Mar Morto: a praia onde nenhum banhista corre risco de afundar

A salinidade é dez vezes superior à dos oceanos. Com 30% de sais minerais em suspensão, a água pesa mais que o corpo humano. Em nenhum lugar do mundo é tão fácil nadar.

Os paredões por onde a equipe do Globo Repórter passou marcam o nível do mar. Daqui pra frente, estamos abaixo dos oceanos.

A equipe entrou na depressão do Mar Morto, a mais profunda do planeta, com 411 metros.

O Mar Morto, que, na verdade, é um lago salgado de 80 quilômetros de extensão, é compartilhado por Israel e Jordânia. Uma linha imaginária, no meio do lago divide os dois países.

Da rodovia israelense, se avistam, do outro lado, as montanhas da Jordânia. É onde, até hoje, os dois países se encaram, frente a frente. E eles estão cada vez mais perto porque o lago é cada vez menor.

Nos últimos 50 anos, o nível baixou 22 metros por causa da retirada excessiva da água do Rio Jordão, principalmente para a irrigação.

Difícil é ficar embaixo da água. A salinidade é dez vezes superior à dos oceanos.

Com 30% de sais minerais em suspensão, a água pesa mais que o corpo humano. Em nenhum lugar do mundo é tão fácil nadar. Ninguém precisa de socorro. Salva-vidas lá, vive desempregado.

Parece brincadeira de criança: boiar. Ou se lambuzar com a lama negra. Dizem que é bom para a pele.

A equipe volta ao tema central da viagem. Afinal, como os apóstolos pescavam?

Marina Banai, do Museu de Ginnosar, diz que eles pescavam com redes. Que eram bem parecidas com as de hoje.

Ainda é possível pescar com rede aqui? Podemos reviver esta emoção?

A equipe descobriu um velho pescador. Menahem Lev, 33 anos de profissão, é a esperança.

A saída é numa bela manhã de sol. Mas mal a equipe teve tempo para a paisagem. A ação já começou. 400 metros de malhas que o mar engole rapidamente. Agora, é preciso recolher.

O repórter pergunta que peixe vamos pegar. Menahem responde à moda da Galiléia: o que Deus quiser.

Eles recolhem a rede de uma forma que ela já fica preparada para o próximo lançamento. Não é só recolher. À esquerda, ele vai dispondo as boias de isopor ordenadamente e pro outro lado, o Ilan vai pegando os anéis, e já colocando pro próximo lançamento.

O barco auxiliar, com a outra ponta da corda, se aproxima. O guindaste está pronto para içar. Lá vai.

Para nossa equipe, é um monte de peixes. Mais de 50 quilos. Mas Menahem diz que é pouco. As maiores são carpas. As menores, sardinhas.

A pescaria está só começando. Os quatro tripulantes vêm de longe.

Alon, que aproveita a pausa, vem da África do Sul. Ilan, do Equador. Max e Bernard, dos Estados Unidos. Ele, que é cristão e professor, nos aponta os detalhes da margem.

A vila de Cafarnaum, onde Jesus passou a morar, depois de sair de Nazaré. As ruinas de uma sinagoga de 1,6 mil anos. Um mosteiro franciscano. As cúpulas rosas de uma igreja grega ortodoxa.

Mas chega de conversa. Menahem já soltou a rede para segunda rodada. Ilan pega no pesado. É trabalho sério. Sobra pra todo mundo. Até para o repórter, que não esperava. Barro nos olhos e cansaço no braço.

Piora quando o repórter descobre que só puxou 100 dos 400 metros de rede. Quando ela acaba, o fôlego já era.

Menahem inspeciona de perto. Parece que o resultado foi melhor.

“É interessante que quando a gente participa, o resultado do trabalho assume um significado diferente”, revela o repórter, mostrando a caixa cheia de peixe. E acrescenta: “Bendito seja o Mar da Galiléia”.

Fonte: http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/12/mar-morto-praia-onde-nenhum-banhista-corre-risco-de-afundar.html

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