Löwy: Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia

Por Michael Löwy

A ascensão do neonazismo na Europa e nos EUA tem sido relegada a um segundo plano pelas forças progressistas

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para o sociólogo Michael Löwy, em artigo traduzido pela jornalista Úrsula Passos, o discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.

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De nazismo a fascismo

A extrema-direita cresce em vários países, a começar pelo Aurora Dourada na Grécia. Hoje o FN de Marine Le Pen é o maior partido da França

Apoiadores do partido Aurora Dourada protestam em Atenas contra a acusação a membros do partido de crime organizado, em 2 de outubro

Nikos Michaloliakos, o líder do partido grego Aurora Dourada, aguarda julgamento atrás das grades. Se provados elos diretos do deputado extremista com a morte do músico Pavlos Fyssas a 18 de setembro em Atenas, o sombrio matemático de 56 anos e mais uma caterva de colegas passarão anos atrás das grades.

Enquanto isso, na quinta-feira 10 a capa do semanário francês Le Nouvel Observateur estampou a foto de Marine Le Pen, líder da legenda de extrema-direita Frente Nacional (FN), com outra espantosa notícia: segundo uma sondagem do Ifop para o semanário, 24% dos franceses votarão na FN nas eleições europeias, em maio de 2014. Portanto, a FN terá mais votos do que as duas maiores legendas francesas, o Partido Socialista e a conservadora União por um Movimento Popular (UMP). Marine Le Pen poderá se tornar a líder do maior partido da França. Nesse caso seria previsível uma nova eleição presidencial semelhante àquela de 21 de abril de 2002, quando o pai de Le Pen, Jean-Marie, disputou o segundo turno contra o conservador Jacques Chirac. Detalhe: Marine Le Pen terá mais chances de levar a melhor nas próximas presidenciais.

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Violência, a marca do poder masculino

Vasta sequência de dados revela: desde pré-história, domínio machista está associado à especialização cultural dos homens no exercício da força bruta 

Por Henrique Carneiro, do Blog Convergência | Imagem: AntoonVan Dyck,Sansão e Dalila (1630)

A masculinidade, como todas as identidades, é social e historicamente construída em cada sociedade. Em quase todas, entretanto, há uma especialização masculina na violência.

Partilhamos de uma herança ocidental que traz nos étimos da própria língua os traços arcaicos, mas presentes, de formas de pensamento de longa duração. O radical latino que identifica o masculino, vir, é o mesmo que formará a palavra virtude, definindo a própria noção de virtude como algo masculino e, portanto, guerreiro. A violência viril é um emblema da masculinidade que nasce com as primeiras civilizações e permanece como essência do próprio conceito de civilização, uma civitas apenas de homens, mesmo quando concebida na forma republicana ilustrada moderna[1], onde mesmo o direito de voto feminino foi mais que tardio.

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