Por trás da crise “financeira”, a velha luta de classes

Marx estava certo, por mais que economistas superficiais tentem negá-lo: causa das turbulências econômicas é enriquecimento sem-fim da burguesia

Por Vicenç Navarro | Tradução: Cibelih Hespanhol 

É surpreendente verificar que a extensíssima literatura produzida sobre as causas das crises atuais se tenha centrado tão pouco no conflito capital-trabalho (aquilo que costumávamos chamar de luta de classes) e sua gênesis no desenvolvimento da crise. Uma possível razão é a enorme atenção dada à crise financeira como suposta causa da recessão atual. Só que essa atenção desviou os analistas do contexto econômico, e também político, que determinou e configurou a crise.

Não é possível analisar cada uma delas, e a maneira como estão relacionadas, sem referir-se ao conflito capital-trabalho. Como bem disse Marx, “a história da humanidade é a história da luta de classes”. E as crises atuais (da financeira à econômica, passando pela social e política) são um claro exemplo disso. Continuar lendo

Não há um “movimento” em disputa, mas uma multidão sequestrada por fascistas

Uma multidão sem representantes, cuja direção (rumo) parece ter sido sequestrada por grupos de extrema-direita e passa a atacar instituições públicas, partidos políticos e manifestantes de esquerda, não só não me representa como passa a ser algo a ser combatido politicamente.

Marco Aurélio Weissheimer

O que começou como uma grande mobilização social contra o aumento das passagens de ônibus e em defesa de um transporte público de qualidade está descambando a olhos vistos para um experimento social incontrolável com características fascistas que não podem mais ser desprezadas. Continuar lendo

Qual o futuro dos BRICS?

Na atual situação em que existem cerca de 8-10-12 protagonistas de poder geopolítico significativo, os BRICS são definitivamente parte da nova estrutura geopolítica multipolar. Mas são tantas incertezas sobre a crise estrutural do sistema-mundo que, tal como o próprio conceito da globalização, os BRICS podem se revelar como um fenômeno passageiro.

Immanuel Wallerstein

Em 2001, Jim O’Neill, então presidente de gestão de ativos do Goldman Sachs, escreveu um artigo aos seus assinantes intitulado “O Mundo precisa de melhores BRICs econômicos”. O’Neill inventou o acrônimo para descrever as chamadas economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China, e para recomendá-las aos investidores como o “futuro” econômico da economia-mundo.

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Ocupar cidades é uma forma de luta muito poderosa, diz o geógrafo David Harvey

Britânico convida esquerda a usar centros urbanos para confrontar o capitalismo

As cidades são uma força econômica muito poderosa. Fechar as cidades, também. Para o geógrafo marxista David Harvey, a esquerda deve aprender a usar isso como forma de luta. O pensamento é também um apelo do britânico, e acompanha sua linha de análise sobre o papel da urbanização como intervenção no sistema econômico.

“Tudo parou de se mexer por três dias em Nova York depois do 11 de setembro. E de repente os poderes perceberam que se não houvesse movimento, não haveria acumulação de capital. O prefeito foi então à televisão fazer um apelo para que as pessoas fossem às ruas consumir, viver normalmente.” O ativista anti-capitalismo cita ainda as mobilizações que aconteceram na Praça Tahrir, no Egito, e o movimento Occupy, espalhado pelo mundo, como exemplos de engajamento urbano. Em visita ao Brasil, insistiu, para um público de mais de mil pessoas, que os centros urbanos são o lugar em que alguma forma de luta contra o capitalismo pode realmente funcionar.

Para geógrafo, organização das cidades pode ser também forma de controle social

Para geógrafo, organização das cidades pode ser também forma de controle social

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