Cidades em crise

Os interesses do capital imobiliário e a omissão do Poder Público fazem com que o planejamento urbano seja relegado a um segundo plano, enquanto o direito à moradia é negado a uma boa parte da população

Por Adriana Delorenzo, Gisele Brito e Glauco Faria

“Ninguém esperava que o local onde foi fundado o Jardim Edith, antes do início dos anos 1970, seria, um dia, uma das áreas mais disputadas da cidade.” A reflexão é de Gerôncio Henrique Neto, 69 anos, líder comunitário de uma favela que foi demolida por conta da Operação Urbana Água Espraiada, na zona Sul de São Paulo. As casas modestas, na maioria de alvenaria, ficavam em uma das áreas que, no início da ocupação, em 1973, estava longe de ser o que hoje é uma das áreas mais valorizadas da capital paulista. Continuar lendo

O Pinheirinho visto pela ciência política clássica

Por distintos motivos, Hobbes, Locke e Montesquieu condenariam sem vacilar a brutalidade do governo paulista. Mas… e Maquiavel?

Por distintos motivos, Hobbes, Locke e Montesquieu condenariam sem vacilar a brutalidade do governo paulista. Mas… e Maquiavel?

Por Luís Fernando Vitagliano

Segundo Thomás Hobbes o estado moderno deve ser como um Leviatã, com todos os poderes opressores possíveis. Detentor da força e da capacidade de submeter seus cidadãos ao poder das suas opressões. Mas um bom leitor de Hobbes vai se lembrar do contrato social ao qual até mesmo o rei deve se submeter. Todo estado moderno deve levar em consideração que os cidadãos abram mão da sua liberdade e ganhem com isso segurança. Contra a barbárie de uma guerra de todos contra todos, da sujeição do homem ao egoísmo do próprio homem, nasce o Leviatã, o estado, aquele aparato que vai impor ordem à sociedade. E mesmo nesta proposta hobbesiana de política, onde o estado é monárquico e absoluto há uma única possibilidade de desobediência civil: quando o estado não dá segurança aos seus cidadãos, os cidadãos têm o direito de questionar a autoridade do rei. Continuar lendo

Entenda como a reintegração de posse de Pinheirinho pode cair no vestibular

Mariana Nadai

No último domingo (22), a Polícia Militar de São Paulo entrou no Pinheirinho, bairro de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, para cumprir o mandato de reintegração de posse da área, que pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo do empresário Naji Nahas. Ocupado desde 2004, o terreno abrigava cerca de 6000 pessoas.

A ação, que se estendeu até quarta-feira (25), surpreendeu a todos. De moradores, que ainda dormiam quando a PM começou a retirá-los à força de suas casas, ao governo federal. Em uma tentativa de fazer uma ação de despejo pacífica, a Justiça Federal já havia pedido a cassação do mandato de reintegração de posse, que foi concedido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região na sexta-feira (20).

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