América Latina desperdiça 15% dos alimentos que produz

A região perde 80 milhões de toneladas por ano, 6% do total global de perdas

Um agricultor paraguaio com grãos de bico.

Quantas vezes por semana você joga restos de comida ou alimentos estragados no lixo?

Talvez você pense melhor nisso quando souber que na América Latina, onde milhões de crianças sofrem desnutrição crônica, se perdem 15% dos alimentos que é produzido a cada ano, ou cerca de 80 milhões de toneladas.

Do ponto de vista da nutrição, isto significa que se desperdiça uma quarta parte dos componentes energéticos -ou 450 quilocalorias- que uma pessoa precisa diariamente para viver. Continuar lendo

Não dá para culpar São Pedro pelas enchentes

O governo deu sete anos para que as cidades criem planos de saneamento e, assim, recebam investimento federal. O prazo esgotou — e a imensa maioria não se mexeu. E ainda culpam São Pedro pelas enchentes…

Rastro de lixo: no Rio de Janeiro, detritos da enchente impedem drenagem

O verão se aproxima e o roteiro é o mesmo há décadas. Temporais provocam alagamentos que paralisam o trânsito, desabrigam milhares de pessoas e até matam. A sequência, repetida há pouco no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e na Bahia, é tão conhecida quanto o encadeamento das causas.

Bueiros entupidos pelo lixo limitam ainda mais as precárias redes de águas pluviais, enquanto rios contaminados pelo despejo diário de esgoto sem tratamento transbordam, cercando cidadãos perplexos em meio à sujeira. Culpa de São Pedro? Os transtornos das chuvas dão a dimensão do tamanho do atraso do Brasil no saneamento básico. Continuar lendo

Para superar a Sociedade do Lixo e Desperdício

Ricardo Abramovay alerta: Brasil continuará erguendo montanhas de detritos, enquanto políticas públicas não concretizarem princípio do poluidor-pagador

Entrevista a Antonio Martins | Imagem: Cláudio Dickson

Um júbilo talvez precipitado espalhou-se, há três anos, entre os que lutam para que o Brasil combata a cultura do lixo e do desperdício. Aprovou-se, após duas décadas de lutas, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Alcançaram-se conquistas importantes – a substituição dos “lixões” por aterros sanitários está em curso. Mas muitos esqueceram-se do principal. Aquela vitória era apenas o primeiro passo para a urgente (e já muito atrasada) adoção de políticas efetivas de reciclagem e reaproveitamento.

O economista Ricardo Abramovay acaba de lançar – com Juliana Simões Speranza e Cécile Petitgand – Lixo Zero1, um livro que cutuca feridas incômodas. A obra [disponível em formato eletrônico por apenas R$ 1,90] lembra que, em termos gerais, o país gera um volume imenso e desnecessário de detritos, que emporcalham as cidades e a natureza, e desperdiçam vasta riqueza, contida no que é tolamente descartado. Continuar lendo

Obsolescência planejada: arma estratégica do capitalismo

Para que lucros floresçam, produtos precisam quebrar mais rápido, tornar-se ultrapassados ou indesejados. Preço é eterna angústia dos consumidores e devastação da natureza

Por Valquíria Padilha, Renata Cristina A. Bonifácio

“É comum um telefone celular ir ao lixo com menos de oito meses de uso ou uma impressora nova durar apenas um ano. Em 2005, mais de 100 milhões de telefones celulares foram descartados nos Estados Unidos. Uma CPU de computador, que nos anos 1990 durava até sete anos, hoje dura dois anos. Telefones celulares, computadores, aparelhos de televisão, câmeras fotográficas caem em desuso e são descartados com uma velocidade assustadora. Bem-vindo ao mundo da obsolescência planejada! Continuar lendo

Tomate: do lixo ao luxo

Falou-se muito sobre o tomate, mas pouco sobre a situação do produtor. Milhares de toneladas do fruto foram jogadas no lixo em 2012, diante dos baixos preços pagos ao agricultor. Muitos desistiram da cultura e outros não tiveram crédito para recuperar a nova safra.

Najar Tubino

Abril de 2012, Ribeirão Branco (SP), região de Itapetininga, no sítio administrado por Rubens Almeida, os 90 mil pés de tomate estão sendo derrubados. Já na propriedade de Ismael Rosa 50 mil pés de tomate foram plantados, um investimento de R$200 mil, que agora apodrece no pé e vai para o lixo. Produtores começaram a destruir as roças em fevereiro e a situação só piorou até aqui. Este é um relato do que aconteceu em uma das regiões produtoras de São Paulo, o segundo maior em área, com mais de 10 mil hectares plantados com o fruto, que reduziu o plantio, porque os produtores chegaram a vender a caixa de 22 kg por R$5.

