O ano velho se vai em meio a névoa. A garoa e o frio cobrem o local onde o Exército Zapatista de Libertação Nacional celebrou os 20 anos do levante.
Eduardo Febbro
Oventic, Chiapas – A voz dos símbolos se cala quando aparece a neblina. Espessa e crescente a medida que a estrada de montanha sobe em direção à comunidade de Oventic, uma das cinco juntas de bom governo administradas pelos zapatistas.
Estas são terras rebeldes e muito pobres. Aqui, as palavras cheias de símbolos e poesia do subcomandante Marcos não têm lugar. Essa é a realidade. Respira-se a dupla força da humildade e da dignidade. Hoje há festa. O ano velho se vai em meio a névoa, a garoa e o frio cobrem o local onde o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) organizou a celebração dos 20 anos do levante zapatista (1994-2014).
O ano novo pede passagem entre lembranças, músicas de protesto, chamados à rebeldia e a escandalosa situação na qual ainda vivem os indígenas da região. Combate e pobreza. “Los de abajo vamos por los de arriba”, canta uma rapper vinda dos Estados Unidos. Um grupo musical do EZLN com o gorro cobrindo o rosto entoa canções zapatistas. Não há tempo nem espaço para a nostalgia. As pessoas abrem passagem entre o barro e a neblina. Há muito por fazer, por construir e resistir. Continuar lendo