Diplomacia “made in Brazil”

Reconhecido, no passado, por posições pacifistas e avesso às polêmicas, casos recentes evidenciam um novo modo de atuação do governo brasileiro nas relações internacionais

Maurício Barroso

A diplomacia brasileira ganhou as manchetes da grande imprensa após o resgate, no dia 23 de agosto deste ano, do senador boliviano Roger Pinto Molina do confinamento de 455 dias na embaixada em La Paz, pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia. Segundo alguns analistas e também de acordo com alguns editorias de jornais, o caso demonstra uma mudança de atuação do Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty. Anteriormente reconhecido por suas posições pacifistas e estritamente jurídicas, ultimamente, o órgão tem sido mais “agressivo” nas relações bilaterais.

O caso gerou atrito diplomático entre Brasil e Bolívia e culminou com a demissão do então ministro das Relações Exteriores, o chanceler Antônio Patriota, que comentou desconhecer a ação de resgate de Molina. Além da operação de retirada do senador boliviano, outros acontecimentos são apontados, por analistas políticos, como uma diplomacia de ocasião. Por exemplo, a expropriação da refinaria da Petrobras na Bolívia, quando não houve esforços por parte do governo brasileiro para impedir a ação; a retirada do Paraguai do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a não extradição do italiano Cesare Battisti, condena- do por homicídio naquele país. Continuar lendo

Poder, geopolítica e desenvolvimento

O capitalismo nasceu associado com um sistema de poder específico, o sistema interestatal europeu. E, desde o início, foi um dos principais instrumentos de poder dos estados que se impuseram, transformando-se nas primeiras ‘grandes potências’ do sistema.

José Luís Fiori

“Em última instancia, os processos de desenvolvimento econômico também são lutas de dominação”.
Max Weber, Escritos Politicos I, Folios Ediciones, Mexico, 1982, pág. 18

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Caso Manning: sinal da decadência americana?

Protestos em Fort Meade, onde Bradley Manning permanece detido

Se condenarem soldado que denunciou horrores da guerra, EUA atingirão liberdade de imprensa e confirmarão declínio de sua democracia

Glenn Greenwald, entrevistado por Amy Goodman, do Democracy Now Tradução: Cauê Seignemartin Ameni

Começou semana passada (3/6) no Fort Meade, sede da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, um dos mais importantes julgamentos na recente história daquele país. Após 1.100 dias detido em cativeiro militar, acusado de entregar mais de 700 mil documentos para o site Wikileaks, o soldado Bradley Manning, hoje com 25 anos, responderá em corte marcial 22 acusações, entre as quais “cooperação com o inimigo (Al-Qaeda)”, o que pode levá-lo a prisão perpetua. Continuar lendo

Geopolítica e geoestratégia brasileira: Para onde vamos?

Autor: Vympel 1274

Autor: Vympel 1274

Plano Brasil

Com os recentes acontecimentos no mundo, onde supostos organismos de imposição da lei e da ordem (ONU), que deveriam fazer valer seus poderes, são ignorados ou contornados por leis que são interpretadas da maneira que melhor convier pelas grandes potências, o Brasil fica numa posição ambígua, onde sua política interna e externa não demonstra um posicionamento claro, demonstrando assim uma “imaturidade” constitucional que o desqualifica totalmente para assumir seu lugar no mundo como potência (de fato ou de direito). Continuar lendo