O Brasil mantém a aposta na agricultura contra a crise dos emergentes

A valorização do dólar e até uma estiagem, que deve reduzir a oferta de alimentos, deixam o setor do agronegócio otimista com as perspectivas para os preços das commodities

Trabalhador na época da colheita do café.

Enquanto os mercados financeiros globais passam a olhar com desconfiança para os países emergentes, o Brasil mantém a sua aposta nas commodities agrícolas contra a crise que mudou o status do país de bola da vez para patinho feio. Embora tenham caído entre 9% e 25% na Bolsa em relação ao ano passado, os preços das principais matérias-primas agrícolas exportadas pelo país, como soja, milho e açúcar, foram compensados pela alta do dólar. A cadeia do agronegócio corresponde a 25% do PIB brasileiro e em 2013 suas exportações geraram receitas de 82,6 bilhões de dólares, ou 34,5% do total nacional. A expectativa dos exportadores é, ao menos, repetir o número. Em janeiro, o Índice de Commodities agropecuárias do Banco Central (IC-Br) subiu 1,9% e acumula uma alta de 5,9% nos últimos três meses. Continuar lendo

Amazon, do outro lado do computador

Com empresários celebrizados, telas finas e cores vivas, a economia digital evoca a imaterialidade, a horizontalidade e a criatividade. Porém, uma investigação sobre a gigante do comércio eletrônico Amazon revela o outro lado da moeda: fábricas gigantes em que humanos pilotados por computadores trabalham até a exaustão

por Jean-Baptiste Mallet

Descolando seu olhar dos cartazes do sindicato alemão Ver.di – o sindicato unificado dos serviços – presos à parede da sala de reuniões, Irmgard Schulz se levanta de repente e toma a palavra. “No Japão”, conta, “a Amazon acaba de recrutar cabras para que elas pastem em torno de um armazém. A empresa colocou nelas um crachá igual ao que temos pendurado no pescoço! Está tudo lá: nome, foto, código de barras.” Estamos na reunião semanal de funcionários da Amazon em Bad Hersfeld (Hesse, Alemanha). Em uma imagem, a operária logística acaba de resumir a filosofia social da multinacional de vendas on-line, que propõe ao consumidor comprar com alguns cliques e receber no prazo de 48 horas um esfregão, as obras de Marcel Proust ou um arado motorizado.1

Em todo o mundo, 100 mil pessoas estão trabalhando em 89 armazéns logísticos cuja superfície somada totaliza cerca de 7 milhões de metros quadrados. Em menos de duas décadas, a Amazon projetou-se na vanguarda da economia digital, ao lado da Apple, do Google e do Facebook. Desde seu lançamento em Bolsa, em 1997, seu faturamento foi multiplicado por 420, chegando a US$ 62 bilhões em 2012. Seu fundador e CEO, Jeffrey Preston Bezos, metódico e libertário, inspira aos jornalistas retratos ainda mais lisonjeiros desde que investiu em agosto último US$ 250 milhões – 1% de sua fortuna pessoal – para comprar o diário norte-americanoThe Washington Post. O tema do sucesso econômico eclipsa com certeza o das condições de trabalho. Continuar lendo

Por que a Apple fabrica o iPhone na China

Nayara Fraga

Agilidade. Custo de produção da Apple com iPhone fabricado na Foxconn seria de US$ 8

Agilidade. Custo de produção da Apple com iPhone fabricado na Foxconn seria de US$ 8

Quase todos os 70 milhões de iPhones e 30 milhões de iPads vendidos em 2011 foram fabricados fora dos Estados Unidos, principalmente na China. O porquê disso tem conexão com a mão de obra chinesa mais barata, sim. Mas há outros motivos para grandes companhias como a Apple preferirem fabricar seus produtos em outro lugar que não o território americano, como mostra reportagem publicada pelo New York Times. Continuar lendo