Sem Copa Verde

Vendida como a capital da floresta, Manaus acumula decepções com as obras, que já mataram três operários e não trazem retorno para os moradores; além disso, pode decepcionar os visitantes com as marcas da degradação urbana e da desigualdade social

Por Elaíze Farias

Palafitas do Igarapé de Educandos

A arena de futebol custou aos cofres públicos mais de R$ 600 milhões e ninguém sabe o que será dela depois; a reforma do porto consumiu R$ 71 milhões de recursos federais  (via DNIT) e teve o processo de licitação contestado – as obras foram há pouco retomadas mas ainda não se sabe o porto estará pronto antes da Copa. As obras do aeroporto internacional Eduardo Gomes soterraram um curso d’água e desmataram um área protegida da capital amazonense. Os centros de treinamento – dois – não têm data para abertura.

Quando Manaus foi escolhida para sediar quatro jogos da Copa, a decisão foi saudada pela imprensa local e por políticos e um clima de euforia reinou na cidade. Uma lista de projetos que fariam parte “do legado da Copa” entrou nas agendas de discussão dos gestores públicos e passou a pautar reportagens e debates: obras de mobilidade urbana, incremento da rede hoteleira, revitalização de áreas degradadas, melhorias no transporte público. Até mesmo um projeto de geração de energia solar, que seria instalado no entorno da Arena da Amazônia, foi previsto no pacote. Continuar lendo

50 verdades sobre a Revolução Cubana

Símbolo dos desejos de independência da América Latina e do Terceiro Mundo, a Revolução Cubana marcou a história do século XX.

1.      O triunfo da Revolução Cubana, no dia 1 de janeiro de 1959, é o acontecimento mais relevante da história da América Latina no século XX.

2.      As raízes da Revolução Cubana remontam ao século XIX e às guerras de independência.

3.      Durante a primeira guerra de independência, de 1868 a 1878, o exército espanhol derrotou os insurgentes cubanos atolados em profundas divisões internas. Os Estados Unidos apoiaram a Espanha, vendendo ao país armas mais modernas e se opôs aos independentistas perseguindo os exilados cubanos que tentavam dar sua contribuição à luta armada. No dia 29 de outubro de 1872, o secretário de Estado Hamilton Fish compartilhou com Daniel Sickles, então embaixador estadunidense em Madrid, seus “desejos de êxito para a Espanha na supressão da rebelião”. Washington, contrário à independência de Cuba, desejava tomar posse da ilha. Continuar lendo

As falhas no Relatório IDH brasileiro

Diogo Costa

A falta de análise crítica da velha mídia é uma chaga nacional. As notícias veiculadas sobre o IDH referente ao ano de 2012 beiram a má-fé… Vejamos o caso de nossos vizinhos do Cone Sul. Chile, Argentina e Uruguai SEMPRE tiveram indicadores sociais melhores do que o Brasil. Onde está a novidade? A novidade é que o Brasil (que segundo a própria ONU tinha em 1980 um IDH similar ao do Paraguai) vai subindo e alcançando paulatinamente esses três países que SEMPRE tiveram indicadores superiores aos de Pindorama.

Segundo o relatório, os três países latino-americanos que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Nicarágua, Venezuela e Cuba. Também segundo o relatório, os três países do mundo que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Afeganistão, Serra Leoa e Etiópia. Constatações essas que não vimos serem veiculadas em nenhum ‘grande’ meio de comunicação.

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O Sul se desenvolve a um ritmo e escala sem precedentes

“Nunca na história as condições de vida e as perspectivas de tantas pessoas mudaram de forma tão dramática e rápida”, disse Khalid Malik, autor principal do estudo sobre o IDH, elaborado pelo Pnud

Por Thalif Deen, da IPS/Envolverde

As 132 nações em desenvolvimento emergem a um ritmo “sem precedentes em sua velocidade e escala”, indica o último Informe sobre Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado ontem. E “nunca na história as condições de vida e as perspectivas de tantas pessoas mudaram de forma tão dramática e rápida”, disse Khalid Malik, autor principal do estudo, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

“Sem dúvida alguma, as três maiores economias do Sul – China, Índia e Brasil –, são as forças motoras deste fenômeno, devido tanto ao seu enorme tamanho como pela velocidade de seu processo geral em desenvolvimento humano”, apontou Malik, diretor do Escritório do IDH, em entrevista à IPS. Até 2020, a produção econômica combinada dessas três nações emergentes ultrapassará as de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália juntos, diz o estudo de 203 páginas. E “grande parte desta expansão é impulsionada por novas associações comerciais e tecnológicas com o próprio Sul”, segundo o IDH.

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‘A função do manguezal não pode ser traduzida em dinheiro’

Para a doutora em Ciências e Zoologia, Yara Schaeffer Novelli, a emenda que permite o uso de apicuns nada mais é do que uma reforma agrária às avessas

Quatro perguntas para Yara Schaeffer Novelli

'O mangue é precioso, é como o nosso pantanal', diz a especialista

'O mangue é precioso, é como o nosso pantanal', diz a especialista

Graduada em Historia Natural pela Universidade do Brasil (atual UFRJ), mestre em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo, doutora em Ciências e Zoologia pela Universidade de São Paulo e livre-docente em Oceanografia Biológica também pela USP. Atua principalmente nos temas: manguezal, impacto ambiental e ecologia de ecossistemas costeiros tropicais. Continuar lendo

ESPECIAL AMAZÔNIA – 2ª PARTE – 5 matérias sobre a formação e principais características do bioma amazônico

A maior floresta do mundo

Beleza e destruição cobrem metade do Brasil

Herton Escobar

São Gabriel da Cachoeira, cidade onde cerca de 90% da população é descendente de índios.

São Gabriel da Cachoeira, cidade onde cerca de 90% da população é descendente de índios.

MANAUS – A Amazônia tem escala e dimensão singulares e superlativas. É a maior floresta tropical do mundo e maior concentração da biodiversidade do planeta. Sua cobertura verde é uma embalagem viva sob a qual se esconde um universo de animais, plantas, micróbios, genes, climas, águas, índios, beleza e destruição. Cobre metade do território nacional. Não seria exagero dizer que o Brasil é o país da Amazônia, muito mais do que a Amazônia é a floresta do Brasil.

Se somadas as áreas de quase todos os países da Europa (excluindo os da antiga União Soviética), eles caberiam com folga dentro da superfície da Amazônia brasileira. O bioma inteiro tem 6,6 milhões de quilômetros quadrados, espalhados por nove países sul-americanos. O Brasil é dono de quase 65% disso, com mais de 4 milhões de km² de floresta. Só o Estado do Amazonas, com 1,6 milhão de km², tem quase cinco vezes a área da Alemanha ou três vezes o território da França, e é maior do que qualquer um dos outros países amazônicos – Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, fora a Guiana Francesa, que é uma possessão. Continuar lendo