Wallerstein: crise dos “emergentes” ou do Sistema?

Novas turbulências sugerem: vivemos época de bifurcação. Em declínio, capitalismo será superado – por algo bem melhor ou bem pior que ele…

Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Antonio Martins

Não faz muito tempo, os “especialistas” e os investidores viam os “mercados emergentes” – um eufemismo para China, Índia, Brasil e alguns outros – como salvadores da economia-mundo. Eram eles que iriam sustentar o crescimento e, portanto, a acumulação de capitais, quando os EUA, a União Europeia e o Japão declinavam, em seu papel tradicional de pilastras do sistema capitalista global.

Por isso, é chocante que, nas duas últimas semanas de janeiro, o Wall Street Journal (WSJ), Financial Times (FT), o Main Street, a agência Bloomberg, o New York Times (NYT) e o Fundo Monetário Internacional tenham, todos, soado o alarme sobre o “colapso” destes mesmos mercados emergentes; e que tenham advertido, em especial, sobre a deflação, que poderia ser “contagiosa”. Tive a impressão de que estão em pânico, quase indisfarçável. Continuar lendo

À beira da guerra civil

Viktor Yanukovych tenta evitar o pior, mas a tensão cresce dia a dia

Os opositores ainda ocupam 4 prédios governamentais e exigem a demissão do presidente

Na noite de quinta-feira 30, a Ucrânia parecia à beira de uma guerra civil. Com problemas respiratórios e febre alta em seu palácio de cinco andares 40 quilômetros ao norte de Kiev, o presidente Viktor Yanukovych, de 63 anos, postou no website presidencial: “O governo cumpriu todas as suas obrigações”. E emendou: mas a oposição política continua a protestar. E como. Na Praça da Independência, imagens televisivas mostravam uma catapulta apenas, construída pelos manifestantes. Objetivo: arremessar paralelepípedos contra o Parlamento. Mais conhecido como Rada, nessa semana aprovou uma lei para anistiar centenas de manifestantes detidos ao sabor de leis draconianas a proibir protestos públicos e censurar a mídia, impostas pelo presidente. Continuar lendo

Breve inventário da desigualdade planetária

Novo vídeo revela dados chocantes sobre injustiças globais. Exemplo: trezentas pessoas mais ricas da Terra têm mais que populações do Brasil, Índia, China e EUA 

Por Inês Castilho

A crise do capitalismo e as revoltas populares que varrem o mundo vêm trazendo à consciência coletiva a desigualdade entre países e seres humanos. Os governos dos países ricos gostam de dizer que ajudam os países pobres, mas todo ano tiram, destes, dez vezes mais do que põem em forma de ajuda ao desenvolvimento. Continuar lendo

Crônica sobre a possível Primavera Brasileira

Protestos em 2000 contra o G8

Algo une novos protestos aos Fóruns Sociais Mundiais: é a noção de que lutas podem colocar direitos acima do capital
Por Marília Moschkovich

Episódio um: 500 anos de qual Brasil?

No início do ano 2000 eu tinha 13 anos. A economia do Brasil era um pouco capenga (embora já bem melhor do que uma década antes) e devíamos muito dinheiro ao Fundo Monetário Internacional. Fazia pouco tempo que tínhamos alcançado a universalização da educação básica, e o número de analfabetos ainda era maior do que hoje. A desigualdade social e o desemprego também eram maiores. Nesse contexto, que era relativamente dramático, “celebrava-se” os supostos “500 anos” do Brasil.

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Trio de brasileiros da Ambev tem fortuna maior que PIB de 97 países

Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles em capa de livro de Cristiane Correa Foto: Reprodução

A fortuna conjunta dos empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto de Veiga Sicupira e Marcel Telles, trio sócio da cervejaria AB Inbev (Ambev), da marca de condimentos Heinz e da rede de lanchonetes Burger King, chega a US$ 34,8 bilhões (cerca de R$ 69,6 bilhões) de acordo com levantamento da revista americana Forbes. O valor é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de 97 países, conforme levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) com 188 localidades.

