Löwy: Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia

Por Michael Löwy

A ascensão do neonazismo na Europa e nos EUA tem sido relegada a um segundo plano pelas forças progressistas

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para o sociólogo Michael Löwy, em artigo traduzido pela jornalista Úrsula Passos, o discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.

Leia, a seguir, a íntegra do artigo: Continuar lendo

Por que fazemos guerras: As 10 teorias mais importantes sobre as causas da guerra

Ainda que, observando a situação com um pouco de perspectiva, guerras pareçam fazer pouco ou nenhum sentido, elas também são parte da condição humana. Temos registros de guerras antes mesmo do surgimento da escrita, e há até mesmo evidências de que alguns animais, como os chimpanzés e formigas, também guerreiam. Mas por que fazemos isso? Aqui estão dez das mais importantes teorias.

1. A hipótese do guerreiro masculino

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Formulada por um grupo de psicólogos evolucionistas, esta hipótese sugere que os homens evoluíram em seres violentos e bélicos a fim de garantir o acesso a mulheres e outros recursos. Essencialmente, formar coalizões violentas com outros homens era uma estratégia de acasalamento. O que fosse mais bem-sucedido na “coligação de guerra” seria o que se daria melhor no quesito “passar seus genes para frente”. Continuar lendo

A Primavera Árabe ainda não disse sua última palavra

Três anos após o início do movimento que derrubou presidentes, a contestação no mundo árabe, ameaçada pelas ingerências externas e pelas divisões confessionais, procura um novo fôlego. Se a Síria vive o pior dos cenários, a Tunísia confirma que o desejo por cidadania pode desembocar em um progresso real

por Hicham Ben Abdallah El Alaoui

Em seus primórdios, a Primavera Árabe deitou por terra os preconceitos ocidentais. Ela colocou em maus lençóis os clichês orientalistas sobre a incapacidade congênita dos árabes de conceber um sistema democrático e abalou a crença segundo a qual eles não mereceriam nada melhor do que ser governados por déspotas. Três anos depois, as incertezas permanecem intactas quanto ao desfecho do processo, que entra em sua quarta fase.

Na primeira etapa, concluída em 2011, teve início uma onda gigantesca de reivindicações relativas à dignidade e à cidadania, alimentada por protestos intensos e espontâneos. A etapa seguinte, em 2012, marcou um momento em que as lutas se voltaram para si mesmas, para o contexto local e para o ajustamento delas à herança histórica de cada país. Simultaneamente, forças externas começaram a reorientar esses conflitos para direções mais perigosas, levando os povos à situação que conhecem hoje. Continuar lendo

Xenofobia em nome do Estado de bem-estar social

Uma vez que as finanças públicas vão mal, é preciso resguardar o sistema de proteção social rastreando os fraudadores, mas também os estrangeiros. Esse raciocínio, martelado por diversos dirigentes políticos europeus, ganha cada vez mais legitimidade

por Alexis Spire

Enquanto as soluções para tirar a União Europeia da crise econômica despertam ásperos debates, há um assunto que é consenso entre os líderes políticos do Velho Continente: a luta contra aqueles que estariam abusando dos sistemas de proteção social. Os imigrantes da África e do Magrebe, e mais recentemente os ciganos, são o foco principal dessa nova cruzada contra os “assistidos”. Em uma carta de 23 de abril de 2013, os ministros do Interior alemão, inglês, austríaco e holandês apresentaram queixa à Presidência da Irlanda denunciando “fraudes e abusos sistemáticos do direito à livre circulação proveniente dos outros países da União Europeia”. Teríamos passado de uma imigração econômica para um turismo de benefícios sociais. Continuar lendo

As raízes da crise egípcia

As raízes da crise egípcia

A chamada “primavera árabe” foi, de forma afoita, chamada por alguns de uma revolução. Foi muito importante, principalmente porque quebrou um eixo fundamental da política dos EUA para a região – a ditadura de Mubarak. Não por acaso o país ocupa o segundo lugar na lista de receptores de apoio militar dos EUA, só superado por Israel.

