Löwy: Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia

Por Michael Löwy

A ascensão do neonazismo na Europa e nos EUA tem sido relegada a um segundo plano pelas forças progressistas

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para o sociólogo Michael Löwy, em artigo traduzido pela jornalista Úrsula Passos, o discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.

Leia, a seguir, a íntegra do artigo: Continuar lendo

A Segunda Guerra Fria

À diferença do conflito original do século XX, desta vez a briga não se alimenta da ideologia, mas de interesses estratégicos dos EUA e da Rússia

por André Barrocal

Membros das tropas russas montam guarda perto do navio da marinha ucraniana no porto da cidade ucraniana de Sevastopol

O brasileiro que se desligou do mundo e caiu na folia durante o Carnaval tem motivos para um certo déjà vu ao voltar à realidade nesta quarta-feira de Cinzas. Em um lugar de nome esquisito e bem longe do Brasil, Estados Unidos e Rússia travam uma batalha diplomática que corre o risco de descambar para as armas. Aliados a forças locais distintas de um país em ebulição, Moscou e Washington lutam para que o poder caia nas mãos de um governo alinhado. E parece não haver meio termo: ou se está afinado com um lado ou com o outro. A Guerra Fria ressuscitou?

A crise na Ucrânia, aguçada com a queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro, tem muitos dos ingredientes da disputa “capitalistas x comunistas” que rachou o globo após a II Guerra Mundial. No sábado 1°, o parlamento russo autorizou o presidente Vladimir Putin a enviar tropas à Ucrânia para defender instalações militares e cidadãos russos naquele país, cuja parte leste tem forte identidade com Moscou. Na terça-feira 4, Putin chamou de “golpe de Estado” a queda de Yanukovich e admitiu usar a autorização parlamentar. No mesmo dia, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, foi à Ucrânia manifestar o apoio de Washington ao governo de transição e acenar com 1 bilhão de dólares de ajuda. Continuar lendo

O que realmente é o fascismo

por Lew Rockwell

Todo mundo sabe que o termo fascista é hoje pejorativo; um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer posição política da qual o orador não goste.  Não há ninguém no mundo atual propenso a bater no peito e dizer “Sou um fascista; considero o fascismo um grande sistema econômico e social.”Porém, afirmo que, caso fossem honestos, a vasta maioria dos políticos, intelectuais e ativistas do mundo atual teria de dizer exatamente isto a respeito de si mesmos.O fascismo é o sistema de governo que carteliza o setor privado, planeja centralizadamente a economia subsidiando grandes empresários com boas conexões políticas, exalta o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem, nega direitos e liberdades fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da sociedade.

Tente imaginar algum país cujo governo não siga nenhuma destas características acima.  Tal arranjo se tornou tão corriqueiro, tão trivial, que praticamente deixou de ser notado pelas pessoas.  Praticamente ninguém conhece este sistema pelo seu verdadeiro nome. Continuar lendo

De nazismo a fascismo

A extrema-direita cresce em vários países, a começar pelo Aurora Dourada na Grécia. Hoje o FN de Marine Le Pen é o maior partido da França

Apoiadores do partido Aurora Dourada protestam em Atenas contra a acusação a membros do partido de crime organizado, em 2 de outubro

Nikos Michaloliakos, o líder do partido grego Aurora Dourada, aguarda julgamento atrás das grades. Se provados elos diretos do deputado extremista com a morte do músico Pavlos Fyssas a 18 de setembro em Atenas, o sombrio matemático de 56 anos e mais uma caterva de colegas passarão anos atrás das grades.

Enquanto isso, na quinta-feira 10 a capa do semanário francês Le Nouvel Observateur estampou a foto de Marine Le Pen, líder da legenda de extrema-direita Frente Nacional (FN), com outra espantosa notícia: segundo uma sondagem do Ifop para o semanário, 24% dos franceses votarão na FN nas eleições europeias, em maio de 2014. Portanto, a FN terá mais votos do que as duas maiores legendas francesas, o Partido Socialista e a conservadora União por um Movimento Popular (UMP). Marine Le Pen poderá se tornar a líder do maior partido da França. Nesse caso seria previsível uma nova eleição presidencial semelhante àquela de 21 de abril de 2002, quando o pai de Le Pen, Jean-Marie, disputou o segundo turno contra o conservador Jacques Chirac. Detalhe: Marine Le Pen terá mais chances de levar a melhor nas próximas presidenciais.

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As sementes do fascismo, no século 21

Polícia de SP ataca o Pinheirinho, em 2011: incapaz de integrar marginalizados à sua lógica, sistema passou a fustigá-los e deslocá-los permanentemente

Para retomar acumulação, em tempos de crise, capital ensaia estratégia particular. Inclui guerras, especulação financeira máxima e criminalização das “populações excedentes”  

Por William I. Robinson | Tradução: Taís Gonzalez

Em Policing the Crisis, clássico estudo conduzido, em 1978, pelo famoso socialista e teórico cultural Stuart Hall e alguns colegas, os autores mostram que a reestruturação do capitalismo, uma resposta à crise da década de 1970 – a última grande crise mundial do capitalismo até a de 2008 –, produziu, no Reino Unido e em todo o mundo, um “estado excepcional”. Significava um processo de ruptura com os mecanismos de controle social, então consensuais, e um autoritarismo crescente. Eles escreveram: Continuar lendo

Não há ameaça de golpe!

Fala-se em ameaça de golpe, retrocesso democrático e outras coisas piores. A direita que foi aos protestos dos últimos dias tem gás para tanto? Grupos semelhantes articularam o movimento “Cansei”, em 2007. É pouco provável que arrastem, por eles mesmos, turbas numerosas atrás de seus slogans hoje em dia.

Gilberto Maringoni

A noite desta quinta abre um cenário preocupante. A direita veio para a disputa física das manifestações iniciadas há duas semanas. E o fez de forma ruidosa e truculenta em várias cidades, com destaque para São Paulo.

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Qual o país mais racista da Europa?

Neste infame campeonato, é difícil escolher um vencedor. Mas algo parece claro: é preciso resgatar o Velho Continente de sua tendência atual ao ódio e fascismo 

Por Gavin Haynes, na Revista Vice  

O programa Panorama da BBC revelou recentemente que os poloneses são todos massivamente racistas. Como deixaram esses fanáticos hospedarem a Eurocopa 2012? Em resposta, a imprensa britânica anda esbravejando e discutindo sobre isso do jeito que a imprensa sempre faz quando não tem mais nada pra falar. O que a BBC ignorou, talvez deliberadamente, é que nenhum outro país da Europa é muito melhor.

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Na Europa Oriental, saudades do nazismo

O parlamento da Estônia aprovará em março, com ampla maioria, a concessão do título de “lutadores da liberdade” aos membros da “Legião SS” estoniana que combateu ao lado de Hitler contra os soviéticos, na II Guerra Mundial.

Os veteranos estonianos da SS, aproximadamente 12 mil homens em 1944, há anos glorificam sua participação na guerra, em atos oficiais aos quais convidam ex-SS e jovens neonazistas de outros países. Mas a primeira lei em favor dos “lutadores pela liberdade” será a de março.

Algo parecido acontece na região ocidental da Ucrânia, onde os combatentes da divisão “Galizia” das SS se glorificam de seus atos há anos. Continuar lendo