Não se fez tábula rasa

As marcas do regime militar 
ainda atrasam o desenvolvimento 
da escola no Brasil

Por Cinthia Rodrigues

Alunas no desfile de 7 de Setembro em Araranguá (SC), em 1975

Formação de professores em escala, fortalecimento da educação privada, segmentação de currículos e até mesmo a arquitetura prisional dos prédios. Tais práticas e características da educação brasileira às quais nos habituamos dizem muito sobre o regime militar imposto durante mais de duas décadas ao País e a seus cidadãos. Outros resquícios do cinquentenário golpe são mais escusos, porém não menos nocivos. A dificuldade que as escolas encontram em lidar com a aprendizagem de forma democrática, a intolerância à diversidade e a falta de referências mais experientes seriam também decorrência da formação repressiva. “O controle político e ideológico permanece nas mentes e nos corpos”, resume Aparecida Neri de Souza, professora da Faculdade de Educação da Unicamp com pós-doutorado em Sociologia do Trabalho Docente.

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O novo não se inventa, descobre-se

Reconhecido internacionalmente por suas contribuições às Ciências Humanas e, entre os que conviveram com ele, por sua generosidade e humildade, Milton Santos é hoje uma referência também para o movimento negro

Por Glauco Faria

“Ele representava nas Ciências Humanas o que se pode chamar de ala combatente. O que Florestan Fernandes foi na Sociologia, ele foi na Geografia. Nos seus trabalhos, o rigor científico nunca foi obstáculo a uma consciência social desenvolvida e profundamente arraigada nos problemas do Brasil.” Foi assim que um dos grandes intelectuais brasileiros, Antonio Candido, definiu o geógrafo Milton Santos, que foi seu colega na Universidade de São Paulo (USP).

Baiano de Brotas de Macaúbas, Milton Santos cursou Direito em Salvador, embora quando jovem tivesse dado aulas na área que verdadeiramente o apaixonava, a Geografia. Na universidade, envolveu-se com a política estudantil e chegou a ser eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Mas as letras da lei não foram suficientes para seduzi-lo e, concluída a graduação, Milton tornou-se professor de Geografia do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia) e do Colégio Central. Levou a concurso sua tese Povoamento da Bahia, e passou a ocupar a cadeira de Geografia Humana do Ginásio Municipal de Ilhéus. E foi ali que escreveu seu primeiro livro, A Zona do Cacau, que tratava da monocultura na região. A obra já alertava para os riscos que poderiam advir da adoção de tal prática. Continuar lendo

Entre o global e o local

Pensar uma geografia histórica para o Brasil requer que nos voltemos para as questões nacionais, de modo a inquiri-las tanto no passado quanto no presente

Diogo da Silva Roiz*

A densidade geográfica de nossa formação e de nossa atualidade impõe um forte conteúdo de particularidades nacionais a serem levantadas e interpretadas pelos geógrafos, cuja explicação adequada aparece como condição para se propor um projeto viável de nação para o Brasil. Explicitar posicionamentos metodológicos, adestrar o instrumental analítico com que se opera, bem como clarificar conceitos e teorias utilizadas são fundamentos prévios ao propósito de gerar uma geografia que oriente a instalação da modernidade que queremos para o País. Para tanto, temos que abandonar o ideal de buscar de imediato uma utopia celeste (o céu na Terra) e superar a desesperança do inferno presente. É o que anima o caminho na trilha do purgatório… (Moraes, 2009, p. 150). Continuar lendo

O que está em jogo na OMC

Mexicano e brasileiro disputam liderança de organização que se viciou em proteger países ricos. Pela primeira vez, isso pode mudar

Por Mark Weisbrot, na Al Jazeera | Tradução: Vila Vudu

Em 2004, quando as negociações comandadas por Washington a favor de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) já estavam praticamente fracassadas, Adhemar Bahadian, brasileiro, co-presidente da comissão de negociações, descreveu com muito espírito o clima de frustração reinante. Comparou o acordo a “uma stripper de cabaré barato”: “à noite, na penumbra, é uma deusa” – disse ele à imprensa. – “Mas à luz do dia a moça é coisa completamente diferente. Talvez nem seja mulher.”

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El eterno retorno de la geografía

El siguiente articulo fue publicado en el sitio Opinion.com.bo y trata sobre la construcción del espacio geográfico de los pueblos y el necesario cambio hacia una visión mas critica y por ende mas inclusiva de los pormenores de la vida diaria que son los que crean y configuran el espacio-lugar que habitamos.

?Sin llegar al determinismo del alemán Karl Haushofer, quien sentenciaba “el espacio rige a la humanidad”, el geógrafo inglés Sir Halford Mackinder expresó con anterioridad que “en el corto plazo la naturaleza siempre prevalece”. Aunque en esta segunda década del tercer milenio la tecnología y el talento humano permiten alteraciones del hábitat que mejoran o empeoran las condiciones de quienes viven en “x” suelo, es un hecho que el estudio de la geografía -de lo que está a la vista aquí y ahora en materia de suelo, subsuelo, superficie y lo que ella trae consigo- permanece, marcando a fuego las condiciones y el propio carácter del pueblo que habita un determinado territorio, trayendo consigo ventajas o desventajas, peligros o tranquilidad.

