O Brasil, EUA e o “Hemisfério Ocidental”

Washington deve sufocar militarmente ações comuns da América do Sul, propôs teórico geopolítico norte-americano mais influente no século XX. Em que medida proposição prevalece?

Por José Luis Fiori

As terras situadas ao sul do Rio Grande constituem
um mundo diferente do Canadá e dos Estados Unidos. 

E é uma coisa desafortunada que as partes de fala inglesa e latina
do continente 
tenham que ser chamadas igualmente de América, 
evocando similitudes entre as duas que de fato não existem

N. Spykman, “America´s Strategy in World Politics”

Tudo indica que os Estados Unidos serão o principal contraponto da política externa brasileira, dentro do Hemisfério Ocidental, durante o século XXI. E quase ninguém tem dúvida, também, de que os EUA seguirão sendo, por muito tempo, a principal potência militar, e uma das principais economias do mundo. Por isto é fundamental compreender as configurações geopolíticas da região, e a estratégia que orienta a política hemisférica norte-americana, deste início de século. Continuar lendo

A ascensão de um gigante inseguro

A China está longe de ser um membro maduro da comunidade internacional

Quando a economia chinesa superar a dos Estados Unidos e se converter na maior do mundo (em algum momento daqui a alguns poucos anos), o país terá cimentado sua condição de grande potência militar (potência que em seu afã de afirmação estratégica desperta o temor de seus vizinhos). Mas o verdadeiro é que a ascensão da China é a ascensão de uma potência solitária e vulnerável, que enfrenta sérios obstáculos no plano interno.

A China se encontra neste momento rodeada de bases militares e aliados dos Estados Unidos. Embora os países asiáticos em sua maioria estejam interessados em manter e inclusive alargar seus laços econômicos com a China, nenhum (com exceção da Coreia do Norte, que depende da ajuda chinesa) está disposto a aceitar que ela seja a principal potência regional. De fato, a entrada na cena internacional de atores como Indonésia e Índia, aliados dos Estados Unidos, se deve em grande parte à ascensão da China. Continuar lendo