Aids: história e informação

Doença infecciosa revolucionou o mundo, transformando a sociedade, seus hábitos e costumes, principalmente, no que se refere ao sexo, justamente por se alastrar também por meio de sua prática

Breno Rosostolato*

O tema da aids é sempre recorrente na mídia, pela importância de sua discussão e pelo fato de ser uma doença incurável.

Nos últimos anos, as tentativas de se chegar a uma cura criaram uma esperança e uma perspectiva de que logo contemplaremos a erradicação desse mal, que assola a sociedade há 33 anos, desde os primeiros casos, nos Estados Unidos, em 1981. Uma pandemia que se apresentava quando 41 jovens homossexuais apresentaram sarcoma de Kaposi, um câncer raro, que até então se manifestava quase somente em idosos que morriam logo em seguida, ao se internarem no hospital. Durante um tempo, a doença, inclusive, foi chamada de “câncer gay”, batizada de GRID (sigla em inglês para “imunodeficiência relacionada aos gays”), o que determinou o conceito equivocado de “grupo de risco” e estigmatizou os homossexuais, acentuando o preconceito. Quando a doença começou a se manifestar em heterossexuais, mulheres e crianças, sua sigla mudou para aids (em português, com a definição “síndrome da imunodeficiência adquirida”). Em 1983, Robert Gallo e Luc Montagnier descobriram esse novo retrovírus e publicaram suas descobertas na revista científica Science.

A aids tomou proporções alarmantes nos anos de 1980, contaminado 89% dos hemofílicos dos EUA, pois, como não existiam técnicas para detectar o vírus, as transfusões de sangue eram arriscadas. A propósito, esta foi uma das maneiras pelas quais a doença se disseminou. As teorias do surgimento da doença são bastante numerosas e curiosas, como aquelas que são conspiratórias e defendem a ideia de o vírus ter sido criado em laboratório. No entanto, todas elas convergem para uma ideia de que a aids é um vírus que infectava primatas, como o chimpanzé.

TESTE RÁPIDO
O Ministério da Saúde vai disponibilizar, até o fim de 2014, unidades móveis de testes rápidos e gratuitos de HIV/aids em todas as 27 capitais do Brasil. O público-alvo do trailer são homossexuais, homens que fazem sexo com homens e travestis, mas o teste pode ser feito por qualquer pessoa interessada.O diretor-adjunto do Departamento de DST/aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, que participou da inauguração do novo trailer, explicou que o trabalho está sendo desenvolvido em parceria com prefeituras e governos estaduais. “Adquirimos 12 trailers para as capitais-sede dos jogos, já na Copa das Confederações. Até o fim de 2014, pretendemos montar essa estrutura para atender não apenas gays, travestis e profissionais do sexo, mas também o público em geral.

 

 

VARIAÇÃO DE UM VÍRUS
A teoria do surgimento da aids defendida pelos pesquisadores da Universidade de Nottingham sugere que o vírus HIV é a junção de dois outros vírus que infectam macacos na África. Levantando a hipótese de que o HIV é uma variação de um vírus de nome estranho, o SIVcpz, encontrado nos chipanzés, os cientistas descobriram o DNA do vírus de macacos de espécies diferentes e que fazem parte da dieta alimentar do chimpanzé.

Na transmissão ao ser humano, a explicação mais aceita é conhecida como a teoria do caçador, ou seja, a de que caçadores, ao manipularem a carne dos macacos caçados e consumirem esta carne, foram contaminados. Outra teoria plausível é a da Vacina Oral Pólio, defendida por Edward Hooper, em seu livro The river. O escritor britânico defende a ideia de que o vírus teria sido transmitido por meio de experiências de médicos nos anos 1950, que estavam em busca de uma vacina para a poliomielite.

O HIV desenvolve-se em contato com o sistema sanguíneo, ocasionando a aids. Aqui, vale reforçar a explicação de que, após o contágio, a doença pode demorar até dez anos para se manifestar. Por isso, a pessoa pode ter o vírus HIV em seu corpo, mas ainda não ter aids. O desenvolvimento do vírus começa com um processo de destruição dos glóbulos brancos do organismo da pessoa doente. Como esses glóbulos brancos fazem parte do sistema imunológico dos seres humanos, sem eles, o doente fica desprotegido e várias doenças oportunistas podem aparecer e complicar a saúde da pessoa. O portador do vírus HIV, mesmo não tendo desenvolvido a doença, pode transmiti-la.

