Mapa inédito coloca o Brasil em 3º lugar em conflitos ambientais

Os pontos indicam, com cores diferentes, cada um dos tipos de conflitos relacionados ao meio ambiente

Em um projeto inédito, a Universidade Autônoma de Barcelona mapeou conflitos ambientais em todo mundo. No mapa, o Brasil aparece em terceiro lugar (ao lado da Nigéria) em número de disputas, enquanto a mineradora brasileira Vale ocupa a quinta posição no ranking de empresas envolvidas nessas questões.

O mapa (Clique veja aqui), uma plataforma interativa, é o resultado do trabalho de uma equipe internacional de especialistas coordenados pelos pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da universidade espanhola.

Entre os 58 conflitos ambientais em curso no Brasil há disputas agrárias como o caso de Lábrea, cidade no Amazonas próxima à fronteira com o Acre e Rondônia, onde agricultores são vítimas da ameaça de madeireiros e grileiros.

Há ainda diversos conflitos indígenas, disputas por recursos hídricos e por reservas minerais. Continuar lendo

Capa da ‘Economist’ mostra Brics afundando na lama e fala em ‘grande desaceleração’

A capa da última edição da revista britânica “Economist”, uma das mais influentes entre as publicações econômicas, mostra os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) afundando na lama.

Com o título “A grande desaceleração”, a matéria fala que os países emergentes já não seguram o crescimento da economia mundial, como ocorreu na década passada.

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Corrida por mineração no fundo do mar gera polêmica

As perspectivas de uma “corrida do ouro” nas profundezas do mar, abrindo um polêmico caminho para a mineração no leito oceânico, estão mais próximas.

A ONU recém-publicou seu primeiro plano para o gerenciamento da extração dos chamados “nódulos” – pequenas rochas ricas em minerais – do fundo do mar.

Um estudo técnico promovido pela Autoridade Internacional do Leito Oceânico (ISA, na sigla em inglês), o órgão da ONU que controla a mineração nos oceanos, diz que as companhias interessadas podem pedir licenças a partir de 2016.

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Tomate: do lixo ao luxo

Falou-se muito sobre o tomate, mas pouco sobre a situação do produtor. Milhares de toneladas do fruto foram jogadas no lixo em 2012, diante dos baixos preços pagos ao agricultor. Muitos desistiram da cultura e outros não tiveram crédito para recuperar a nova safra.

Najar Tubino

Abril de 2012, Ribeirão Branco (SP), região de Itapetininga, no sítio administrado por Rubens Almeida, os 90 mil pés de tomate estão sendo derrubados. Já na propriedade de Ismael Rosa 50 mil pés de tomate foram plantados, um investimento de R$200 mil, que agora apodrece no pé e vai para o lixo. Produtores começaram a destruir as roças em fevereiro e a situação só piorou até aqui. Este é um relato do que aconteceu em uma das regiões produtoras de São Paulo, o segundo maior em área, com mais de 10 mil hectares plantados com o fruto, que reduziu o plantio, porque os produtores chegaram a vender a caixa de 22 kg por R$5.

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O Brasil entre o presente e o futuro

Lula contou com a bonança de um capitalismo sem crise e com um Estado fortalecido e uma economia organizada. Porém, o aumento da renda dos trabalhadores com pouca qualificação parece estar no limite, o mesmo ocorrendo com as elevações do salário mínimo sem incremento de produtividade e com a ampliação do crédito

por José Maurício Domingues

Em meados da década de 1980 começou o que se pode chamar de uma nova história do Brasil. Com a conclusão da “modernização conservadora” – baseada na aliança entre latifundiários e burguesia industrial –, o país se mostrava, à sua maneira, contemporâneo da modernidade que se afirmava planetariamente, ao mesmo tempo que uma verdadeira revolução democrática ocorria no país. Agora é o futuro que se põe como desafio, não a simples realização da modernidade.

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O que os especialistas em “Brazil” pensam do Brasil

Aos olhos dos norte-americanos que estudam o país, Brasil promete se tornar potência global, mas falha em necessidades básicas

“Quando o brasileiro se vê representado, isso valida e reproduz a posição dele. Quando o brasileiro quer consumir o que o New York Times diz sobre ele, ele se coloca na posição de objeto do outro e reverencia esses gestos”, disse José Luiz Passos, diretor da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a Daniel Buarque, autor do recém-lançado Brazil – um país do presente

[O autor Daniel Buarque durante lançamento do seu livro, em São Paulo]

Justamente em busca de entender essa visão do outro sobre o brasileiro, mais especificamente do ponto de vista dos EUA, é que o jornalista e escritor Daniel Buarque entrevistou mais de cem especialistas no Brasil, os chamados brasilianistas, para criar um amplo retrato em seu livro: de economia à Amazônia, de imigração a política.

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Banco dos Brics deve ser anunciado no fim de março

Em Durban, África do Sul, deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento

Por Carlos Tautz, do Brasil de Fato

Anúncio oficial da criação do “Banco dos Brics” deve ficar para a 6a Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Ao longo da 5ª reunião de chefes de estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que acontece em finais de março, em Durban (África do Sul), deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento, o banco dos Brics. Tudo indica que ali vão se iniciar os estudos finos sobre a nova instituição, com o anúncio oficial de criação ficando para a 6ª Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014.

Confirmadas essas possibilidades, estará aberta uma enorme janela histórica de oportunidade para incidência da sociedade civil internacional. Afinal, não é todos os dias que se criam instituições com essa natureza e missão, nem que organizações do campo popular podem se articular para garantir que os critérios de financiamento incluam a obediência a uma ampla gama de direitos.

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Hidrelétricas na Amazônia: desenvolvimento para quem?

Artigo de Nelson Sanjad
Conheci a cidade de Tucuruí em 1988, quatro anos depois de inaugurada a hidrelétrica que interrompeu o fluxo natural do rio Tocantins. Era, então, um espaço populoso, deteriorado e caótico, impressão que se amplificou ao visitar o núcleo urbano da construtora Camargo Correa, protegido por muros, guaritas e homens armados, com casas amplas e ajardinadas, com um confortável hotel para os hóspedes ilustres e com uma bela vista do vertedouro e do lago formado pela barragem. No tour pela usina, um funcionário da Eletronorte orgulhosamente apontou para uma ilhota, informando que a empresa instalara ali um banco genético das espécies vegetais que ocorrem (ocorriam?) na região, sem nada esclarecer sobre as copas de árvores mortas que emergiam por todo o imenso lago, visão que lembra, de imediato, em qualquer espectador, um cemitério repleto de cadáveres mal enterrados. Inquirido por que as árvores não foram retiradas, o funcionário tergiversou (alguém ainda lembra do escândalo Capemi?).

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Para que o Brasil não seja imperialista

Multiplicam-se laços com a África. É possível pensar numa relação descolonizada — ao contrário das mantidas por potências tradicionais e “emergentes”?

Multiplicam-se laços com a África. É possível pensar numa relação descolonizada — ao contrário das mantidas por potências tradicionais e “emergentes”?

Por Oliver Stuenkel

As potências emergentes estão se mudando para a África. O papel da China no continente é amplamente examinado hoje em dia. O da Índia, ainda é um tema marginal, mas um número crescente de analistas passou a sistematicamente estudá-lo. O Brasil, por sua vez, é o novato, e bastante desconhecido, mas suas atividades suscitam cada vez mais interesse ao redor do mundo. Considerando-se que o Brasil não precisa importar energia nem alimentos (fatores de motivação importantes tanto para a China quanto para a Índia), quais são seus interesses na África? Continuar lendo