Brasil gasta R$ 61 bilhões com segurança pública

Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os recursos são mal-empregados e taxas de homicídio e estupro avançam

Os gastos com segurança pública no Brasil totalizaram R$ 61,1 bilhões em 2012, um crescimento de 15,83% em relação ao ano anterior. Os dados constam na 7a edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e apresentado em novembro de 2013 em São Paulo. Continuar lendo

Para 58,5%, comportamento feminino influencia estupros, diz pesquisa

Ipea divulgou estudo ‘Tolerância social à violência contra as mulheres’.
Instituto ouviu 3.810 pessoas em 212 cidades entre maio e junho de 2013.

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo, mostra que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão.

O estudo também demonstra que 65,1% concordam inteiramente (42,7%) ou parcialmente (22,4%) com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, enquanto 24% discordam totalmente, 8,4% discordam parcialmente e 2,5% se declaram neutros.

A pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres. A assessoria do Ipea não informou qual o percentual de homens e de mulheres que opinaram especificamente em relação à questão do comportamento feminino. Continuar lendo

A história do ódio no Brasil

Se tivesse nascido no Brasil, Gandhi não seria um homem sábio, mas um “bundão” ou um “otário”

Por Fred Di Giacomo

As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi

“Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. Continuar lendo

As crianças soldados da República Democrática do Congo

Relatório da ONU ressalta “recrutamento endêmico” de crianças por grupos armados. Elas são utilizadas, entre outros lugares, em minas de metais para tablets e gadgets

Relatório da ONU ressalta “recrutamento endêmico” de crianças por grupos armados. Elas são utilizadas, entre outros lugares, em minas de metais para tablets e gadgets

Um grave, e infelizmente comum, problema em muitos países da África deixou a missão de paz da ONU na República Democrática do Congo (Monusco, da sigla em francês) “extremamente preocupada”. Segundo um relatório publicado na última semana, entre janeiro de 2012 e agosto de 2013 cerca de 1 mil casos de crianças recrutadas por grupos armados congoleses foram registrados.

O primeiro levantamento da missão da ONU sobre crianças soldados no país ressalta que “o recrutamento permanece endêmico” na RDC, apesar de campanhas de conscientização e tentativas de pacificar grupos armados. O número elevado de casos nos últimos dois anos, acreditam as Nações Unidas, ocorreu devido a novos conflitos internos no país africano. Continuar lendo

Guatemala: um campo de extermínio da Guerra Fria

Leonardo Severo

“Na Guatemala, o terror se transformou num espetáculo: soldados, comissionados e patrulheiros civis estupravam as mulheres diante dos maridos e dos filhos. O zelo anticomunista e o ódio racista se disseminaram no desempenho da contrainsurgência. As matanças eram inconcebivelmente brutais. Os soldados matavam crianças, lançando-as contra rochas na presença dos pais. Extraíam órgãos e fetos, amputavam a genitália e os membros perpetravam estupros múltiplos e em massa e queimavam vivas algumas vítimas”.

O relato extraído do livro “A revolução guatemalteca”, (Greg Grandin, Editora UNESP, 2004), descreve os pormenores da política de terrorismo de Estado promovida pelos governos dos EUA – com apoio de Israel – contra os movimentos de resistência da nação maia nos anos 70 e 80.

Vale lembrar, destaca o autor, que “as práticas ensaiadas na Guatemala – como as desestabilizações e os esquadrões da morte dirigidos por agências de inteligência profissionalizadas – propagaram-se por toda a região nas décadas subsequentes”. E ganharam o mundo, afirmamos nós, como o comprovam as invasões do Iraque e da Líbia, onde o número de mercenários superou em muito o do exército regular. O fato destas “empresas” estarem entre as principais doadoras das bilionárias campanhas eleitorais estadunidenses não é um mero detalhe. Assim como o fato do secretário de Estado norte-americano Foster Dulles, advogado/acionista da United Fruit, ter comandado a campanha – ao lado de seu irmão Allen Dulles, chefe da CIA – pela derrubada do presidente guatemalteco Jacobo Árbenz, consumada em 28 de junho de 1954. O motor do golpe que levou ao poder o coronel Castillo Armas foi a nacionalização de terras da “Frutera” e sua distribuição a camponeses pobres e a indígenas.

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