O professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, é especialista em conflitos internacionais e em Oriente Médio. Ontem, depois de ler muitos textos ufanísticos sobre a importância da Ariel Sharon para o mundo, enviei a ele três rápidas perguntas sobre o ex-líder israelense. Nasser, muito gentilmente, enviou-me há pouco as respostas que seguem. Elas são esclarecedoras e jogam luz na verdadeira biografia de um homem que ficou famoso como “açougueiro”. Continuar lendo
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Israel vive dilemas de sociedade murada
O país, apesar de vigoroso e sólido, vive complexas e profundas contradições desde sua fundação, em 14 de maio de 1948
O aeroporto Ben-Gurion, principal porta de entrada para Israel, fica encravado no meio do caminho entre Jerusalém e Tel Aviv. Uma auto-estrada ampla, de quatro pistas, asfaltada com requinte, conduz os recém-chegados para qualquer um dos lados. A leste, para quem se destina ao centro religioso do planeta. A oeste, para uma cidade mediterrânea e cosmopolita.
Cena cotidiana à beira do mar em Tel Aviv. Economia de Israel cresceu, na última década, a um ritmo médio de 3,4%/ano
Cresce debate em Israel sobre criação de Estado binacional com Palestina
Especialistas acreditam que, com os quase 200 assentamentos israelenses na Cisjordânia, a separação torna-se cada vez mais impossível
Ativista segura bandeira palestina perto de uma tenda recém montada no vilarejo de Beit Iksa, na Cisjordânia, entre Ramallah e Jerusalém Foto: Mohamad Torokman / Reuters
Em vista da paralisação do processo de paz entre israelenses e palestinos e da crescente colonização dos territórios ocupados, a solução baseada em dois Estados torna-se mais distante e a discussão sobre a possibilidade de que os dois povos vivam juntos em um Estado binacional faz-se mais frequente.
Desde a assinatura do acordo de Oslo, pelo lider palestino Yasser Arafat e pelo primeiro-ministro de Israel Itzhak Rabin, em 1993, o número de colonos israelenses que vivem na Cisjordânia quase quadriplicou. De 100 mil colonos naquela época, a população israelense nos territórios ocupados cresceu para cerca de 380 mil.
64 anos do Nakba: A limpeza étnica da Palestina e as responsabilidades ocidental e brasileira

O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Muitas de suas charges podem ser encontradas no http://latuffcartoons.wordpress.com/.

Imagens do êxodo palestino em 1948
I- A Palestina Árabe
A derrota que os árabes impuseram ao domínio bizantino na Palestina, confirmado entre os anos 633 e 638 da era cristã, foi bem recebida pela população local, tanto por cristãos como por judeus e samaritanos, que ainda eram grupos numericamente importantes na região. Estes últimos grupos tinham todos os motivos para preferir a organização árabe, vítimas que já eram da intensa perseguição cristã, que só pioraria com os séculos (aliás, no início do período árabe na Palestina—que se estenderia pelos próximos 1.300 anos–, uma pequena população judaica voltaria a se estabelecer em paz em Jerusalém, depois de 500 anos de ausência, que datavam da sangrenta expulsão que os romanos lhe haviam imposto no segundo século da era cristã). O período árabe também foi bem recebido pelos cristãos da região, que “eram arameus [e] não ficaram incomodados pela organização árabe, pois a etnia era semelhante, de origem semítica”, não tendo eles “motivos para gostar da administração bizantina, de origem romana, não semítica”1. Na Palestina árabe, apesar de um imposto específico para judeus e cristãos, eles gozavam de proteção como “Povos do Livro”, e a atmosfera não tinha muito em comum com o regime de terrorífica perseguição que se instalaria nas regiões controladas pelo Cristianismo. A Sura 2 de Maomé explicitamente rejeita a conversão e o proselitismo violento: “Não obrigueis ninguém em assuntos de religião”. A violência sectária só voltaria a se disseminar na Terra Santa com as empresas cristãs de conquista conhecidas como Cruzadas, a primeira das quais foi proclamada pelo Papa Urbano II em 1095 e resultou no estabelecimento do “Reino de Jerusalém”, em 1099, uma fortaleza de reduzidas relações com seu entorno árabe, ironicamente semelhante, neste aspecto, ao enjaulamento que as construções israelenses ilegais hoje impõem a Jerusalém. Continuar lendo
Viagem a uma terra de cidades conflagradas
Relatora da ONU para o Direito à Moradia começa a narrar o que viu numa missão de duas semanas pela Palestina e Israel – com seus assentamentos humanos tão próximos e tão contrastantes
Por Raquel Rolnik, em seu blog
Entre os dias 29 de janeiro e 12 de fevereiro, visitei algumas cidades em Israel e na Palestina, como Relatora da ONU para o Direito à Moradia Adequada. Em uma área de menos de 40 mil quilômetros quadrados, numa terra disputada milímetro a milímetro, estas cidades se debatem entre muros e fronteiras. Continuar lendo
ESPECIAL QUESTÃO PALESTINA – 3ª PARTE – duas matérias sobre a busca Palestina pelo reconhecimento da ONU
Entenda a tentativa palestina de se tornar membro efetivo da ONU
Na próxima semana, Abbas deve reivindicar o reconhecimento internacional do Estado palestino
Na próxima semana, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pedirá a inclusão da Palestina como membro-pleno do órgão internacional. O presidente palestino deve reivindicar também o reconhecimento internacional do Estado com as fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital. Continuar lendo