Para 58,5%, comportamento feminino influencia estupros, diz pesquisa

Ipea divulgou estudo ‘Tolerância social à violência contra as mulheres’.
Instituto ouviu 3.810 pessoas em 212 cidades entre maio e junho de 2013.

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo, mostra que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão.

O estudo também demonstra que 65,1% concordam inteiramente (42,7%) ou parcialmente (22,4%) com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, enquanto 24% discordam totalmente, 8,4% discordam parcialmente e 2,5% se declaram neutros.

A pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres. A assessoria do Ipea não informou qual o percentual de homens e de mulheres que opinaram especificamente em relação à questão do comportamento feminino. Continuar lendo

Não penso, logo relincho

Um glossário com a lista dos principais clichês repetidos pelas redes sociais para justificar, no discurso, um mundo de violência e exclusão. Por Matheus Pichonelli

Dizem que uma mentira repetida à exaustão se transforma em verdade. Pura mentira. Uma mentira repetida à exaustão é só uma mentira, que descamba para o clichê, que descamba para o discurso. E o discurso, quando mal calibrado, é o terreno para legitimar ofensas, preconceitos, perseguições e exclusões ao longo da História. Nem sempre é resultado da má-fé. Por estranho que pareça, é na maioria das vezes fruto da indigência mental – uma indigência mental que assola as escolas, a imprensa, as tribunas, as mesas de bares, as redes sociais. Com os anos, a liberdade dos leitores para se manifestar sobre qualquer assunto e o exercício de moderação de comentários nos levam a reconhecer um clichê pelo cheiro. Listamos alguns deles abaixo com um apelo humanitário: ao replicar, você não está sendo original; está apenas repetindo uma fórmula pronta sem precisar pensar sobre tema algum. E um clichê repetido à exaustão, vale lembrar, não é debate. É apenas relincho*. Continuar lendo

Agressão à Síria: a fraude, 12 objetivos e 8 consequências

Os dirigentes dos mesmos países que mataram centenas de milhares de inocentes com suas bombas de napalm, fósforo branco, projéteis de urânio empobrecido (ver Hijos del uranio, em espanhol), substâncias químicas desconhecidas que causaram a Síndrome do Golfo, agora derramam lágrimas de crocodilo pela morte de 350 sírios, vítimas ao que parece de armas químicas, como se a morte de 100.000 pessoas por armas convencionais e a fugida de cinco milhões de almas de seus lares não fossem motivos para se comover.

Guerra de bandeira falsa? É possível que os rebeldes utilizem essas substâncias contra sua própria gente e culpabilizem Damasco? O regime de Barack Obama, antes de uma investigação séria, assinalou o governo de Bachar Al Asad, apesar de os próprios insurgentes terem reconhecido seu crime à jornalista de Associated Press, Dale Gavlak: recebia essas substâncias de Arábia Saudita e foi um “acidente” por sua utilização negligente, dizem. O Governo iraniano revelou que faz nove meses avisou Washington de que os insurgentes tinham conseguido tais armas. Continuar lendo