Hiperglobalização

Expansão das transnacionais, transportes facilitados e em especial novos acordos comerciais ameaçam desencadear outra rodada de ataques a direitos sociais

Por Christophe Ventura

Segundo a expressão dos economistas Arvind Subramanian e Martin Kessler, nossas sociedades entraram em uma era de “Hiperglobalização” [1]. Entre 1980 e 2011, o volume de mercadorias comercializadas na esfera planetária foi multiplicada por quatro, o nível do comércio mundial aumentou quase duas vezes mais rápido que a produção mundial de cada ano [2]. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), “o valor em dólares do comércio global de mercadorias aumentou mais de 7% por ano em média (…), atingindo um recorde de 18 bilhões de dólares ao final deste período.” De acordo com eles, “a troca de serviços comerciais aumentou ainda mais rápido, a uma taxa anual média de aproximadamente 8%, atingindo cerca de 4 bilhões de dólares” [3].

O comércio internacional, que representava 9% do PIB mundial em 1870, 16% em 1914, 5,5% em 1939 e cerca de 15% nos anos 1970, agora equivale a 33% [4].

Mesmo afetado pela crise financeira de 2008 e suas repercussões na redução do consumo, principalmente nos Estados Unidos, na China e na Europa – o volume do comércio global cresceu 2% em 2012 contra 5,1% em 2011 (2,5% são esperados para 2013). Esse montante com força inédita na integração comercial mundial, constitui, segundo os dois pesquisadores, a primeira característica da “Hiperglobalização”. Continuar lendo