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Número de refugiados e deslocados no mundo supera 45 milhões, diz ONU

De acordo com relatório das Nações Unidas, uma pessoa se torna refugiada a cada quatro segundos no mundo

O número de refugiados e deslocados no mundo bate recorde em quase vinte anos e alcança uma cifra de 45,2 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas, que alerta para a crise na Síria como um dos principais fatores de deslocamento global.

Segundo o Relatório Tendências Globais 2012, divulgado nesta quarta-feira, (19/06), de 2011 para 2012, 2,6 milhões de novos refugiados e deslocados se somaram aos já existentes 42,5 milhões (2011). Dos quais, 28,8 milhões de pessoas foram forçadas a fugir dentro das fronteiras de seus próprios países e 15,4 milhões obtiveram o status de refugiado em outros países.

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As controvérsias do futuro

O professor cuida de responder a uma pergunta básica: o que separa um país emergente de um país rico?

Crescimento

Antonio dias Leite, 93 anos de vida e, grande parte deles, de preocupação com o País, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, investigou a distância que separa o país emergente de um país rico. Para isso escreveu Brasil, País Rico – O que ainda falta (Campus), no qual abandona os rigores da Academia – gráficos, tabelas, quadros – em favor da simplicidade. Continuar lendo

A economia e seus impactos na população

Desde meados do governo Lula, as conquistas econômicas e seus reflexos na sociedade geraram um clima de otimismo que não foi quebrado nem mesmo pelo baixo crescimento dos últimos anos. Emprego e renda em alta ajudam a explicar a popularidade da gestão petista, mas, afinal, as transformações realizadas foram profundas?

por Luís Brasilino

As mudanças na economia brasileira a partir do início do governo Lula, como o crescimento do PIB e o aumento da participação dos serviços, representaram o que, na prática, para a população? Para o sociólogo Ruy Braga, professor da Universidade de São Paulo (USP), a situação é contraditória: apesar dos efeitos positivos da elevação do emprego e da formalização, “a reprodução das bases do atual modelo de desenvolvimento impõe enormes obstáculos para a satisfação das inúmeras necessidades da classe trabalhadora brasileira” Continuar lendo

A delicada paz entre Armênia e Azerbaijão

Vinte anos após a tomada de Shushi por tropas armênias, o cessar-fogo é mais precário do que nunca nas montanhas do Nagorno-Karabakh. O rápido rearmamento do Azerbaijão levanta o temor de uma retomada dos combates. Os dois povos pagam um preço alto pelo impasse político e diplomático

por Philippe Descamps

“Não olhe por mais de quinze segundos.” Uma pequena abertura de concreto permite perceber furtivamente uma linha de fios de arame farpado e, a menos de 200 metros, a primeira linha de soldados do Azerbaijão. No fundo dessa trincheira do setor de Askeran, no lado armênio, tudo lembra uma cena da Primeira Guerra Mundial: modestas casamatas, sacos de areia, um pequeno fogão à lenha e algumas ridículas latas enferrujadas para sinalizar uma intrusão noturna. Os três soldados desse posto têm 20 anos. Eles vêm da capital Erevan. O oficial deles encontrou a frente relativamente calma hoje…

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O Brasil entre o presente e o futuro

Lula contou com a bonança de um capitalismo sem crise e com um Estado fortalecido e uma economia organizada. Porém, o aumento da renda dos trabalhadores com pouca qualificação parece estar no limite, o mesmo ocorrendo com as elevações do salário mínimo sem incremento de produtividade e com a ampliação do crédito

por José Maurício Domingues

Em meados da década de 1980 começou o que se pode chamar de uma nova história do Brasil. Com a conclusão da “modernização conservadora” – baseada na aliança entre latifundiários e burguesia industrial –, o país se mostrava, à sua maneira, contemporâneo da modernidade que se afirmava planetariamente, ao mesmo tempo que uma verdadeira revolução democrática ocorria no país. Agora é o futuro que se põe como desafio, não a simples realização da modernidade.

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