Aids: história e informação

Doença infecciosa revolucionou o mundo, transformando a sociedade, seus hábitos e costumes, principalmente, no que se refere ao sexo, justamente por se alastrar também por meio de sua prática

Breno Rosostolato*

O tema da aids é sempre recorrente na mídia, pela importância de sua discussão e pelo fato de ser uma doença incurável.

Nos últimos anos, as tentativas de se chegar a uma cura criaram uma esperança e uma perspectiva de que logo contemplaremos a erradicação desse mal, que assola a sociedade há 33 anos, desde os primeiros casos, nos Estados Unidos, em 1981. Uma pandemia que se apresentava quando 41 jovens homossexuais apresentaram sarcoma de Kaposi, um câncer raro, que até então se manifestava quase somente em idosos que morriam logo em seguida, ao se internarem no hospital. Durante um tempo, a doença, inclusive, foi chamada de “câncer gay”, batizada de GRID (sigla em inglês para “imunodeficiência relacionada aos gays”), o que determinou o conceito equivocado de “grupo de risco” e estigmatizou os homossexuais, acentuando o preconceito. Quando a doença começou a se manifestar em heterossexuais, mulheres e crianças, sua sigla mudou para aids (em português, com a definição “síndrome da imunodeficiência adquirida”). Em 1983, Robert Gallo e Luc Montagnier descobriram esse novo retrovírus e publicaram suas descobertas na revista científica Science. Continuar lendo

Não penso, logo relincho

Um glossário com a lista dos principais clichês repetidos pelas redes sociais para justificar, no discurso, um mundo de violência e exclusão. Por Matheus Pichonelli

Dizem que uma mentira repetida à exaustão se transforma em verdade. Pura mentira. Uma mentira repetida à exaustão é só uma mentira, que descamba para o clichê, que descamba para o discurso. E o discurso, quando mal calibrado, é o terreno para legitimar ofensas, preconceitos, perseguições e exclusões ao longo da História. Nem sempre é resultado da má-fé. Por estranho que pareça, é na maioria das vezes fruto da indigência mental – uma indigência mental que assola as escolas, a imprensa, as tribunas, as mesas de bares, as redes sociais. Com os anos, a liberdade dos leitores para se manifestar sobre qualquer assunto e o exercício de moderação de comentários nos levam a reconhecer um clichê pelo cheiro. Listamos alguns deles abaixo com um apelo humanitário: ao replicar, você não está sendo original; está apenas repetindo uma fórmula pronta sem precisar pensar sobre tema algum. E um clichê repetido à exaustão, vale lembrar, não é debate. É apenas relincho*. Continuar lendo

O arco-íris no centro da política

Para sociólogo francês, a bandeira do ‘casamento igualitário’ – já hasteada em 14 países – transcendeu o universo das minorias e assumiu a vanguarda na transformação da sociedade

Tão logo foi ratificado pelo Parlamento da França na terça-feira, o projeto que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais homossexuais desencadeou protestos violentos. Em Paris, manifestantes atiraram garrafas, latas e pedaços de metal na polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e prendeu 12 pessoas. Os distúrbios foram ainda mais violentos em Lyon, no centro-oeste do pais, onde 44 foram detidos.

Promessa de campanha do presidente François Hollande, eleito pelo Partido Socialista em maio de 2012, o projeto enfrentou resistência da Igreja Católica francesa, da União pelo Movimento Popular, legenda do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e da Frente Nacional, de extrema direita. A votação dividida na Assembleia Nacional – 331 votos à favor e 225 contra – já prenunciava a situação da causa do “casamento igualitário”, como preferem seus defensores, não só na França, mas no mundo: um cenário de vitórias sucessivas, quase sempre apertadas. Continuar lendo