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Enchentes

Além dos mais variados problemas causados pelo homem que assolam as grandes cidades, outros fenômenos que contam com grande participação da natureza também dificultam a vida nos centros urbanos: as enchentes.

por Aline Aquino

As áreas urbanas são as que mais expressam as intervenções humanas no meio natural. O desmatamento, as edificações, a canalização, a mudança do curso dos rios, a poluição da atmosfera, dos cursos de água e a produção de calor geram diversos efeitos sobre os aspectos do ambiente. As alterações ambientais causadas pelas atividades urbanas são sentidas pela população, tais como o aumento da temperatura nas áreas centrais, o aumento de precipitação e as enchentes. Essa última consequência do processo de urbanização teve como causa principal a construção de casas, indústrias, vias marginais implantadas nas áreas de várzeas dos rios e proximidades e é, atualmente, um problema constante nos períodos chuvosos nos principais centros urbanos.

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Resíduos sólidos e responsabilidade civil

A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi um avanço para a sociedade brasileira, porque força toda a cadeia produtiva a investir em novas tecnologias e ideias para diminuir o impacto da produção industrial no meio ambiente

Patrícia Faga Iglecias Lemos

RECICLA, SÃO PAULO! A maior cidade do País recicla pouco mais de 1% de todo o lixo produzido diariamente. Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, apenas 214 toneladas das 18,3 mil toneladas de resíduos sólidos coletados diariamente nas ruas da capital paulista são recicladas, o que representa 1,18% do total.

A ampliação das necessidades, primárias ou socialmente induzidas, e a correspondente elevação do consumo geraram o aumento de resíduos, principalmente no meio urbano, com repercussões no meio ambiente e na saúde pública, o que, paradoxalmente, afeta a qualidade de vida. Partindo do pressuposto de que o consumo é um ato social, realizado a partir de padrões culturais, há o reconhecimento da fragilidade do consumidor e da necessidade de uma proteção aos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010). A partir dessa constatação, entendemos pelo cabimento de soluções macro que envolvem uma atuação preventiva, a partir da educação ambiental, da conscientização, bem como da sistemática da responsabilidade civil, solução essa encontrada via responsabilidade pós-consumo. Continuar lendo

Energia: a saudável opção do lixo

Pouquíssimo conhecida, geração de eletricidade a partir da queima de resíduos pode reduzir em 88% volumes de detritos — mas precisa eliminar emissões tóxicas

Por André Trigueiro, no Envolverde

A demanda por energia no mundo cresce de forma tão preocupante quanto o volume de lixo. Harmonizar de forma inteligente essas curvas de crescimento constitui um dos grandes desafios tecnológicos da atualidade. Essa é a razão pela qual vem crescendo rapidamente o número de países que investem no aproveitamento energético do lixo. São basicamente duas as rotas tecnológicas empregadas para alcançar esse objetivo: a queima direta dos resíduos (waste-to-energy) ou a queima do biogás produzido a partir da decomposição da matéria orgânica do lixo.

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Sustentabilidade, um olhar para fora

Dal Marcondes

A importância de se deixar o carro em casa sempre que possível ainda é algo que está longe de ser compreendido pela sociedade brasileira.

A importância de se deixar o carro em casa sempre que possível ainda é algo que está longe de ser compreendido pela sociedade brasileira.

Dias atrás estava conversando com um bom amigo, que não trabalha nem com comunicação e nem com meio ambiente e sustentabilidade, sobre carros, trânsito e modelo de desenvolvimento. Ele vive em Santos, uma cidade que eu adoro por ser, ainda, uma boa referência em estrutura urbana. Depois de 15 minutos de conversa percebi que estamos em lados completamente opostos em relação ao que seja uma vida confortável e sustentável. Comentei que se Santos continuasse a receber automóveis no ritmo atual, em muito pouco tempo estaria completamente engarrafada, com os mesmo problemas de mobilidade que São Paulo já enfrenta.

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Expedição vai explorar ‘continente de plástico’ formado por lixo no Pacífico

Guiada por satélites “high-tech”, uma escuna francesa da década de 1930 vai, em breve, partir ao encontro do “7º continente” – uma gigantesca placa de lixo plástico que flutua no oceano Pacífico, seis vezes maior do que a França.

“Chocado pelos detritos encontrados no mar” durante sua participação numa competição de remo, em 2009, o explorador Patrick Deixonne decidiu realizar esta expedição científica para alertar o mundo sobre a “catástrofe ecológica” em curso, no nordeste do Pacífico.

Esta placa de lixo “fica em águas pouco usadas pela marinha mercante e o turismo, e a comunidade internacional não se preocupa por enquanto”, disse ele. Continuar lendo