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O que está em jogo na OMC

Mexicano e brasileiro disputam liderança de organização que se viciou em proteger países ricos. Pela primeira vez, isso pode mudar

Por Mark Weisbrot, na Al Jazeera | Tradução: Vila Vudu

Em 2004, quando as negociações comandadas por Washington a favor de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) já estavam praticamente fracassadas, Adhemar Bahadian, brasileiro, co-presidente da comissão de negociações, descreveu com muito espírito o clima de frustração reinante. Comparou o acordo a “uma stripper de cabaré barato”: “à noite, na penumbra, é uma deusa” – disse ele à imprensa. – “Mas à luz do dia a moça é coisa completamente diferente. Talvez nem seja mulher.”

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O que acontece no Chipre e por quê?

Mais uma vez a Troika atua com falta de inteligência e imprudência imperdoáveis. Irá carregar por muitos anos o sistema bancário cipriota, ao tentar reviver um morto que não poderá levantar a cabeça. Empobrece-se por décadas uma população, enquanto o modelo de paraíso fiscal permanece lá, intacto. Por Juan Torres López, do Rebelión

A grande maioria das pessoas se espantou quando ficou conhecido que a Troika (Comissão Europeia, Banco Cental Europeu e o FMI) acabara de ceder um empréstimo ao Chipre com a condição de privatizar serviços públicos e diminuir gastos e de estabelecer um imposto de 9,9% (como se fosse oferta de um supermercado) para depósitos acima de 100 mil euros e de 6,75% para os menores. Continuar lendo

Boaventura Santos: Chávez e o papel do carisma

Para sociólogo português, identificação com governante popular pode mobilizar e conscientizar. Problema é que termina com a morte

Por Boaventura de Sousa Santos, no site de Ladislau Dowbor

Morreu o líder político democrático mais carismático das últimas décadas. Quando acontece em democracia, o carisma cria uma relação política entre governantes e governados particularmente mobilizadora, porque junta à legitimidade democrática uma identidade de pertença e uma partilha de objetivos que está muito para além da representação política. As classes populares, habituadas a serem golpeadas por um poder distante e opressor (as democracias de baixa intensidade alimentam esse poder) vivem momentos em que a distância entre representantes e representados quase se desvanece. Continuar lendo

Banco dos Brics deve ser anunciado no fim de março

Em Durban, África do Sul, deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento

Por Carlos Tautz, do Brasil de Fato

Anúncio oficial da criação do “Banco dos Brics” deve ficar para a 6a Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Ao longo da 5ª reunião de chefes de estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que acontece em finais de março, em Durban (África do Sul), deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento, o banco dos Brics. Tudo indica que ali vão se iniciar os estudos finos sobre a nova instituição, com o anúncio oficial de criação ficando para a 6ª Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014.

Confirmadas essas possibilidades, estará aberta uma enorme janela histórica de oportunidade para incidência da sociedade civil internacional. Afinal, não é todos os dias que se criam instituições com essa natureza e missão, nem que organizações do campo popular podem se articular para garantir que os critérios de financiamento incluam a obediência a uma ampla gama de direitos.

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Timor Leste celebra 10 anos de independência em um ambiente de paz

Depois de décadas de conflito, país ainda luta contra a pobreza extrema

Tropas em parada de comemoração aos 10 anos de independência do Timor Leste

Tropas em parada de comemoração aos 10 anos de independência do Timor Leste

O Timor Leste se prepara para celebrar neste final de semana os 10 anos de sua independência, com o orgulho de ter reestabelecido a paz depois de décadas de conflitos. Embora o país, que fica no sudeste da Ásia, ainda luta contra a pobreza endêmica e tenta provar que pode garantir seu desenvolvimento, a população comemora a independência. Continuar lendo