Petróleo verde

Produzir combustíveis a partir de plantas pode ajudar o planeta – mas falta superar obstáculos

por Joel K. Bourne

Vestido para se proteger de cortes e serpentes, cortador faz uma pausa em canavial de Cosmópolis (SP)

Quando Dario Franchitti levou sua máquina aerodinâmica, nas cores laranja e preto e com motor de 670 cavalos, à vitória na prova de Indianápolis 500 deste ano, o efusivo escocês tornou-se o responsável por uma das mais curiosas notas na história do esporte. Ele subiu ao pódio como o primeiro piloto a vencer a prova de automobilismo mais famosa dos Estados Unidos com um carro abastecido apenas com etanol – o translúcido e calórico álcool de milho produzido pelos americanos.

A adoção desse combustível pelos competidores na corrida de Indianápolis é apenas mais um sinal do estouro da boiada em direção aos biocombustíveis, substitutos da gasolina e do óleo diesel que são extraídos de plantas como milho, soja e cana-de-açúcar. Para os entusiastas, tais fontes renováveis de energia poderiam reanimar a economia rural, diminuir a preocupante dependência de petróleo e – o melhor de tudo – reduzir a quantidade cada vez maior de dióxido de carbono que lançamos no ar. Ao contrário do carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis, que vem elevando sem parar o termostato da Terra, o carbono dos biocombustíveis provém da atmosfera, de onde é capturado pelas plantas durante seu período de crescimento. Em teoria, portanto, a queima de um tanque de etanol poderia até mesmo zerar a conta de carbono de um carro de competição em Indianápolis. Continuar lendo

O fóssil não vai acabar

Se esse tipo de combustível está a anos-luz de desaparecer, qual deve ser a estratégia brasileira para um planeta limpo? O pré-sal tem condições de virar pós-sal? E o etanol?

José Luiz Tejon Megido*

GÁS DE XISTO
É um gás natural, encontrado em rocha sedimentar que recebe o mesmo nome. O gás encontra-se comprimido em pequenos espaços dentro da rocha, o que requer a criação de fraturas por meio da pressão hidráulica, em um processo conhecido como fraturamento. Desta maneira, permite que o gás  ua e seja coletado.
UNIÃO EUROPEIA
A União Europeia é uma parceria econômica e política com características únicas, constituída por 28 países europeus, que, em conjunto, abarcam uma grande parte deste continente. A UE teve início no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de incentivar a cooperação econômica na Europa, partindo-se do pressuposto de que os países com relações comerciais se tornam economicamente dependentes, reduzindo, assim, os riscos de con ito. Dessa cooperação econômica resultou na criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE), em 1958, inicialmente constituída por seis países: Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Desde então, assistiu-se à criação de um enorme mercado único, em permanente evolução.Fonte: europa.eu
MERCADO DE CARBONO
Crédito de carbono é a compensação  nanceira de projetos que realizam a redução de emissão de gases que provocam o aquecimento global em países em desenvolvimento (como o Brasil) e que é comprado por empresas em países desenvolvidos que não conseguiram cumprir suas metas de redução e emissão de gases.Fonte: AGF Consultores

A proposta deste texto é comentar o brilhante artigo de Evaristo Miranda, doutor em Ecologia pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), publicado no Estadão do dia 30 de setembro deste ano: “Descréditos de carbono”. Nele, uma autoridade saudita declara: “A prioridade é vender as reservas de petróleo antes da emergência de novas tecnologias, a idade da pedra não acabou por falta de pedra”. Enquanto olhamos para a agricultura brasileira e para os seus elos fracos – os agricultores sem seguro, sem silos (benfeitoria agrícola destinada ao armazenamento de produtos agrícolas, geralmente depositados no seu interior sem estarem ensacados), sem logística, condenados às precificações internacionais (ora para cima e ora para baixo) e todo o etc. antes e pós-porteira das fazendas –, o mundo dos países ricos dá um show antiecológico espetacular. Continuar lendo

A possível economia pós-petróleo

Novo estudo sugere: já temos condições tecnológicas para assegurar vida digna a todos os habitantes planeta, sem depender dos combustíveis fósseis

Por Danny Chivers, no World Development Movement | Tradução: Antonio Martins

A grande maioria das pessoas, em todo o mundo prefere energias renováveis a combustíveis fósseis e centrais nucleares. É o que demonstram, cada vez mais, as pesquisas globais de opinião pública, e é por isso que as sociedades estão se opondo a projetos de extração de combustíveis e reivindicando alternativas mais limpas, em todo o mundo.