“A melhor forma de combater essa pandemia é o uso de preservativo, o não compartilhamento de seringas”

MUDANÇA DE COSTUMES
A aids é a segunda doença infecciosa que mais faz vítimas no mundo, logo atrás da tuberculose. A síndrome da imunodeficiência adquirida revolucionou o mundo, transformando a sociedade em seus hábitos e costumes, principalmente, no que se refere ao sexo, justamente por se alastrar também por meio de sua prática. Se, por um aspecto positivo e necessário, a revolução sexual, na década de 1960 e 1970, originária da contracultura – desde o movimento Beatnik, passando pelos hippies e a geração “faça amor, não faça guerra”, chegando aos movimentos femininos de emancipação das mulheres, as passeatas gays e o surgimento da pílula anticoncepcional -, possibilitou a quebra de tabus e paradigmas sociais, além da (re)significação dos conceitos sobre sexo e desejo, rompendo com a repressão sexual do passado, o vírus HIV, por sua vez, de uma maneira negativa, impôs cautela e cuidados com a entrega aos prazeres, destacando uma nova regra: a do sexo seguro.

De uns tempos para cá, a aids tem sido encarada de maneira muito diferente, desde sua descoberta. O primeiro caso documentado de que se tem conhecimento, em 1959, foi o de um homem da atual República Democrática do Congo. Seu poder de destruição e a ideia de que se tinha de “pena de morte”, logo após o diagnóstico, foi posteriormente substituída por perspectivas e pelo prolongamento da vida, com a chegada dos remédios para combater o vírus. Em 1986, com a chegada do AZT, que apresentava resultados bem limitados, ou, em 1996, com o surgimento do coquetel de drogas antirretrovirais, a probabilidade de sobrevida das pessoas infectadas tornou-se muito maior.

DOENÇA AUMENTA ENTRE IDOSOS DE SÃO PAULO
A notificação de novos casos de aids cresceu na última década entre os idosos do Estado de São Paulo. Um levantamento feito pela Secretaria Estadual da Saúde divulgado em 2013 mostrou que a incidência de aids entre a população idosa de São Paulo cresceu 26% nos últimos dez anos. Entre os jovens, no entanto, a notificação de novos casos caiu 35% no mesmo período.Segundo o levantamento, 253 novos casos de aids em pessoas acima de 60 anos foram registrados em 2001. Dez anos depois (em 2011), o número chegou a 318 casos. Em pessoas com idade entre 15 e 39 anos, foram registrados 6.669 novos casos de aids em 2001, contra 4.338 em 2011.

Fonte: Agência Brasil

Muitos encaram o vírus como uma gripe e não se preocupam como de fato deveriam, justamente porque essa sobrevida criou uma falsa ideia de que a aids não é mais tão perigosa. Os estudos mais recentes para alcançar a cura do HIV indicam um tratamento por meio da terapia antirretroviral, altamente ativa (HAART, na sigla em inglês), reduzindo em 96% a transmissão do vírus e aumentando a qualidade de vida do infectado. Estas pesquisas foram apresentadas numa reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA). Os próximos passos são ensaios clínicos com os pacientes neste ano.

PRESERVATIVO
Fato é que a aids já matou milhões de pessoas até hoje e, a cada ano, são registrados de 33 a 35 mil novos casos (números somente do Brasil). Até hoje, estima-se que 630 mil pessoas no País vivam com o HIV.

A melhor forma de combater essa pandemia é o uso de preservativo, o não compartilhamento de seringas e, principalmente, o acesso a muita informação, pois muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre suas formas de contaminação. Combater o preconceito é essencial, na medida em que é preciso desmistificar algumas ideias totalmente errôneas sobre a doença, como considerar que apenas serão infectados os homossexuais e os usuários de drogas, ou ainda que qualquer relação anal entre dois homens que não estão infectados pode levar à infecção do vírus.

O dia 1º de dezembro foi eleito o Dia Mundial de Luta Contra a Aids desde 1987 e serve para reforçar a tolerância, o conhecimento e a compreensão às vítimas do HIV/ aids, fatores primordiais para vencer a doença. E, para evitar correr riscos desnecessários, é sempre bom reforçar a ideia de que o sexo e o prazer podem ser muito mais gostosos, quando praticados com consciência.

MOVIMENTO BEATNIK
Foi um movimento literário que teve origem no início dos anos 1950, por um grupo de jovens intelectuais insatisfeitos com a ordem estabelecida nos EUA após a Segunda Guerra Mundial. Os autores daquela geração começaram a produzir suas obras desenfreadamente, muitas vezes movidos a drogas, álcool, sexo livre e jazz.
COMPORTAMENTO DE RISCO
São considerados comportamentos de risco relações sexuais (homo ou heterossexual) com pessoa infectada sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis; reutilização de objetos que perfurem ou cortem o corpo (agulha, alicate de manicure, tesoura etc.), com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV.
255 MIL NÃO SABEM QUE TÊM AIDS
Dados do Ministério da Saúde do fim do ano passado mostram que cerca de 530 mil pessoas convivem com HIV/aids no Brasil. Cerca de 255 mil delas não sabem que têm a doença.

*BRENO ROSOSTOLATO é psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM).

 

Fonte: http://conhecimentopratico.uol.com.br/geografia/mapas-demografia/54/artigo311032-1.asp

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