“Zapatismo foi um movimento indígena com características ocidentais”

Para o geógrafo britânico David Harvey, a experiência em Chiapas foi influente. Mas a esquerda deve pensar em outras formas de se organizar na cidade

Zapatistas no México em 1999

Pesquisador de revoltas recentes ao redor do mundo, o geógrafo britânico David Harvey reconhece a influência dos zapatistas nos novos levantes que têm surgido. Mas ele pondera que algumas das suas características são ignoradas pela esquerda em diversos países.

O geógrafo concedeu uma entrevista à reportagem de CartaCapital, na qual fala sobre o legado do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), que há vinte anos tomou o controle de parte da pobre província mexicana de Chiapas.

Harvey destaca as novidades trazidas pelo levante, como a ênfase no direito das mulheres. Ele, porém, se diz “cansado” das pessoas acharem que a revolução “sairá de Chiapas”. Para o geógrafo, a esquerda deve achar uma forma própria de se organizar na cidade. Leia abaixo as falas do geógrafo sobre o levante:

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Zapatismo, vinte anos depois

O levante, ocorrido no México em janeiro de 1994, influenciou a esquerda política em todo o mundo e até mesmo as manifestações de junho no Brasil

O porta-voz subcomandante Marcos, “encapuchado” em 1999

Em 1º de janeiro de 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) tomou o controle de parte da pobre província mexicana de Chiapas. Formado em sua maior parte por indígenas, o EZLN ocupou cidades, libertou presos e desafiou o poder do Estado na região. Depois de longas disputas com o governo do México, o grupo abaixou as armas e adotou estratégias de resistência civil. Hoje, controla parte de Chiapas.

Quase vinte anos depois do levante, a influência do movimento zapatista ainda pode ser sentida. Não apenas no México. Características do zapatismo puderam ser vistas nas manifestações que tomaram o Brasil em junho de 2013. Estopim dos protestos, o Movimento Passe Livre (MPL) compartilha ideias vindas de Chiapas. O MPL é herdeiro da luta antiglobalização do final dos anos 1990. Naquele momento, o EZLN teve sua maior influência dentro da esquerda política, quando movimentos ao redor do mundo, organizados na Ação Global dos Povos, questionavam as políticas neoliberais em evidência na época.

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Os zapatistas criam sua Escuelita global

Professora da Escuelita zapatista. [Foto: Moysés Zúñiga Santiago]

Crônica da Chiapas — onde EZLN abre, para 1700 “alunos” de todo planeta, primeira vivência em práticas de liberdade e autonomia

Por Marta Molina, de Chiapas | Tradução: Bruna Bernacchio

Depois de três dias de festa nos cinco Caracóis zapatistas pelo 10º aniversário das Juntas de Bom Governo (JBG) já está tudo pronto para a tão esperada Escuelita da Liberdade, que começou hoje (12/8) simultaneamente em La Realidad, Oventic, Morelia, La Garrucha, Roberto Barrios, assim como no Centro Indígena de Capacitação Integral (Cideci) em San Cristóbal de Las Casas”.

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