Às vésperas de uma nova corrida nuclear

Como a hipocrisia dos tratados internacionais e o declínio moral dos Estados Unidos estão gestando risco de rearmamento atômico generalizado

Por Immanuel Wallerestein | Tradução: Antonio Martins

Os Estados Unidos e o Irã estão envoltos em negociações difíceis sobre a possível obtenção, por Teerã, de armas nucleares. A probabilidade de estas negociações resultarem numa fórmula aceita por ambas as partes parece relativamente baixa, porque há, em ambos países, forças poderosas que se opõem frontalmente a um acordo e estão trabalhando com afinco para sabotá-lo.

A visão mais comum, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, é de que se trata, principalmente, de manter um país que se presume inconfiável, o Irã, distante de armas que poderiam ser usadas para se impor diante de Israel e do mundo árabe, em geral. Mas este não é o ponto, definitivamente. Os riscos de o Irã usar uma arma nuclear, se chegar a possuir alguma, não são maiores que os relacionados a cerca de dez outros países, que já têm este armamento. E a capacidade do Irã para proteger as armas contra roubo ou sabotagem é provavelmente maior que a da maior parte dos países.

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Energia nuclear: o que deu errado?

Se tivessem sido bem sucedidas, milhares de termelétricas a energia nuclear estariam em operação pelo mundo

Para o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Edson Kuramoto, o fechamento das usinas na Alemanha, após acidentes em Fukushima, é decisão meramente política

Nem sempre a imagem da energia nuclear foi tão negativa. Do início do século passado até a Segunda Guerra Mundial floresceu uma indústria nuclear baseada no rádio-226. O uso mais importante deste isótopo radioativo e do radônio (produto da desintegração do rádio-226) foi na medicina, permitindo novas formas de tratamento de tumores cancerosos. Continuar lendo