1982 – Israel ataca Líbano na operação “Paz na Galiléia”

Invasão israelense tinha como objetivo impedir ação da OLP em território libanês; palestinos foram obrigados a deixar local

Após as vitórias sobre os vizinhos árabes na Guerra do Seis Dias e posteriormente na Guerra de Yom Kipur, Israel teve de admitir que a resistência palestina não estava morta, ainda que se manifestasse de maneira mais difusa.

Israel acreditou poder dobrá-la desencadeando em 6 de junho de 1982 um ataque contra o Líbano, minado, à época, por graves divisões internas ligadas à atitude a adotar face aos combatentes palestinos que recuaram para o sul do país.


Tropas de Israel em ação no Líbano; invasão israelense foi arquitetada por Ariel Sharon, então ministro da Defesa

A partir dos anos 1970, a sociedade libanesa passou a viver uma crise profunda. Após a Guerra dos Seis Dias de junho de 1967, o país viu chegar em massa refugiados palestinos, muitos deles armados e dispostos a encetar de novo a luta contra Israel. O reconhecimento pelos acordos do Cairo em 1969 da extraterritorialidade dos campos de refugiados palestinos conseguiu apenas temporariamente por em acordo os libaneses e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), o movimento de Yasser Arafat.

Um abismo cada vez mais profundo se abriu entre os cristãos maronitas e os muçulmanos sunitas do Líbano. Os cristãos defendiam majoritariamente a saída dos fedayins – combatentes palestinos – enquanto os muçulmanos se posicionavam dentro de uma lógica pan-arábica de respaldo dos palestinos na luta contra Israel. Esta cunha se acentuou enquanto a evolução demográfica do Líbano tornou caduco o “Pacto Nacional de 1943”, segundo o qual a Presidência da República estava reservada aos maronitas, a do Conselho aos sunitas e a da Câmara dos Deputados aos xiitas. O pacto se alicerçava no recenseamento de 1932 e não levou em conta o crescimento bastante rápido das comunidades muçulmanas em detrimento das outras.

Em 1975, o assassinato de um guarda-costas do falangista Pierre Gemayel, fundador das milícias maronitas nos anos 1930, acendeu o estopim dos confrontos. Em represália, os falangistas massacram palestinos que viajavam num ônibus. Uma verdadeira guerra civil tem início num país que era tido há anos como um modelo de coabitação entre uma miríade de comunidades religiosas – xiitas, sunitas, drusos, gregos ortodoxos, maronitas, cristãos. Rapidamente, os dois campos dividem entre si o território, ao preço de uma verdadeira guerrilha urbana, notadamente em Beirute.

A vizinha Síria aproveita-se da situação para reforçar sua influência sobre o país, ao qual impõe um cessar-fogo. Em 1978, quando os libaneses xiitas – numa comunidade até então dividida entre os campos sunita e maronita  – fundam o Hezbollah, na lógica de oposição a Israel, eles se beneficiam da sustentação da Síria e do Irã.

De seu lado, Israel resolve apoiar, no mesmo ano, o general cristão Saad Haddad quando este resolve criar o Estado Livre do Líbano-Sul.

O governo israelense de Menachem Begin vê na quase implosão do Líbano uma oportunidade de acabar com os combatentes palestinos que lá encontraram refúgio. Foi assim que, em 6 de junho de 1982, 60 mil soldados do Tsahal  – Forças Armadas de Defesa de Israel – atravessam a fronteira libanesa.

A operação “Paz para a Galileia”, concebida e orquestrada pelo general Ariel Sharon, ministro da Defesa – e futuro primeiro-ministro – foi oficialmente motivada pelo desejo de neutralizar as baterias da OLP, que de tempos em tempos despejavam suas bombas no norte de Israel.

O exército israelense se lança numa verdadeira invasão do Líbano. Em poucos dias, varre o Exército Nacional libanês e destrói as bases de mísseis soviéticos instaladas pelos sírios no leste do país. Chega às portas de Beirute. Em 1º de agosto, ocorre o assalto à capital do país, com apoio da aviação e de carros blindados. Sharon queria desalojar a OLP dos campos palestinos instalados em Beirute-Oeste, a parte muçulmana da cidade. A OLP e seus cerca de 15 mil combatentes se veem obrigados a deixar o Líbano. Seus dirigentes, Yasser Arafat à frente, partem para a Tunísia em 30 de agosto de 1982.

Em pleno drama, em 23 de agosto de 1982, o parlamento libanês leva à presidência da República a Bechir Gemayel, 34 anos. Ele não tem outra saída se não reconhecer a vitória israelense e aceitar um tratado – vilipendiado pela Síria – que faz dos cristãos libaneses os protegidos de Israel.

Contudo, Israel não tinha motivo para cantar vitória. A partida dos palestinos é contrabalançada pelo ativismo do Hezbollah xiita. Por outra parte, as potências ocidentais não demonstravam em relação a Israel a mesma simpatia manifestada por ocasião da Guerra dos Seis Dias. Ao contrário, os partidos de esquerda faziam questão de expor sua profunda desaprovação a exemplo de uma parte da própria opinião pública israelense.

 

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/35560/hoje+na+historia+1982+-+israel+ataca+libano+na+operacao+paz+na+galileia.shtml

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