

Entenda a PEC 37

Alvo de polêmicas, proposta de emenda constitucional estabelece que poder de investigação criminal seja exclusivo da polícia

A PEC 37 foi alvo, nas últimas semanas, dos protestos espalhados pelo País

Em debate no Congresso, a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, que estabelece a exclusividade das investigação criminal às polícias federal e civis virou alvo, nas últimas semanas, dos protestos pelo País. A proposta, se aprovada, esvaziaria o poder de órgãos como o Ministério Público.

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Para além da maioridade penal

Mídia e conservadores reabrem debate oportunista e vazio, com objetivos eleitoreiros. Esquerda precisa preparar-se para propor segurança cidadã

Por Luís Fernando Vitagliano | imagem: Carlos Bassan

Uma dentista assassinada por bandidos que atearam fogo em seu corpo por ter somente 30 reais em sua conta bancária; um garoto assassinado com um tiro a queima roupa na cabeça por não entregar sua mochila. A crueldade dos crimes praticados por menores de idade chama a atenção midiática nesses dois casos. Somados a isso, os índices divulgados na semana passada só vêm comprovar o que a percepção da população já havia expressado: o aumento significativo da criminalidade em São Paulo, principalmente de assassinatos e latrocínios.

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