Legalização das drogas é defendida por figuras mundiais relevantes

Cresce na América Latina a movimentação de líderes e presidentes na defesa da discussão de um modelo de combate não repressivo

Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, propõe uma nova abordagem contra as drogas

Conforme se consolidam exemplos positivos de países que legalizaram o consumo de drogas, como Portugal, evidencia-se que a repressão militar às drogas consumiu bilhões de dólares e gerou violência sem conter a expansão do poder do narcotráfico. Até mesmo os Estados Unidos parecem dispostos a abandonar a política da “guerra às drogas”, impulsionados pela pressão de figuras relevantes na política internacional e regional, especialmente da América Latina.

Nos últimos anos, foram inúmeros os exemplos de líderes e ex-líderes latino-americanos a pedirem uma nova abordagem sobre o tema. Um dos mais enfáticos é o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, para quem os mercados globais de drogas não podem ser erradicados, assim como o álcool e do tabaco, socialmente aceitos, não podem ser retirados de circulação.

Assolada pela violência do narcotráfico que sustenta as atividades guerrilheiras das Farc, a Colômbia é um dos países defensores do debate sobre a legalização. O presidente Juan Manuel Santos, truculento quanto ao tema quando ainda ministro da Defesa, agora chama atenção para os danos sofridos pelos países produtores na América Latina, que continuam a servir à crescente demanda das nações consumidoras.

“Uma nova abordagem deve tentar eliminar o lucro violento que vem do tráfico de drogas. Se isso significa a legalização, e o mundo pensar que é a solução, eu a aprovarei. Não sou contra”, disse recentemente em entrevista ao jornal britânicoThe Observer.

Santos defende, porém, uma iniciativa internacional coordenada. “O que eu não farei é me tornar a vanguarda desse movimento, porque então serei crucificado. Mas participaria alegremente dessas discussões, porque somos o país que ainda sofre mais e sofremos mais historicamente com o alto consumo no Reino Unido, Estados Unidos e Europa, em geral.”

O presidente do México, Felipe Calderón, também entrou no debate. Em setembro passado, disse em Nova York que os países consumidores não fazem o suficiente para reduzir a demanda. “Vivemos no mesmo edifício. E nosso vizinho [EUA] é o maior consumidor de drogas do mundo e todos querem lhe vender drogas por nossas portas e janelas.”

Outra voz que defende a legalização é a Comissão Global sobre Políticas de Drogas (CGPD), que tem entre seus integrantes nomes como o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o ex-presidente do México Ernesto Zedillo, César Gaviria, ex-presidente da Colômbia, Fernando Henrique Cardoso e o escritor peruano Mario Vargas Llosa.

Em outubro passado, a CGPD pediu mais políticas orientadas à prevenção e a medicadas de saúde para usuários. Gaviria sugeriu que a solução seria “pegar o orçamento antidrogas que os países gastam nas prisões e na polícia, para injetar na prevenção”. “Na Colômbia, em Medellín e Bogotá, por exemplo, agimos em campanhas de prevenção com as famílias, com os professores, que são igualmente favoráveis à prevenção.”

Mais uma voz relevante pela legalização é Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD). “É um novo momento de possibilidade de revisão de uma medida comprovadamente incorreta. Insistir nesse processo levará apenas a mais distorções e não atacará as causas do problema”, disse no ano passado à CartaCapital.

Na imprensa, a prestigiada revista britânica The Economist definiu a guerra às drogas como “um desastre, criando estados falidos no mundo em desenvolvimento mesmo que o vício floresça no mundo rico”. Para a publicação, a “política menos pior” é legalizar as drogas porque as medidas atuais são “assassinas”, principalmente nos país pobres e produtores.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/legalizacao-das-drogas-e-defendida-por-figuras-relevantes

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