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Cresce debate em Israel sobre criação de Estado binacional com Palestina

Especialistas acreditam que, com os quase 200 assentamentos israelenses na Cisjordânia, a separação torna-se cada vez mais impossível

Ativista segura bandeira palestina perto de uma tenda recém montada no vilarejo de Beit Iksa, na Cisjordânia, entre Ramallah e Jerusalém Foto: Mohamad Torokman / Reuters

Em vista da paralisação do processo de paz entre israelenses e palestinos e da crescente colonização dos territórios ocupados, a solução baseada em dois Estados torna-se mais distante e a discussão sobre a possibilidade de que os dois povos vivam juntos em um Estado binacional faz-se mais frequente.

Desde a assinatura do acordo de Oslo, pelo lider palestino Yasser Arafat e pelo primeiro-ministro de Israel Itzhak Rabin, em 1993, o número de colonos israelenses que vivem na Cisjordânia quase quadriplicou. De 100 mil colonos naquela época, a população israelense nos territórios ocupados cresceu para cerca de 380 mil.

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Alexander von Humboldt, el padre de la geografía moderna universal

  • Recibió clases de Filosofía, Física, Idiomas, Grabado, Dibujo y Administración
  • Luchó por perfeccionar las técnicas mineras y las condiciones del trabajo
  • Descubrió la corriente que lleva su nombre o corriente del Perú

NURIA MARTÍNEZ MEDINA

Alexander von Humboldt, geógrafo, naturalista y explorador alemán

Alexander von Humboldt, geógrafo, naturalista y explorador alemán. El geógrafo y naturalista alemán Friedrich Heinrich Alexander, barón de Humboldt, nació en Berlín el 14 de septiembre de 1769. Hijo de un oficial prusiano de la corte de Federico II El Grande, y hermano del filósofo Wilhelm von Humboldt, fue un hombre con una increíble personalidad.

En su larguísima vida desarrolló una intensa actividad con amplios intereses y grandes conocimientos. Tuvo una esmerada educación dirigida por profesores privados, en el castillo de Tegel.

Durante su adolescencia recibió clases de Filosofía, Física, Idiomas, Grabado y Dibujo y, para complacer los deseos de su madre, estudió también Administración. Poco más adelante estudiaría Botánica.

En 1790 hizo el primero de sus numerosos viajes que lo llevó por el Rin hasta Holanda y de allí a Inglaterra, y empezó a soñar con navegar a otros continentes.

Estudió en las universidades de Frankfort del Oder, Berlín y Gotinga y en la escuela de minas de Friburgo. En 1792 fue nombrado director de Minas del Principado de Bayreuth. Continuar lendo

ESPECIAL AZIZ AB’SABER – uma reportagem sobre o falecimento do grande mestre, sete entrevistas impressas e três entrevistas em vídeo, além de links para mais reportagens

Morre Aziz Ab’Sáber, decano da geografia física no Brasil

Aziz Nacib Ab’Sáber, pesquisador da USP e um dos maiores especialistas em geografia física do país, bem como uma voz ativa nos debates sobre biodiversidade e preservação ambiental, morreu na manhã desta sexta-feira, às 10h20, em São Paulo. Ele tinha 87 anos.

A informação foi dada pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), instituição que Ab’Sáber presidiu de 1993 a 1995 e da qual era presidente de honra e conselheiro.

Ab’Sáber morreu em casa. “Ele tomou café, sentou na cama e deu um suspiro. Morreu em seguida, foi fulminante”, disse Nídia Nacib Pontuschka, irmã do geógrafo. Ela afirma que a causa da morte ainda não foi identificada, mas suspeita-se que tenha sido um infarto ou um derrame. Continuar lendo

Ocupar cidades é uma forma de luta muito poderosa, diz o geógrafo David Harvey

Britânico convida esquerda a usar centros urbanos para confrontar o capitalismo

As cidades são uma força econômica muito poderosa. Fechar as cidades, também. Para o geógrafo marxista David Harvey, a esquerda deve aprender a usar isso como forma de luta. O pensamento é também um apelo do britânico, e acompanha sua linha de análise sobre o papel da urbanização como intervenção no sistema econômico.

“Tudo parou de se mexer por três dias em Nova York depois do 11 de setembro. E de repente os poderes perceberam que se não houvesse movimento, não haveria acumulação de capital. O prefeito foi então à televisão fazer um apelo para que as pessoas fossem às ruas consumir, viver normalmente.” O ativista anti-capitalismo cita ainda as mobilizações que aconteceram na Praça Tahrir, no Egito, e o movimento Occupy, espalhado pelo mundo, como exemplos de engajamento urbano. Em visita ao Brasil, insistiu, para um público de mais de mil pessoas, que os centros urbanos são o lugar em que alguma forma de luta contra o capitalismo pode realmente funcionar.

Para geógrafo, organização das cidades pode ser também forma de controle social

Para geógrafo, organização das cidades pode ser também forma de controle social

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GEOGRAFIA EM IMAGENS – 40 fotografias espetaculares de obras Humanas e da Natureza

Carrossel suspenso mais alto do mundo, localizado em Viena, com seus 117 metros.

Paredes de Thor – “As portas do calabouço”, em Cape Perpetua, Oregon.Na maré com águas fortes e moderadas, esta maravilhosa paisagem é criada.

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