Para Teng Biao, direitos sociais devem ser valorizados, mas não se sobrepor aos direitos humanos como busca o Estado chinês
Teng Biao, diretor da China Against Death Penalty
No país onde ocorrem cerca de 90% das execuções perpetradas pelo Estado em todo o mundo todos os anos, o conceito universal de direitos humanos é parcamente difundido. Parte desta situação, explica o advogado Teng Biao, diretor da ONG China Against Death Penalty, deve-se à incansável propaganda do governo chinês. “O governo enfatiza os direitos sociais. Então, a coisa mais importante no que diz respeito a direitos humanos para o governo chinês é o direito à sobrevivência. Por isso, nega-se a aceitar os direitos políticos, como a liberdade de expressão ou religião, ou o direito de participar da política”, observa em entrevista a CartaCapital.
Para endossar a posição “contrária” aos direitos humanos, Teng conta, o Estado busca combater a ideia de maiores liberdades individuais com o discurso de que tais reivindicações são “direitos humanos do capitalismo”. “O problema é que o povo chinês não consegue ter acesso à informação sobre democracia, direitos humanos, à história. Então, muitos pensam o que o governo está disposto a fazê-los pensar”, explica o ativista que leciona na faculdade de direito da Universidade Chinesa de Hong Kong.