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A era dos extremos climáticos começou

Mulheres caminham em região desertificada do Kenya, próximo ao "Chifre da África". Lá, seca, pobreza e atraso na ajuda internacional podem ter matado 50 mil pessoas entre 2010 e 2011

Mulheres caminham em região desertificada do Kenya, próximo ao "Chifre da África". Lá, seca, pobreza e atraso na ajuda internacional podem ter matado 50 mil pessoas entre 2010 e 2011

Em 2011, acentuaram-se grandes secas, cheias, ondas de calor e desastres ambientais. É preciso agir já, contra reação em cadeia

Por Janet Larsen e Sara Rasmussen, do Earth Policy Institute | Tradução:Antonio Martins

A temperatura média global em 2011 foi de 14,52ºC. Segundo cientistas da Nasa, foi o nono ano mais quente desde que os dados passaram a ser coletados, há 132 anos – a despeito da influência resfriadora do fenômeno atmosférico e oceânico La Niña, e de irradiação solar relativamente baixa. Desde os anos 1970, cada nova década foi mais quente que a anterior – e nove dos dez anos mais quentes de todos os tempos estão no século 21.

A cada ano, a temperatura média do planeta é determinada por um conjunto de fatores, que incluem a atividade solar e o sentido dos fenômenos El Niño / La Niña. Mas os gases que capturam o calor e se acumularam na atmosfera, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis, tornaram-se uma força influente, pressionando o clima da Terra para fora dos parâmetros normais. O planeta está agora quase 0,8ºC mais quente do que foi há um século. A média esconde, além disso, sinais espantosos de novos recordes de temperatura e precipitação de chuvas, em muitas partes do mundo. Extremos climáticos que seriam antes considerados anomalias ameaçam tornar-se normas, à medida em que a Terra se aquece. Continuar lendo

SUPER ESPECIAL ENERGIA – 3ª PARTE – diferentes modalidades de energias alternativas e suas características

ENERGIA SOLAR

No planeta Terra, a luz solar é uma forma inacreditavelmente importante de energia. Todos os dias, o sol deita montantes inimagináveis de energia para o espaço. Parte dela é na forma de luz infravermelha e ultravioleta, mas a maioria é na forma de luz visível. Um pouco desta energia à Terra, onde aquece a superfície do nosso planeta, dirige correntes oceânicas, rios e ventos, e é usada pelas plantas para fazer comida. A vida na Terra depende totalmente do sol. Continuar lendo

SUPER ESPECIAL ENERGIA – 2ª PARTE – uma matéria e um vídeo sobre a formação e refino do petróleo

A geografia da energia no Brasil

 

Brasil projeta-se como uma das maiores potências energéticas mundiais.

por Luiz Antonio Ugeda Sanches

Se se confirmarem os planejamentos federais, em 2020 o país gerará eletricidade tendo mais de 2 mil km de distância entre a geração e o consumo, explorará petróleo mais de 7 km mar abaixo e terá a mais diversificada matriz energética do mundo, com ênfase na biomassa. Estes elementos podem credenciar o país como o grande líder energético do século XXI, período que vem sendo denominado de “pós-petróleo”.

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SUPER ESPECIAL ENERGIA – 1ª PARTE – três matérias na National Geographic Brasil

Nosso desafio energético

O mundo já enfrenta sua dependência de combustíveis fósseis baratos e abundantes.

Por Bill McKibben
Foto de Peter Essick
O fogo crepitante pode proporcionar uma atmosfera agradável. Em muitos países em desenvolvimento, centenas de milhões de pessoas usam lenha para obter mais de 74% de suas necessidades energéticas.

O fogo crepitante pode proporcionar uma atmosfera agradável. Em muitos países em desenvolvimento, centenas de milhões de pessoas usam lenha para obter mais de 74% de suas necessidades energéticas.

Estamos imobilizados – entre uma rocha inviável e um ambiente superaquecido. E é uma questão em aberto se vamos conseguir nos libertar. E essa questão vai definir se o século 21 será marcado pela manutenção do progresso ou pelo início de um declínio longo e debilitante. O que está em jogo é a salvação do planeta em que vivemos. Continuar lendo