Banco dos Brics deve ser anunciado no fim de março

Em Durban, África do Sul, deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento

Por Carlos Tautz, do Brasil de Fato

Anúncio oficial da criação do “Banco dos Brics” deve ficar para a 6a Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Ao longo da 5ª reunião de chefes de estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que acontece em finais de março, em Durban (África do Sul), deverá ser anunciada a decisão de fundar um novo banco de desenvolvimento, o banco dos Brics. Tudo indica que ali vão se iniciar os estudos finos sobre a nova instituição, com o anúncio oficial de criação ficando para a 6ª Cúpula, a realizar-se no Brasil em 2014.

Confirmadas essas possibilidades, estará aberta uma enorme janela histórica de oportunidade para incidência da sociedade civil internacional. Afinal, não é todos os dias que se criam instituições com essa natureza e missão, nem que organizações do campo popular podem se articular para garantir que os critérios de financiamento incluam a obediência a uma ampla gama de direitos.

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O Sul se desenvolve a um ritmo e escala sem precedentes

“Nunca na história as condições de vida e as perspectivas de tantas pessoas mudaram de forma tão dramática e rápida”, disse Khalid Malik, autor principal do estudo sobre o IDH, elaborado pelo Pnud

Por Thalif Deen, da IPS/Envolverde

As 132 nações em desenvolvimento emergem a um ritmo “sem precedentes em sua velocidade e escala”, indica o último Informe sobre Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado ontem. E “nunca na história as condições de vida e as perspectivas de tantas pessoas mudaram de forma tão dramática e rápida”, disse Khalid Malik, autor principal do estudo, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

“Sem dúvida alguma, as três maiores economias do Sul – China, Índia e Brasil –, são as forças motoras deste fenômeno, devido tanto ao seu enorme tamanho como pela velocidade de seu processo geral em desenvolvimento humano”, apontou Malik, diretor do Escritório do IDH, em entrevista à IPS. Até 2020, a produção econômica combinada dessas três nações emergentes ultrapassará as de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália juntos, diz o estudo de 203 páginas. E “grande parte desta expansão é impulsionada por novas associações comerciais e tecnológicas com o próprio Sul”, segundo o IDH.

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Um jesuíta em pele de Francisco

Um mistério cercou o Vaticano após a escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio como o novo líder da Igreja Católica. Ao ser anunciado papa Francisco, teria o sumo pontífice se inspirado em qual são Francisco? O de Assis, de vestes simples, atenção aos pobres e reação aos luxos e ao poder, ou Xavier, um dos co-fundadores da Companhia de Jesus, braço do Estado na colonização do novo mundo a partir da catequese? Bergoglio, um jesuíta, teria homenageado o santo a quem, segundo a história, foi convidado pelo espírito de Cristo a reconstruir a Igreja ou o santo que ajudara a fundar a companhia da qual faz parte?

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Quem são os novos consumidores dez anos depois

Possuir um grande mercado doméstico de consumo é o desejo de qualquer país. Se, por um lado, a ampliação do mercado aumenta o acesso da população a bens de consumo, por outro, torna a produção nacional menos dependente de humores internacionais. É estratégico para um país possuir milhões de consumidores que vão aos mercados domésticos adquirir bens e serviços. Uma economia é menos afetada por crises econômicas internacionais quando tem o seu próprio espaço de vendas e compras.

Em termos econômicos e sociais, uma das mais importantes mudanças estruturais do Brasil nos últimos anos foi a constituição de um enorme mercado de consumo. Vários vetores impulsionaram essa transformação: a valorização do salário mínimo, a ampliação do crédito, a queda das taxas de juros, a ampliação do programa Bolsa-Família, a queda da taxa de desemprego, o aumento do emprego com carteira assinada e a elevação do rendimento dos trabalhadores.

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Quem ganha e quem perde

A capela sistina sempre foi palco de litígios e puxadas de tapete. Nela existe a “câmara das lágrimas”, onde o vencedor troca os panos cor púrpura de cardeal pelos brancos de papa, antes de, na solidão, debulhar-se em lágrimas por causa da grande emoção. Na Sistina, o então jovem Rafael, insuflado pelo seu mestre Bramante, tentou tomar o lugar de Michelangelo. Rafael não se contentava em afrescar os quartos dos papas. Aproveitava-se do atraso de Michelangelo para espalhar que o concorrente nunca afrescara paredes e não dominava as técnicas de aplicar tinta em reboco molhado. Michelangelo venceu o embate.

Depois de 25 horas de votações, venceram os reformistas da Cúria. A disputa estava polarizada entre esses e os antirreformistas liderados pelo camerlengo Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado (chefe da Cúria e uma espécie de primeiro-ministro). O candidato de Bertone era o brasileiro Odilo Pedro Scherer, integrante da comissão de fiscalização do apelidado Banco do Vaticano, eufemisticamente denominado Instituto para as Obras Religiosas (IOR).

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A propósito de Francisco

Quando me ajoelhei aos pés do altar para receber a Primeira Comunhão, meus olhos ficaram embaçados e desmaiei. No dia anterior, de retiro espiritual orientado pelas minhas inesquecíveis freiras marcelinas, ao enfrentar momentos de inequívoca materialidade almoçara risotto com espinafre demoniacamente amanteigado. Não me surpreenderia se o próprio Lúcifer tivesse estacionado na cozinha. Passei uma noite no inferno, entre 16 e 17 de maio de 1942, dia da comunhão.

Atordoado, à beira da inconsciência, degluti a hóstia que me foi imposta goela abaixo por santas razões, pois a oportunidade não poderia ser desperdiçada a bem das expectativas dos familiares presentes, e logo me reencontrei na sacristia diante de um café da manhã monumental. Boa lembrança, além de definitiva.

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A geopolítica das armas

Há ao menos três décadas, o rápido crescimento econômico chinês aponta para a futura retomada de um cenário global com duas potências econômicas e militares: os Estados Unidos e a China. E um sinal da consolidação deste quadro é a ascensão da China como o quinto maior exportador de armas convencionais do mundo, segundo relatório do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), publicado na noite deste domingo 17, ao qual CartaCapital teve acesso com exclusividade no Brasil. Essa é a primeira vez desde o fim da Guerra Fria que o top 5 não é formado apenas por EUA e outros quatro países europeus.

O estudo ainda mostra que o volume das transferências mundiais das principais armas convencionais (aviões de combate, tanques, veículos armados, helicópteros, artilharia, mísseis, entre outros) aumentou 17% entre os períodos de 2003-2007 e 2008-2012. Os EUA seguem como o maior fornecedor global nos últimos cinco anos, com 30% das exportações, seguidos por Rússia (26%), Alemanha (7%), França (6%) e China (5%). É a primeira vez que o Reino Unido não está nesta lista desde 1950.

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