De Mercator ao Google Maps

Decisões cartográficas podem fazer enorme diferença na forma como percebemos o mundo


Mapa da África por Janszoon Blaeu em 1635: “em vez de cidades, elefantes”

 

Mais ou menos na metade do impressionante e espirituoso poema do irlandês Jonathan Swift, “Sobre a Poesia: Uma Rapsódia”, o escritor satírico do século 18 volta brevemente sua atenção para os mapas da África, escrevendo:

“Assim, os geógrafos, em cartas africanas,
Com cenas selvagens preenchem as lacunas,
E no interior, inóspito e distante,
Em vez de cidades, colocam um elefante.”

Na época de Swift, os exploradores europeus haviam apenas margeado as regiões costeiras da África; seu interior permanecia, para todos os fins, um mistério. Mas, como observa o poeta, em vez de simplesmente deixar o interior do continente vazio, os cartógrafos “preenchem as lacunas” com aquilo que acreditam residir nestas regiões remotas do mundo, como estranhos macacos, leões itinerantes e “em vez de cidades, colocam um elefante”. Continuar lendo

E quando os pólos magnéticos da Terra se inverterem?

O fim do mundo pode acontecer de diversas maneiras, depende de para quem você pergunta. Por exemplo, alguns acreditam que o cataclismo global vai acontecer quando os pólos magnéticos da Terra se inverterem. Quando o norte virar o sul, os continentes vão se mover, gerando terremotos massivos, mudanças climáticas e a extinção das espécies.

O histórico geológico mostra que os pólos já se reverteram centenas de vezes na história; isso acontece quando grupos de átomos de ferro no núcleo externo líquido da Terra se alinham de maneira oposta, como ímãs orientados para a direção oposta daqueles que estão ao redor.

Quando os inversos chegam a ponto de dominar o núcleo, os pólos da Terra se invertem. A última vez que isso aconteceu já faz cerca de 780 mil anos, na Idade da Pedra, e realmente há evidência de que o planeta esteja nos estágios iniciais de mais uma reversão. Continuar lendo

Sonegação Global

O fim da Guerra Fria atenuou a tensão entre o Leste e o Oeste do mundo. No entanto, a desigualdade social crescente agrava a disparidade entre o Norte e o Sul

Frei Betto

A presidente Dilma participou pela primeira vez, na terceira semana de janeiro, do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Assim como existe retiro espiritual, o evento sediado na Suíça equivale a um retiro pecuniário. Ali se reúnem os donos do mundo. Entre os quais 85 pessoas que, juntas, acumulam uma fortuna de US$ 1,7 trilhão – o mesmo valor que possuem 3,5 bilhões de pessoas, a metade da população do planeta.

Este dado acima foi divulgado, em janeiro, pela organização britânica Oxfam. Ela alerta ainda que, em 2013, o número global de desempregados atingiu a cifra de 202 milhões! Em decorrência da acumulação privada da riqueza, as bases da democracia estão sendo minadas. Continuar lendo

A geografia da criminalidade

Com a redistribuição da renda nacional e da atividade econômica, ocorrida no período de 2000 a 2010, mudou também a geografia da criminalidade no País, levando a violência urbana a migrar do Sudeste para as Regiões Norte e Nordeste. Essa é uma das conclusões de um estudo do diretor de Estado, Instituições e Democracia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o economista Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, cuja tese de doutorado sobre as causas e as consequências do crime no Brasil foi vencedora da última edição do Prêmio BNDES de Economia. O trabalho foi elaborado com base na análise das estatísticas do Ministério da Saúde.

Segundo o estudo, Estados que historicamente lideravam as estatísticas de homicídios, como São Paulo e Rio de Janeiro, registraram na década de 2000 queda de 66,6% e de 35,4% no número de assassinatos por 100 mil habitantes, respectivamente. Já o índice de homicídios cresceu 339,5% no Estado da Bahia, no mesmo período. No Estado do Maranhão, o aumento foi de 373%. Na Região Norte, o Estado do Pará registrou uma elevação de 258,4%. Continuar lendo