OMC conclui acordo histórico sobre comércio mundial

Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC comemora o acordo obtido neste sábado, 7 de dezembro de 2013, na cupúla de Bali, na Indonésia.

Pela primeira vez desde a criação da OMC, em 1995, um acordo sobre o comércio mundial foi assinado neste sábado, 7 de dezembro de 2013, em Bali, na Indonésia. Os ministros dos 159 países que integram a organização estavam reunidos desde a última terça-feira negociando este acordo considerado “histórico”. O texto é modesto, mas salva a Organização Mundial do Comércio dirigida pelo brasileiro Roberto Azevêdo.

O acordo foi aprovado por unanimidade na manhã deste sábado, em Bali, na Indonésia. “Pela primeira vez na sua história, a OMC cumpriu suas promessas”, disse emocionado o diretor-geral da instituição, o brasileiro Roberto Azevêdo, durante coletiva à imprensa. Ele ressaltou que a palavra “mundial” voltou a integrar o nome da organização multilateral. Continuar lendo

Diplomacia “made in Brazil”

Reconhecido, no passado, por posições pacifistas e avesso às polêmicas, casos recentes evidenciam um novo modo de atuação do governo brasileiro nas relações internacionais

Maurício Barroso

A diplomacia brasileira ganhou as manchetes da grande imprensa após o resgate, no dia 23 de agosto deste ano, do senador boliviano Roger Pinto Molina do confinamento de 455 dias na embaixada em La Paz, pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia. Segundo alguns analistas e também de acordo com alguns editorias de jornais, o caso demonstra uma mudança de atuação do Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty. Anteriormente reconhecido por suas posições pacifistas e estritamente jurídicas, ultimamente, o órgão tem sido mais “agressivo” nas relações bilaterais.

O caso gerou atrito diplomático entre Brasil e Bolívia e culminou com a demissão do então ministro das Relações Exteriores, o chanceler Antônio Patriota, que comentou desconhecer a ação de resgate de Molina. Além da operação de retirada do senador boliviano, outros acontecimentos são apontados, por analistas políticos, como uma diplomacia de ocasião. Por exemplo, a expropriação da refinaria da Petrobras na Bolívia, quando não houve esforços por parte do governo brasileiro para impedir a ação; a retirada do Paraguai do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a não extradição do italiano Cesare Battisti, condena- do por homicídio naquele país. Continuar lendo

Hiperglobalização

Expansão das transnacionais, transportes facilitados e em especial novos acordos comerciais ameaçam desencadear outra rodada de ataques a direitos sociais

Por Christophe Ventura

Segundo a expressão dos economistas Arvind Subramanian e Martin Kessler, nossas sociedades entraram em uma era de “Hiperglobalização” [1]. Entre 1980 e 2011, o volume de mercadorias comercializadas na esfera planetária foi multiplicada por quatro, o nível do comércio mundial aumentou quase duas vezes mais rápido que a produção mundial de cada ano [2]. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), “o valor em dólares do comércio global de mercadorias aumentou mais de 7% por ano em média (…), atingindo um recorde de 18 bilhões de dólares ao final deste período.” De acordo com eles, “a troca de serviços comerciais aumentou ainda mais rápido, a uma taxa anual média de aproximadamente 8%, atingindo cerca de 4 bilhões de dólares” [3].

O comércio internacional, que representava 9% do PIB mundial em 1870, 16% em 1914, 5,5% em 1939 e cerca de 15% nos anos 1970, agora equivale a 33% [4].

Mesmo afetado pela crise financeira de 2008 e suas repercussões na redução do consumo, principalmente nos Estados Unidos, na China e na Europa – o volume do comércio global cresceu 2% em 2012 contra 5,1% em 2011 (2,5% são esperados para 2013). Esse montante com força inédita na integração comercial mundial, constitui, segundo os dois pesquisadores, a primeira característica da “Hiperglobalização”. Continuar lendo

O Brasil e as mudanças na OMC

Foi uma vitória, mas é importante que a eleição de Roberto Azevedo não seja recebida com um otimismo ingênuo. Não há espaço para se trabalhar com a possibilidade de melhoria imediata da ação brasileira no domínio das relações econômicas internacionais.

Paulo Kliass

Sim! Pode-se afirmar com relativo grau de segurança que os resultados da recente eleição para o cargo de diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) são o reflexo de uma importante mudança que está em movimento no interior dessa instituição multilateral do sistema das Nações Unidas. Afinal, foi a primeira vez que um candidato de um país externo ao grupo apoiado pelos países europeus obteve a maioria de votos.

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As contradições do campo no Brasil

A agropecuária brasileira é pujante, mas precisa também se tornar mais plural e abrir espaço para o pequeno produtor

A colheita de grãos na safra atual deve chegar a 180 milhões de toneladas

Tal como na vida, há coisas no setor agropecuário brasileiro que vão bem e outras que vão mal.

Frase boba, dirá o sempre apressado e exigente comentarista digital. Qualquer sermão matinal ou vespertino na tevê vaza tais marés para nos incentivar as coragem e persistência, algo que muitos se gabam de ter sem noção do quanto, às vezes, é inócuo e dolorido dar murro em ponta de faca.

A cidadania no Brasil é um exemplo.

Em se tratando de economia, ciclos, conjunturas e estruturas fazem da agropecuária uma eterna corrida de revezamento 4 x 100 com barreiras.

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O que os especialistas em “Brazil” pensam do Brasil

Aos olhos dos norte-americanos que estudam o país, Brasil promete se tornar potência global, mas falha em necessidades básicas

“Quando o brasileiro se vê representado, isso valida e reproduz a posição dele. Quando o brasileiro quer consumir o que o New York Times diz sobre ele, ele se coloca na posição de objeto do outro e reverencia esses gestos”, disse José Luiz Passos, diretor da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a Daniel Buarque, autor do recém-lançado Brazil – um país do presente

[O autor Daniel Buarque durante lançamento do seu livro, em São Paulo]

Justamente em busca de entender essa visão do outro sobre o brasileiro, mais especificamente do ponto de vista dos EUA, é que o jornalista e escritor Daniel Buarque entrevistou mais de cem especialistas no Brasil, os chamados brasilianistas, para criar um amplo retrato em seu livro: de economia à Amazônia, de imigração a política.

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Mão de obra agrícola: o novo comércio trangular

A “migração circular do trabalho” pregada pela União Europeia acompanha reorientação dos fluxos de mão de obra. “Contratados” para migrar de seu país para a Espanha, país de acolhida, depois para a França, país com disponibilidades, trabalhadores temporários latino-americanos começam a substituir mão de obra magrebina

por Patrick Herman

“Senhor Leydier, os documentos que tenho em mãos estão cheios de provas contra o senhor! Eu lhe dou a oportunidade de recuperar um pouco de dignidade e parar de se comportar como um bandido. Vou pedir uma última vez que o senhor responda à minha questão: o senhor continua afirmando que a senhora Naima Es Salah não trabalhava como empregada doméstica na sua casa?” Neste 12 de dezembro de 2012, o tribunal de grande instância de Aix-en-Provence ressoava as palavras cortantes da sua presidente.

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