A história do ódio no Brasil

Se tivesse nascido no Brasil, Gandhi não seria um homem sábio, mas um “bundão” ou um “otário”

Por Fred Di Giacomo

As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi

“Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. Continuar lendo

Zygmunt Bauman: vivemos o fim do futuro

“Para mudar o mundo, os jovens precisam trocar
o mundo virtual pelo real” – Zygmunt Bauman

Esta semana (16), o Fronteiras do Pensamento divulgou uma fala de Edgar Morin em que o filósofo francês argumenta que estamos vivendo o fim do futuro. Para Morin, a sociedade percebeu a ambivalência da ciência, da razão, da técnica e da economia e perdeu a crença nestes enquanto guias da humanidade: “A crise do futuro, a crise do progresso. A perda do futuro é muito grave porque, quando se perde a esperança no futuro surge uma sensação de angústia e de neurose”, afirma Morin.

A revista Época publicou, também esta semana (19), uma entrevista exclusiva com o filósofo polonês Zygmunt Bauman. Na conversa com o editor de cultura da Época, Luís Antônio Giron, Bauman, considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização, fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20 anos.

As instituições políticas perderam representatividade porque sofrem com um “deficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma. Leia a entrevista abaixo ou confira no site da Época. Ao final do texto, acrescentamos a entrevista exclusiva que Bauman concedeu a Fernando Schüler e Mário Mazzilli, na Inglaterra, para o Fronteiras do Pensamento. Continuar lendo

Geração Y: superpreparados e frustrados

Muitos jovens nascidos entre os anos 80 e 90 entram no mercado de trabalho com falta de perspectiva e expectativas equivocadas, segundo especialistas

“O jovem de hoje acha que a vida é uma festa openbar”

Vestibular da UNICAMP em janeiro.

Terminar o colegial. Passar no vestibular. Concluir a faculdade. Entrar no mercado de trabalho. Crescer na empresa. Se especializar. O que foi durante décadas o caminho natural da vida adulta para 12% da população brasileira que completou o terceiro grau, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), não parece ser para os jovens da geração Y. “Eles acham que o roteiro é passar no vestibular, conseguir um estágio e ter êxito profissional, mas quando chegam ao mercado, não têm experiência de vida e não estão acostumados a ouvir ‘não’”, afirma Ademar Bueno, diretor do Laboratório de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A FGV é uma faculdade privada de onde saem diretores e presidentes de empresas. As mensalidades podem superar os 4.000 reais para estudar Direito, por exemplo. Continuar lendo

Mais de 40 milhões de pessoas se prostituem no mundo, diz estudo

Estima-se que 2 milhões são crianças; a maioria é agenciada por redes de tráfico

Um estudo da fundação francesa Scelles apontou que mais de 40 milhões de pessoas se prostituem atualmente por todo o mundo. O relatório levou em consideração 24 países e a partir disso traçou um paralelo em relação ao restante do mundo.

Entre os países analisados diretamente pela fundação estão França, Estados Unidos, Índia, China e México. Ainda de acordo com o relatório, 75% das pessoas que se prostituem são mulheres entre 13 e 25 anos.

Os números divulgados pela fundação francesa apontam cerca de 42 milhões de pessoas nesta condição pelo mundo. A cada 10, nove estariam ligados a cafetões ou grupos que organizam esse tipo de atividade. Continuar lendo