Cientistas propõe Antropoceno como nova era geológica

Pesquisadores alegam que intervenção humana provoca mudanças irreversíveis no planeta. Marcas da civilização caracterizariam época antropocena, onde homem e natureza são indivisíveis: uma nova era de responsabilidade.

A escala de tempo geológico estabelece éons, eras, períodos, épocas e idades que permitem categorizar diferentes fases desde a formação do planeta. Há aproximadamente 11,7 mil anos, estudos focam a chamada época holocena. Mas a comunidade científica propõe uma revisão desse conceito: o novo período, chamado de Antropoceno, estabelece uma ligação intrínseca entre o ser humano e a natureza.

Em outros tempos, as paisagens eram determinadas por rios, vulcões, o movimento da Terra e mudanças climáticas naturais. Hoje, a interferência humana afeta diretamente esse processo. Tal visão implica uma mudança radical na ciência, pois não se pode mais conceber um processo evolutivo natural sem a interferência do homem e da tecnologia.

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Do Holoceno ao Antropoceno. Por outra forma de organização de vida

IHU On-line

As mudanças climáticas e o aquecimento da Terra indicam que estamos vivendo uma nova era glacial denominada de Antropoceno. A ação do homem na natureza está “promovendo alterações de grande escala na superfície terrestre há pelo menos um século” e, portanto, não é mais possível dizer que a geologia se modifica apenas em função de eventos naturais, explica Wagner Costa Ribeiro.

A ação humana acelerou o aquecimento global e, para conter os danos ambientais causados pelas mudanças climáticas, é fundamental repensar o atual modelo econômico. “Infelizmente, há uma geração bastante numerosa que acredita que a essência da vida é comprar o último eletrônico, o carro novo, a roupa nova, sendo que o telefone utilizado continua em plena condição de uso, o carro e a roupa também”, constata.

Na entrevista que se segue, concedida à IHU On-Line por telefone, Ribeiro fala das expectativas em relação a Rio+20 e enfatiza que “a crise econômica nos países centrais desestimula bastante a ousadia necessária para pensarmos um mundo organizado em outras medidas” e a possibilidade de investir em uma economia verde como alternativa para acabar com a pobreza global.

Wagner Costa Ribeiro é doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo – USP, onde leciona no Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental. É autor de A ordem ambiental internacional e de Geografia política da água. Continuar lendo