‘Na moda’ na época da Guerra Fria, golpes de Estado estão mais raros

Rupturas como a de Honduras estão menos frequentes, diz estudo. G1 explica o que é um golpe de estado e lista os últimos.

Tropas fizeram guarda em frente à sede do governo tailandês em Baggcoc, após um golpe que tirou o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra do poder enquanto ele viajava, em setembro de 2006

Manuel Zelaya foi eleito presidente de Honduras em 2005 e empossado no cargo no começo de 2006. Seu mandato seguiu como prevê a lei hondurenha até junho deste ano, quando, após ter proposto um referendo inconstitucional sobre uma possível reeleição, ele foi retirado do cargo pelos militares e colocado num voo direto para a Costa Rica.

O grupo de civis e militares que o impediu de governar agora enfrenta um problema diplomático e político, com a volta de surpresa de Zelaya ao país. O impasse se arrasta desde segunda-feira, com protestos e mortes.

O que aconteceu em Honduras foi um golpe de Estado, ou a “ruptura violenta da ordem política que leva um grupo que está alojado no poder a ser dele desalojado”, como explicou ao G1 por telefone o pós-doutor em ciência política e professor de Relações Internacionais da PUC-SP Cláudio Gonçalves Couto.

Por “ruptura violenta” pode-se entender a tomada do poder pelas armas – e nesse caso se encaixam os golpes militares, pois, mesmo não havendo tiros, há a violência da ameaça imediata. Também pode ser considerada ato de violência a ruptura das regras normais de alternância no poder. “Aí podem ser entendidos como golpes de Estado, por exemplo, o uso de instrumentos paralegais ou o uso abusivo da lei como uma forma de afastar do poder de quem seria legitimamente seu ocupante”, explica o professor Claudio Couto. Continuar lendo

A Aliança do Pacífico e seus progressos

O acordo de integração é o mais ambicioso e promissor das Américas

A Aliança do Pacífico (AP) é provavelmente o tema mais candente da atualidade na integração econômica da América Latina. Vejamos por quê. Criada há pouco mais de dois anos, ela prevê uma integração de grande envergadura entre Chile, Colômbia, México e Peru, e se tornou rapidamente o mais ambicioso e promissor acordo de integração nas Américas. Os encontros internacionais abordam o tema com grande interesse, como ocorreu na reunião do Fórum Econômico Mundial, no final de janeiro em Davos. Não é de se estranhar que 25 países tenham solicitado a condição de observadores da AP, entre eles Estados Unidos, Canadá, China e Japão, além de latino-americanos como Costa Rica, Panamá e Uruguai. A Costa Rica já formalizou sua solicitação de adesão à AP. Com um PIB combinado de mais de 2 trilhões de dólares, um mercado de 209 milhões de pessoas e quase 10.000 dólares de renda per capita, é um mercado muito interessante para os investidores locais e estrangeiros. Representa 35% do PIB da América Latina, maior que o Brasil em termos de população e produto interno bruto. E, como suas economias são muito abertas, a AP concentra mais de 41% do comércio da América Latina com o resto do mundo. Continuar lendo

O copo meio cheio ou meio vazio

A visão sobre a América Latina difere conforme se olhe a partir dos Andes peruanos ou dos vulcões mexicanos

Por um lado há maior maturidade, mas por outro persistem a corrupção, a criminalidade e uma perversa propensão à liderança carismática

Há alguns meses, Mario Vargas Llosa e eu travamos um diálogo sobre a América Latina na Universidade de Princeton. Ao longo de sua vida e em sua obra, sua visão tem sido pessimista, às vezes inclusive fatalista, mas em tempos recentes ela foi mudando, e essa mudança, parece-me, tem fundamentos na realidade. Na conversa, confrontamos nossas respectivas impressões. Ele vê o copo meio cheio; eu, o copo meio vazio.

Numa ideia básica concordamos: nossos países têm feito progressos notáveis nos últimos anos. Basta um mínimo de memória para apreciar que, em comparação à época dos golpes de estado, dos regimes militares e das guerrilhas, dos anos das inflações estratosféricas e das espetaculares quebras, a América Latina apresentou (em geral) uma maturidade sem precedentes na sua infeliz história. Nossa tendência à anarquia e à ditadura derivou em um respeito ao menos formal pela democracia eleitoral. Igualmente alentador foi o desempenho econômico em meio à crise global: sofremos seus efeitos, mas muitas economias mostraram uma solidez tão inesperada como invejável. Além disso, muitos Governos aprenderam a lição de não relegar os problemas sociais até que estourem, e executam programas de atendimento à população mais pobre e marginalizada. Continuar lendo

O novo não se inventa, descobre-se

Reconhecido internacionalmente por suas contribuições às Ciências Humanas e, entre os que conviveram com ele, por sua generosidade e humildade, Milton Santos é hoje uma referência também para o movimento negro

Por Glauco Faria

“Ele representava nas Ciências Humanas o que se pode chamar de ala combatente. O que Florestan Fernandes foi na Sociologia, ele foi na Geografia. Nos seus trabalhos, o rigor científico nunca foi obstáculo a uma consciência social desenvolvida e profundamente arraigada nos problemas do Brasil.” Foi assim que um dos grandes intelectuais brasileiros, Antonio Candido, definiu o geógrafo Milton Santos, que foi seu colega na Universidade de São Paulo (USP).

