A história do ódio no Brasil

Se tivesse nascido no Brasil, Gandhi não seria um homem sábio, mas um “bundão” ou um “otário”

Por Fred Di Giacomo

As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi

“Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. Continuar lendo

Sobre a Venezuela: a guerra da informação

Os venezuelanos já têm experiência de quanto o manejo e a manipulação da informação faz parte do desenvolvimento de conflitos sociais.

Manuel E. Gándara Carballido (*)

Nós, venezuelanos, assistimos a um novo ciclo de fatos violentos e, mais uma vez, se faz necessário um talento crítico que permita avaliar a situação sem cair em leituras interessadamente distorcidas.

Na Venezuela, temos experiência de quanto o manejo (e a manipulação) da informação faz parte do desenvolvimento dos conflitos e das confrontações sociais.

Neste novo episódio, assistimos a bloqueios e auto-bloqueios informativos por parte de alguns meios de comunicação. Diante disso, muitas pessoas recorrem às redes sociais para saber o que está acontecendo. Nelas, encontram muitas fotos, vídeos e denúncias apresentadas como se fossem registros do que está acontecendo nestes dias no país quando, na verdade, pertencem a outros países e a outros momentos históricos. Assim, é preciso suspeitar da informação que nos chega sobre os acontecimentos. É necessário avaliá-la e contrastá-la antes de tomá-la como verdadeira. Continuar lendo