Às vésperas de uma nova corrida nuclear

Como a hipocrisia dos tratados internacionais e o declínio moral dos Estados Unidos estão gestando risco de rearmamento atômico generalizado

Por Immanuel Wallerestein | Tradução: Antonio Martins

Os Estados Unidos e o Irã estão envoltos em negociações difíceis sobre a possível obtenção, por Teerã, de armas nucleares. A probabilidade de estas negociações resultarem numa fórmula aceita por ambas as partes parece relativamente baixa, porque há, em ambos países, forças poderosas que se opõem frontalmente a um acordo e estão trabalhando com afinco para sabotá-lo.

A visão mais comum, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, é de que se trata, principalmente, de manter um país que se presume inconfiável, o Irã, distante de armas que poderiam ser usadas para se impor diante de Israel e do mundo árabe, em geral. Mas este não é o ponto, definitivamente. Os riscos de o Irã usar uma arma nuclear, se chegar a possuir alguma, não são maiores que os relacionados a cerca de dez outros países, que já têm este armamento. E a capacidade do Irã para proteger as armas contra roubo ou sabotagem é provavelmente maior que a da maior parte dos países.

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A ascensão de um gigante inseguro

A China está longe de ser um membro maduro da comunidade internacional

Quando a economia chinesa superar a dos Estados Unidos e se converter na maior do mundo (em algum momento daqui a alguns poucos anos), o país terá cimentado sua condição de grande potência militar (potência que em seu afã de afirmação estratégica desperta o temor de seus vizinhos). Mas o verdadeiro é que a ascensão da China é a ascensão de uma potência solitária e vulnerável, que enfrenta sérios obstáculos no plano interno.

A China se encontra neste momento rodeada de bases militares e aliados dos Estados Unidos. Embora os países asiáticos em sua maioria estejam interessados em manter e inclusive alargar seus laços econômicos com a China, nenhum (com exceção da Coreia do Norte, que depende da ajuda chinesa) está disposto a aceitar que ela seja a principal potência regional. De fato, a entrada na cena internacional de atores como Indonésia e Índia, aliados dos Estados Unidos, se deve em grande parte à ascensão da China. Continuar lendo

Como entender Pyongyang?

Desenvolver a economia e o Exército, esse é o objetivo oficial de Kim Jong-un, no comando da República Democrática Popular da Coreia desde dezembro de 2011. Por ora, ele multiplica provocações, enquanto manobras militares de Seul e Washington na costa norte-coreana atiçam as tensões

por Philippe Pons

(Kim Jong-un em plenária do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte)

Mais uma vez, a República Democrática Popular da Coreia (RDPC) deixa o resto do mundo sem fôlego: onda de ameaças – ataques nucleares aos Estados Unidos, rejeição do armistício de 1953,1 uma inevitável “Segunda Guerra da Coreia” – e baterias de mísseis apontados para o Japão e para a base norte-americana de Guam. Desde meados de março, a propaganda norte-coreana intensificou-se, e os meios de comunicação internacionais, ao difundir com complacência esses arroubos belicosos sem medir quais são realmente as ameaças verossímeis, propiciaram que essa propaganda ecoasse de forma desmedida, para a grande satisfação da capital Pyongyang.

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Entenda a cronologia da escalada de tensões entre as Coreias

Teste nuclear realizado em 12 de fevereiro pela Coreia do Norte foi sucedido por uma série de ameaças destinadas à Coreia do Sul e aos Estados Unidos

7 de abril – Turistas assistem ao ritual tradicional de troca da guarda em frente ao antigo palácio no centro de Seul. Mesmo com a tensão que cerca a região, os sul-coreanos parecem inabaláveis Foto: AFP

Em 12 de fevereiro de 2013, a Coreia do Norte realizou o terceiro teste nuclear de sua história , dando a largada para uma escalada da retórica belicista e ameaças de ataque norte-coreanas contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

A comunidade internacional reagiu ao teste com uma condenação veemente e promessa de resposta firme em caso de qualquer agressão militar. Contudo, o regime norte-coreano do jovem líder Kim Jong-un iniciou em fevereiro a divulgação de uma série de vídeos um deles ainda antes do teste, com ameaças de ataque aos Estados Unidos.

