Drones: dossiê sobre uma guerra suja

Como EUA executam, sem julgamento, supostos “inimigos”. Por que civis são alvo. De onde partem ataques. Que precedentes programa abre

Por Cora CurrierProPublica | Tradução Vila Vudu

É possível que você já tenha ouvido falar das “kill lists” – listas de nomes de pessoas a serem assassinadas. Certamente você já ouviu falar dos drones. Mas os detalhes da campanha que os EUA movem contra militantes no Paquistão, no Iêmen e na Somália – peça chave da abordagem que o governo Obama optou por dar à segurança nacional – permanecem envoltos em segredo. Aqui oferecemos um guia do que já sabemos e do que ainda não sabemos.

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Por que a fome volta a rondar o mundo

Aumento da população e fim das políticas de equilíbrio geraram cenário gravíssimo. Um ano de más colheitas poderá produzir crise alimentar

Por Lester R. Brown | Tradução: Bruna Bernacchio

O mundo transita de uma era de abundância de alimentos a uma de escassez. Na última década, as reservas mundiais de grãos reduziram-se em um terço. Os preços internacionais da comida mais que dobraram, desencadeando uma febre pela terra e dando origem a uma nova geopolítica alimentar.

Os alimentos são o novo petróleo. A terra é o novo ouro. Essa nova era caracteriza-se pela carência dos alimentos e propagação da fome.

Do lado da demanda, o aumento demográfico, uma crescente prosperidade e a conversão de alimentos em combustíveis para automóveis, combinam-se para elevar o consumo a um grau sem precedentes.

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Não chore ainda pela Primavera Árabe

Tunis, 6 de fevereiro: multidões tomam as ruas em protestos contra o assassinato de Chokri Belaid, líder político laico e à esquerda

Immanuel Wallerstein analisa os novos cenários no Egito e Tunísia. Sua opinião: é cedo para dizer que revoluções foram derrotadas

Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Gabriela Leite

Na Tunísia, em dezembro de 2010, um único indivíduo acendeu a chama da revolução popular contra um ditador corrupto. A revolta foi prontamente seguida por uma explosão similar no Egito, contra um tirano parecido. O mundo árabe estava atônito e a opinião pública mundial tornou-se imediatamente muito simpática a essas expressões-“modelo” das lutas ao redor do planeta por autonomia, dignidade e um mundo melhor.

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Toni Negri: as duas renúncias do Papa alemão

Ao colocarem uma pedra sobre o Concílio Vaticano II, Wojtyla e Ratzinger confundiram Igreja com Ocidente, e cristianismo com capitalismo

Por Toni Negri | Tradução: Antonio Martins

Há mais de vinte anos, saiu a encíclicia Centesimus Annus, do Papa polonês Wojtyla, por ocasião do centenário da Rerum Novarum. Era o manifesto reformista, fortemente inovador, de uma Igreja que se pretendia, dali em diante, única representante dos pobres, depois da queda do império soviético. Àquele documento, meus companheiros parisienses do Futur Antérieur e eu dedicamos um comentário que era também o reconhecimento de um desafio. Teve por título “A V Internacional de João Paulo II”.

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Sobre o desenvolvimento chinês

Chou en Lai e Richard Nixon, em seu encontro histórico de 1972, em Beijing

Qual a origem das reformas que transformaram país em potência global. Por que relacionam-se a política — não a capitalismo

Por José Luís Fiori*

“Sou leigo no campo da economia. Fiz alguns comentários a respeito do assunto,
mas todos de um ponto de vista político.
Por exemplo, propus uma política de abertura econômica chinesa para o mundo exterior,
mas, quanto aos detalhes ou especificidades de sua implementação,
sei muito pouco de fato.”

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Marxismo e natureza humana

Para argumentar que capitalismo é inevitável, seus defensores associam ser humano a cobiça, rivalidade e ostentação. Marx desmontou tal crença

Por Valério Arcary, editor do Blog Convergência

Se se entende que toda transgressão contra a propriedade, sem entrar
em distinções, é um roubo, não será um roubo toda a propriedade privada?
Acaso minha propriedade privada não exclui a todo terceiro desta propriedade?
Não lesiono com isso, portanto, seu direito de propriedade? [1]

Karl Marx, Os debates na Dieta Renana sobre as leis castigando os roubos de lenha

O argumento que defende a justiça da propriedade privada foi sempre a pedra angular do liberalismo. Se o direito à propriedade privada fosse ameaçado, argumentaram os liberais, a liberdade seria destruída. Se a possibilidade de acumulação ilimitada de capital fosse reduzida, ou o direito de herança condicionado, as restrições à busca do enriquecimento teriam conseqüências catastróficas: o crescimento econômico seria sacrificado, a inovação tecnológica inibida e o espírito de iniciativa amputado. A sociedade estaria condenada ao atraso, à estagnação e até à preguiça.

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