Professor Nasser explica quem foi Ariel Sharon, o açougueiro

O professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, é especialista em conflitos internacionais e em Oriente Médio. Ontem, depois de ler muitos textos ufanísticos sobre a importância da Ariel Sharon para o mundo, enviei a ele três rápidas perguntas sobre o ex-líder israelense. Nasser, muito gentilmente, enviou-me há pouco as respostas que seguem. Elas são esclarecedoras e jogam luz na verdadeira biografia de um homem que ficou famoso como “açougueiro”. Continuar lendo

Os palestinos são os novos judeus

Gideon Levy – Haaretz

Olhe para os palestinos e olhe para nós. Olhe para os seus líderes e lembre dos nossos. Não, é claro, dos que temos hoje, mas dos que um dia tivemos, aqueles que estabeleceram um estado para nós. Os palestinos são os novos judeus e seus líderes são impressionantemente parecidos aos ex-líderes sionistas.

O David Ben-Gurion deles não está mais com eles – Yasser Arafat morreu em circunstâncias misteriosas – mas olhe para Mahmoud Abbas: não é ele Levi Eshkol? Saeb Erekat – não é Abba Eban? Salam Fayyad – não é ele Pinhas Sapir ou Eliezer Kaplan? A mesma moderação, a mesma personalidade discreta, o mesmo pragmatismo, a mesma sabedoria política e até, em certo grau, o mesmo senso de humor. Para alcançar o que é alcançável, desistir dos grandes sonhos – no plano de partição e também na solução dos dois estados. Continuar lendo

64 anos do Nakba: A limpeza étnica da Palestina e as responsabilidades ocidental e brasileira

O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Muitas de suas charges podem ser encontradas no http://latuffcartoons.wordpress.com/.

O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Muitas de suas charges podem ser encontradas no http://latuffcartoons.wordpress.com/.

Imagens do êxodo palestino em 1948

Imagens do êxodo palestino em 1948

I- A Palestina Árabe

A derrota que os árabes impuseram ao domínio bizantino na Palestina, confirmado entre os anos 633 e 638 da era cristã, foi bem recebida pela população local, tanto por cristãos como por judeus e samaritanos, que ainda eram grupos numericamente importantes na região. Estes últimos grupos tinham todos os motivos para preferir a organização árabe, vítimas que já eram da intensa perseguição cristã, que só pioraria com os séculos (aliás, no início do período árabe na Palestina—que se estenderia pelos próximos 1.300 anos–, uma pequena população judaica voltaria a se estabelecer em paz em Jerusalém, depois de 500 anos de ausência, que datavam da sangrenta expulsão que os romanos lhe haviam imposto no segundo século da era cristã). O período árabe também foi bem recebido pelos cristãos da região, que “eram arameus [e] não ficaram incomodados pela organização árabe, pois a etnia era semelhante, de origem semítica”, não tendo eles “motivos para gostar da administração bizantina, de origem romana, não semítica”1. Na Palestina árabe, apesar de um imposto específico para judeus e cristãos, eles gozavam de proteção como “Povos do Livro”, e a atmosfera não tinha muito em comum com o regime de terrorífica perseguição que se instalaria nas regiões controladas pelo Cristianismo. A Sura 2 de Maomé explicitamente rejeita a conversão e o proselitismo violento: “Não obrigueis ninguém em assuntos de religião”. A violência sectária só voltaria a se disseminar na Terra Santa com as empresas cristãs de conquista conhecidas como Cruzadas, a primeira das quais foi proclamada pelo Papa Urbano II em 1095 e resultou no estabelecimento do “Reino de Jerusalém”, em 1099, uma fortaleza de reduzidas relações com seu entorno árabe, ironicamente semelhante, neste aspecto, ao enjaulamento que as construções israelenses ilegais hoje impõem a Jerusalém. Continuar lendo

ESPECIAL QUESTÃO PALESTINA – 2ª PARTE – três matérias sobre a formação do Estado de Israel e os conflitos decorrentes deste processo

BATISMO DE SANGUE

Depois de uma espera de 1.878 anos, os judeus ganham um país. Mas a independência de Israel não encerra a longa marcha:  a diplomacia fracassou e a guerra com os árabes continua

O nascimento de uma nação: palco improvisado, estrelas de Davi e a histórica declaração do patriarca David Ben-Gurion

O nascimento de uma nação: palco improvisado, estrelas de Davi e a histórica declaração do patriarca David Ben-Gurion

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ESPECIAL QUESTÃO PALESTINA – 1ª PARTE – uma matéria e as justificativas de palestinos e judeus pela posse de Israel

Marcelo Buzetto: A Questão Palestina e as Relações Internacionais

 

A questão palestina sempre tem sido tema importante na análise dos conflitos regionais e das relações internacionais, principalmente quando o assunto é o chamado Oriente Médio. Judaísmo, Cristianismo e Islamismo nasceram e se desenvolveram na Palestina.

Por Marcelo Buzetto (matéria resumida)

A localização estratégica

A Palestina é um território de 27.000 quilômetros quadrados que se localiza entre o Egito, Líbano, Síria e Jordânia, tendo um vasto litoral com saída para o Mar Mediterrâneo. Pelo sul da Palestina chega-se ao Golfo de Ácaba, que levará qualquer navegante ao Mar Vermelho, Golfo de Áden, Mar da Arábia, golfo de Omã e Oceano Índico. Continuar lendo