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Compare as forças militares da Coreia do Norte e da Coreia do Sul

Coreia do Norte possui vantagem numérica em termos de homens que compõe seu Exército e de arsenal militar, mas especialistas dizem que treinamento de pessoal é precário e o equipamento é antigo

7 de abril – Imagem mostra um cachorro militar norte-coreanos atacando um boneco com a foto do Ministro de Defesa da Coreia do Sul Kim Kwan-Jin Foto: Reuters

Em decorrência da mais recente troca de farpas entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, muito tem se falado sobre a capacidade nuclear de ambos os países e sobre os cenários que emergiriam em caso de um eventual conflito armado. Com auxílio de agências internacionais e relatórios de organizações que estudam movimentos militares, o Terra preparou uma comparação do poderio militar de cada país.

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Saiba o que está por trás da retórica agressiva da Coreia do Norte

7 de abril – Imagem mostra um cachorro militar norte-coreanos atacando um boneco com a foto do Ministro de Defesa da Coreia do Sul Kim Kwan-Jin Foto: Reuters

Nenhum lugar do mundo é como a Coreia do Norte, e nada se assemelha à sua retórica.

Acompanho a propaganda política de Pyongyang desde os anos 1960. É uma tarefa deprimente, avivada por um estranho sorriso irônico.

A maioria da prosa de Pyongyang é pesada e estridente. Bravatas e hipérboles, além de idolatria, são recursos comuns, exaltando ou ameaçando incessantemente.

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Fracassam as negociações sobre Tratado de Comércio de Armas

Oposição de Irã, Coreia do Norte e Síria foi crucial, disse presidente.
Secretário-geral da ONU se disse ‘profundamente decepcionado’.

Os países da ONU fracassaram nesta quinta-feira (28) em alcançar um acordo sobre um projeto de tratado para regulamentar o comércio internacional de armas, devido à oposição de Irã, Coreia do Norte e Síria, informou o presidente da conferência, Peter Woolcott, segundo a France Presse.

“Não há consenso para este ano”, declarou Woolcott, após Teerã, Pyongyang e Damasco reafirmarem sua negativa ao tratado em sessão plenária.

Em nota, o secretário-geral da ONU disse que os países estavam muito perto de um acordo com regras globais sobre compra e vendas de armamentos e declarou que está “profundamente decepcionado” com o fracasso. O objetivo do tratado era evitar que armas letais chegassem às mãos de facções guerrilheiras, terroristas, piratas e criminosos.

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Coreia do Norte rejeita resolução da ONU que exige fim de programa nuclear

Pyongyang afirmou que buscará objetivo de ser um Estado completamente capaz em armamento

A Coreia do Norte rejeitou formalmente neste sábado uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que exige o fim de seu programa de armas nucleares, enquanto a China pediu calma, afirmando que as sanções não são a maneira “fundamental” para resolver as tensões na península coreana.

Pyongyang afirmou que vai buscar seu objetivo de ser um Estado completamente capaz em armamento nuclear, apesar das sanções que foram aprovadas de forma unânime na sexta-feira pelo Conselho.

As sanções têm como objetivo aumentar as restrições financeiras e combater as tentativas da Coreia do Norte de transportar cargas proibidas.

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Coreia do Norte aceita suspender programa nuclear em troca de ajuda alimentar

Estão suspensos o enriquecimento de urânio e os testes nucleares; visitas da AIEA voltam a ser permitidas

O governo da Coreia do Norte aceitou a paralisação de seu programa nuclear em troca de um pacote de 240 mil toneladas de alimentos dos Estados Unidos. O anúncio do acordo foi divulgado nesta quarta-feira (29/02) pelos dois países. Com a decisão, estão suspensos o enriquecimento de urânio e os testes de armas nucleares, como por exemplo, os mísseis de longo alcance, segundo o Departamento de Estado dos EUA. Continuar lendo