Baiano de Brotas de Macaúbas, Milton Santos cursou Direito em Salvador, embora quando jovem tivesse dado aulas na área que verdadeiramente o apaixonava, a Geografia. Na universidade, envolveu-se com a política estudantil e chegou a ser eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Mas as letras da lei não foram suficientes para seduzi-lo e, concluída a graduação, Milton tornou-se professor de Geografia do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia) e do Colégio Central. Levou a concurso sua tese Povoamento da Bahia, e passou a ocupar a cadeira de Geografia Humana do Ginásio Municipal de Ilhéus. E foi ali que escreveu seu primeiro livro, A Zona do Cacau, que tratava da monocultura na região. A obra já alertava para os riscos que poderiam advir da adoção de tal prática. Continuar lendo

Cientistas listam áreas protegidas ‘mais insubstituíveis’ do mundo

Ao todo são 78 lugares, que englobam 137 áreas protegidas em 34 países. Quatro lugares brasileiros estão entre os 10 mais importantes.

A Serra da Mantiqueira é o 8º lugar do mundo insubstituível, segundo o estudo

Com o objetivo de fortalecer proteção de espécies a longo prazo, foi lançado nesta quinta-feira (14) um estudo feito por organizações internacionais que identifica quais são as áreas protegidas mais “insubstituíveis” do mundo.

Ao todo são 78 lugares, que compreendem 137 áreas protegidas em 34 países e juntos protegem a maioria das populações de 627 espécies de pássaros, anfíbios e mamíferos, incluindo 304 espécies ameaçadas de extinção em todo o mundo. A maioria das áreas citadas estão em regiões de floresta tropical, especialmente em montanhas e ilhas. Continuar lendo

O quê as revoltas de 2013 têm em comum

Milhares de estudantes protestam em Lima, no Peru, marchando em direção ao prédio do Congresso Nacional contra um projeto de lei que, segundo eles, viola a autonomia universitária

Na Turquia, Brasil, Bulgária e Peru o que se assemelha não é ideologia – mas arquitetura de convocação das multidões

Por Bernardo Gutiérrez,

Como o acampamento no parque Taksim de Istambul influenciou os protestos no Brasil? O surgimento repentino de os Indignados do Peru se explica como contágio regional? Existe algum ponto em comum nos protestos dos três países anteriores e as manifestações na Bulgária contra seu governo? Os analistas costumam buscar motivos concretos para explicar as revoltas dos últimos tempos. E transformam o diagnóstico inicial em tese irrefutável. Istambul se levantou para proteger o parque Taksim da mercantilização neoliberal. As urbes brasileiras se levantaram contra o aumento do preço do transporte. Os peruanos se indignaram frente a um governo que tentou distribuir cargos públicos de forma pouco transparente. Os búlgaros cercam o congresso durante semanas para protestar contra o aumento exagerado das faturas de água e gás e o conluio da classe política com grupos mafiosos. Mas ditas causas explicam as intensos protestos dos últimos meses? Continuar lendo

Os EUA e a conjuntura geopolítica internacional

O novo papel dos EUA depois do início do segundo período presidencial de Obama tem sido o de afirmar sua liderança no cenário mundial. Primeiro vai fortalecendo a economia interna em seu país, orientando a liquidez monetária para o consumo de massas. Depois, impulsiona a corrida tecnológica em serviços informáticos e de comunicação.

Mario Burkun*

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Poder, geopolítica e desenvolvimento

O capitalismo nasceu associado com um sistema de poder específico, o sistema interestatal europeu. E, desde o início, foi um dos principais instrumentos de poder dos estados que se impuseram, transformando-se nas primeiras ‘grandes potências’ do sistema.

José Luís Fiori

“Em última instancia, os processos de desenvolvimento econômico também são lutas de dominação”.
Max Weber, Escritos Politicos I, Folios Ediciones, Mexico, 1982, pág. 18

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Operação fronteira

Conheça ações e iniciativas do governo Federal e das Forças Armadas no processo de proteção do território brasileiro

Maurício Barroso

Maturacá (AM) – Em 2007, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, visitaram as instalações de fronteira do Exército na comunidade de Maturacá no município de São Gabriel da Cachoeira.

O Brasil é um país com dimensões continentais. Seus quase 17 mil quilômetros de extensão dividem-no com outros dez países, que passam por 11 Estados brasileiros. São regiões complexas e de intensa entrada e saída de mercadorias e pessoas, fluxo que torna a vigilância das fronteiras um desa o constante e primordial para a segurança nacional.

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Cuba é o melhor país da América Latina para ser mãe, diz estudo

No topo da lista, elaborada entre 176 países, está a Finlândia, enquanto a República Democrática do Congo está em último

Cuba é o melhor país da América Latina para a maternidade e o 33º do mundo, segundo um índice da organização britânica Save the Children. No topo está a Finlândia e a República Democrática do Congo em último. Os Estados Unidos estão em 30º lugar e o Brasil em 78º.

Cubanas comemoram 1º de maio em Havana. País caribenho está à frente de Argentina, Costa Rica e México em índice sobre maternidade

A ONG, cuja sede fica em Londres, leva em conta fatores como bem-estar, saúde, educação e situação econômica das mães, assim como a taxa de mortalidade infantil e materna, para definir a tabela.

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