Presidente disse ainda que as novas políticas sobre o tema devem considerar também a demanda norte-americana por drogas
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado (14/04) durante seu discurso na 6ª Cúpula das Américas, em Cartagena, na Colômbia, que é favorável ao debate de novas alternativas para a atual política antidrogas na América Latina. Obama, no entanto, rechaçou a hipótese de legalizar os entorpecentes na região.

Obama participou de uma conversa com Dilma Roussef e Juan Manuel Santos
“Pessoalmente, minha posição e a de meu governo é de que a legalização não é a resposta. Contudo, acho que é preciso considerar as evidências e fazer um debate [sobre o tema]”, afirmou o presidente dos EUA durante conversa com a colega brasileira, Dilma Rousseff, e Juan Manuel Santos, da Colômbia.
Obama disse ainda que as novas políticas sobre o tema devem considerar também a demanda norte-americana por drogas e o fluxo de dinheiro e armamentos em direção ao Sul do continente. Os EUA são um dos principais consumidores de entorpecentes das Américas.
Diplomatas de outros países que participam da Cúpula já haviam demonstrado expectativa em relação a um debate sobre o tema no encontro de líderes da região. Por conta do fracasso nas políticas que visavam coibir o tráfico de drogas em países das Américas, legalizar as drogas passou a ser uma alternativa viável para alguns líderes.
Em novembro de 2011, por exemplo, o próprio presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que “falaria sobre a legalização da maconha se o mundo pensa que essa é a atitude mais correta” e que “consideraria legalizar a cocaína se existir um consenso”.
A declaração de Santos chamou a atenção dos vizinhos latino-americanos já que, historicamente, a Colômbia tem se mostrado um importante parceiro dos EUA, acusados de interferir diretamente no combate ao comércio de drogas em países da região.
Dias depois, foi a vez de sete países da região anunciarem o interesse na discussão de novas medidas para frear o comércio de drogas. De forma semelhante, todos pediam por regulações alternativas e mais eficientes quanto ao tema.
Em recente entrevista a Opera Mundi, o ex-secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Pedro Abramovay, já havia considerado a Cúpula como um “momento único, com o cenário mais favorável jamais visto” para encerrar definitivamente a Guerra às Drogas.
“Pela primeira vez, metade da população norte-americana revela-se favorável à legalização da maconha”, afirmou Abramovay. Segundo ele, o posicionamento brasileiro na discussão sobre a legalização das drogas, no entanto, continua sendo “um grande mistério”.