A Índia reconhece os transexuais como um “terceiro gênero”

A Suprema Corte arremete contra a discriminação em um país onde as relações homossexuais são ilegais

Ativistas homossexuais da Índia.

“Não sou homem nem sou mulher: sou transexual. Este é um grande dia para as pessoas como eu na Índia. Seremos aceitos pelo que somos”, diz Kiran ao saber da notícia. A Suprema Corte da Índiareconhece a partir desta terça-feira as pessoas transexuais como um terceiro sexo, diferente do feminino e do masculino, uma medida que busca acabar com sua discriminação em um país onde, entretanto, as relações homossexuais são ilegais. “Os transexuais são também cidadãos deste país. É direito de todo ser humano escolher seu gênero”, afirma o veredicto, dizendo tratar-se de uma questão “de direitos humanos”. Continuar lendo

Não penso, logo relincho

Um glossário com a lista dos principais clichês repetidos pelas redes sociais para justificar, no discurso, um mundo de violência e exclusão. Por Matheus Pichonelli

Dizem que uma mentira repetida à exaustão se transforma em verdade. Pura mentira. Uma mentira repetida à exaustão é só uma mentira, que descamba para o clichê, que descamba para o discurso. E o discurso, quando mal calibrado, é o terreno para legitimar ofensas, preconceitos, perseguições e exclusões ao longo da História. Nem sempre é resultado da má-fé. Por estranho que pareça, é na maioria das vezes fruto da indigência mental – uma indigência mental que assola as escolas, a imprensa, as tribunas, as mesas de bares, as redes sociais. Com os anos, a liberdade dos leitores para se manifestar sobre qualquer assunto e o exercício de moderação de comentários nos levam a reconhecer um clichê pelo cheiro. Listamos alguns deles abaixo com um apelo humanitário: ao replicar, você não está sendo original; está apenas repetindo uma fórmula pronta sem precisar pensar sobre tema algum. E um clichê repetido à exaustão, vale lembrar, não é debate. É apenas relincho*. Continuar lendo

Dez anos depois, o que aconteceu com o Iraque?

A invasão do Iraque foi responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas e pela desestabilização do Estado local. Sob a máscara de uma surpreendente normalidade, as tensões políticas e religiosas persistem em Bagdá

por Peter Harling, Hamid Yasin

(Presentes para o Valentine’s Day são vendido em rua de Bagdá)

Depois de aterrorizantes violências que destruíram centenas de milhares de vidas e não deixaram quase ninguém sem uma história trágica para contar, o Iraque se instala numa nova normalidade, mas sem tomar uma direção compreensível nem permitir aos iraquianos ter uma projeção do futuro. “Como contar o que houve nos dez últimos anos?”, pergunta-se um romancista que está justamente tentando fazer isso. Continuar lendo